(1842-1904): Publicista e critico russo. Ao lado de P. L. Lávrov, foi dos principais teóricos do chamado partido dos narodniki no movimento oposicionista da Rússia. Utopista pequeno-burguês. Exerceu sua principal atividade literária entre 1870 e 1900, influindo grandemente sobre a “inteligencia” russa, à qual deu a teoria do “processo histórico”. Autor de diversas proclamações do Narodnaia Vólia (Partido da Libertação do Povo), revolucionário e terrorista por volta de 1880. Redigiu a carta aberta do comitê executivo desse partido ao tzar Alexandre III, exigindo anistia, a outorga de liberdades politicas burguesas e a convocação de uma Constituinte. Foi colaborador permanente, sob o pseudônimo de “Postoronii”, da revista Otietchestvennuie Zapiskt, (Os Anais da Pátria), publicada pelo poeta popular russo Nekrassov, e, mais tarde, redator-chefe do periódico mensal Rússkoie Bogatstvo, (A Riqueza Russa), que desenvolveu apaixonada campanha contra o marxismo. Mikhailovski é considerado um dos fundadores do partido dos “socialistas-revolucionários” e fez parte de sua ala direita. Sua filosofia e sua sociologia apresentam todas as cores de um ecletismo pequeno-burguês, onde se encontram, principalmente, elementos do positivismo de Comte e do evolucionismo de Spencer, mergulhados em subjetivismo (“método subjetivo em sociologia”): Desenvolveu, em particular, uma “sociologia subjetiva”, com uma “teoria do progresso histórico” considerando os “indivíduos de espírito critico” como fatores que ativam o desenvolvimento social. Seu ideal é a abstração de um “individuo desenvolvido harmoniosa e universalmente”. Segundo ele, “a personalidade dos heróis organiza essa multidão, introduz nela uma união provisoria, arrastando-a à luta”. A teoria de Mirrailovskí sobre os “heróis” e a “multidão” constitui o fundamento da tática populista do terrorismo. Contra essa tática dos populistas e suas teorias reacionário-idealistas, Lénin e Plerrânov sustentaram uma luta implacável. Acusou os marxistas de não compreenderem o caráter particular da realidade russa e dos fatores decisivos para o movimento revolucionário na Rússia. Sustentou a teoria de que a Rússia, em virtude da existência, nos campos, de uma “comunidade’' primitiva, chamada Obchtchína ou Mir, podia passar do patriarcalismo ao socialismo, sem atravessar uma etapa de evolução capitalista. Sua teoria reacionária e negadora do papel decisivo da luta de classe revolucionária do proletariado foi logo vigorosamente combatida pela critica marxista, através de seus mais eminentes pensadores. Lénin e Plerrânov desmascararam impiedosamente seu caráter pequeno-burguês e retrogrado em filosofia e sociologia. Consultar: Lénin, Quais são os amigos do povo e como combatem eles os social-democratas?, 1894, e N. Beltov (pseudônimo de G. Plerrânov), Contribuição à evolução da concepção monista da história, 1894, obra prima que se tornou o vade-mécum filosófico de toda uma geração de marxistas russos. Principais obras de Mikhailovski: Que é o progresso?, 1869; Os heróis e a multidão, 1882; Obras Completas, 10 vols., São Petersburgo, 1909. Seus artigos contra o marxismo foram publicados sob o titulo de Recordações literárias e a confusão atual, 1909.