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Nasceu em Viena, em 1922. Filho único numa família judia, proveniente de Tchernowitz (fronteira da Áustria-Hungria com a Rússia até 1919), seu pai era membro destacado da Social-Democracia austríaca e sua mãe, nascida na Rússia, conhecia de perto o Partido Bolchevique, dada a circunstância de ter um irmão militante nas fileiras do partido russo. Em 1934, Erico acompanha a sua mãe, Sina Ida Czaczkes, numa viagem que representaria a sua primeira emigração: mudam-se para a Rússia... Instalados em Moscou, Erico passa a freqüentar a Escola Karl Liebknecht, onde permaneceria até 1938 [1937 - nota MIA]. Os quatro anos em Moscou marcaram decisivamente a sua formação intelectual. A escola era freqüentada principalmente por filhos de refugiados alemães, embora também abrigasse jovens de outras nacionalidades. Foi nesse período que Erico estudou pela primeira vez o marxismo, ao tempo em que obtinha informações da oposição a Stalin. Seus contatos com os militantes da Oposição valeram-lhe a expulsão da Rússia, em 1937.
De volta para a Áustria, Erico e sua mãe lá não permanecem mais que alguns meses: O clima de perseguições aos judeus tornava impraticável a sua permanência na Áustria. Para Erico, com apenas dezesseis anos, já era a terceira vez em que se via obrigado a abandonar um país. Foge da Áustria a pé, alcançando a Bélgica através de território alemão e daí chega até a França. Em Paris, procura Thalheimer e Brandler, os líderes da Oposição Alemã. Torna-se o mais jovem militante da KPO (Oposição Comunista Alemã) no exílio. Morando com Thalheimer, além das discussões sistemáticas que mantem com o principal líder da Oposição Alemã, encontra-se com outras figuras destacadas do comunismo, como Víctor Serge, e com militantes do POUM.
Em 1939, Erico e sua mãe decidem emigrar para o Brasil. Em seus primeiros passos no ambiente brasileiro, aos poucos foi conhecendo a realidade do nosso movimento operário. Trabalhando como gráfico, participou da organização dos gráficos paulistas. Posteriormente – a partir do final da década de quarenta – foi jornalista, e seus artigos publicados no Correio da Manhã dão uma rica visão panorâmica do mundo no pós-guerra. Progressivamente, sua influência intelectual foi se firmando junto a segmentos da esquerda brasileira.
Erico trouxe para o Brasil a tradição aberta por Rosa Luxemburgo e outros de que cada nova revolução é uma fonte de novas experiências, mas não cabe acatar o stalinismo, o trotsquismo (nem o maoismo ou o castrismo) como métodos ou sistemas.
Durante a década de cinqüenta, exerceu, no Brasil, grande influência na preparação ideológica de uma corrente de pensamento, trabalho que culminou, em 1960, na convocatória para o 1º Congresso da Organização Revolucionária Marxista, Política Operária.
Em 1969, Erico foi preso pelo DOPS carioca. Conseguindo fugir da prisão, refugia-se na Embaixada da Áustria [embaixada do México - nota MIA] e, em 1970, pela quarta vez em sua vida, tem que abandonar um país. Mas desta vez trata-se do país que, voluntariamente, escolheu como seu. Na sua volta ao Brasil, em 1980, integra-se no Partido dos Trabalhadores, no Rio de Janeiro. Durante a ditadura um dos pseudônimos utilizado por ele foi o de Ernesto Martins.
Erico morreu no Rio de Janeiro, em 9 de maio de 1986. Seus últimos anos foram vividos em condições materiais extremamente precárias, virtualmente relegado ao isolamento e à miséria. Velho comunista, mais de uma vez lembrara da célebre colocação de Rosa Luxemburgo sobre o “isolamento revolucionário”. Para ele, a consciência do próprio isolamento era também a certeza do caráter circunstancial dessa situação, sobre a qual se projetava a convicção da vitória final que caberá à sua causa, à sua ideologia e à classe à qual aderiu. A história do comunismo está repleta de exemplos como esse.
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