(15 a 20 de Abril 1906): Em meio a um crescente ativismo, que acompanhou o crescimento do movimento operário, caracterizado pelo número de lutas e pela articulação progressiva dos trabalhadores, culminando em 1906 com diversas greves pela redução da jornada de trabalho (então de 15 hs diárias) para 8 hs, REALIZOU-SE o 1o. Congresso Operário Brasileiro no Rio de Janeiro. Dele participaram cerca de 50 delegados de 30 organizações operárias. Os principais temas discutidos foram: relação entre partido e sindicato; organização de comícios para o 1º de Maio; se o assistencialismo é função do sindicato; a necessidade de uma Confederação Brasileira para encaminhar em todo país as principais lutas operárias: aumento de salários, jornada de 8 hs, direito de organização e reunião; Tipo de organização sindical necessária. Os delegados dos vários estados ai reunidos aprovaram as bases para a constituição da COB - Confederação Operária Brasileira nos moldes do sindicalismo revolucionário, do anarco-sindicalismo europeu. As idéias libertárias predominaram e as principais teses aprovadas podem ser resumidas: 1) A organização operária deve ser federativa e não centralizada; 2) O sindicato deve ter um caráter de pedagogia e luta, recusando o assistencialismo; 3) A ação direta da classe trabalhadora é fundamental, portanto o sindicato deveria ser apartidário e anti-parlamentar; 4) O sindicato deve manter uma luta constante contra o reformismo dos agentes do governo e da igreja. Esse Congresso recusou explicitamente, a vinculação do sindicalismo a partidos políticos, sendo aprovada a ação direta como forma de atuação dos trabalhadores. Os delegados manifestaram-se também contra a existência de funcionários remunerados no movimento sindical, só admitindo - em situações excepcionais que trabalhadores assumissem funções remuneradas específicas e por tempo determinado, em seus sindicatos. Em conseqüência do I Congresso e da fundação da COB o ano de 1907 e 1908 assistiu uma série de greves de categorias que iam conquistando a jornada de 8 hs, a realização de manifestações anti-militaristas e contra a execução de Francisco Ferrer na Espanha. A relação da COB com o governo era de guerra total, o governo não reconhecia o direito dos trabalhadores se organizarem! Mesmo com todas as perseguições a COB foi importante para articular as lutas, especialmente através de seu jornal A VOZ DO TRABALHADOR. A forma de organização da COB era a menos burocrática possível, visando se manter sempre sobre a gestão direta dos trabalhadores organizados. O jornal da COB, 'Voz do Trabalhador', para o 1° de Maio, inova na sua apresentação. Na capa uma ilustração que traduz o ideal da Central: um operário de marreta na mão sobre as caveiras do ?capitalismo, clero, burguesia, militarismo?. Não conseguindo pela repressão impedir o crescimento da COB, o governo tenta quebrar a espinha dorsal do movimento sindical de outras formas: em 1912, o governo consegue o apoio de setores pelegos do movimento sindical, dispostos a converter-se em burocracia sindical. Então, com grande estardalhaço, realiza em 1912 no Rio de Janeiro, em pleno prédio do Ministério Público, uma farsa a qual dão o nome de Congresso Operário. Na verdade era uma iniciativa oficial do marechal Hermes da Fonseca, tentando criar bases para o seu partido político junto classe trabalhadora. O encontro foi dirigido pelo filho do presidente e deputado Mario Hermes e nele é fundada uma CBT(Central Brasileira do Trabalho), que terá uma vida curta e artificial, mas lança as bases para o sindicalismo pelego e atrelado ao Estado que perdura até os nossos dias, desorganizando a classe trabalhadora. A COB realiza o 2º Congresso Operário em 1913, impulsionando as lutas contra a guerra, a carestia da vida, o arrocho salarial e o desemprego. A Confederação Operária Brasileira (COB) lança em 1915 o 'Manifesto aos Proletários do Mundo'. Convoca a todos contra a Guerra Mundial e promove o Congresso Internacional da Paz. Apóia ativamente as grandes GREVES GERAIS em São Paulo, 1917, e brasileira, 1919 ? que firmaram a conquista da redução da jornada para 8 hs para toda a classe trabalhadora do país, bem como diversos outros direitos ? que hoje o governo quer tirar com sua reforma sindical e trabalhista. A COB resiste heroicamente as ditaduras e campos de concentração da década de 20 e ressurge na década de 30, reativada a partir do Congresso da FOSP/COB. Termina sendo desarticulada pela ditadura do Estado Novo (1935-37 a 45) e, supostamente enterrada, pela aliança do Partido Comunista com o PTB getulista, que já tinha criado os sindicatos oficiais atrelados ao Estado, nos moldes da Carta del Lavoro fascista de Mussolini. Em 2.006, nos 100 anos do 1º Congresso Operário Brasileiro e da fundação da COB, o Movimento Pela Reativação da COB-AIT está completando 20 anos ? a partir da ruptura de setores do movimento dos trabalhadores com a CUT, em 1986, pouco após a sua fundação, em 1983, denunciando sua submissão ao Estado e aos partidos políticos, especialmente ao PT que usou o movimento sindical como correia-de-transmissão e trampolim para atingir o poder político.
DELEGADOS: Contou com a presença de 43 delegados que representavam 28 associações de diversas partes do país, mas principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo. As organizações representadas e seus delegados foram os seguintes: União dos Operários das Pedreiras, Antônio da Silva Barão e Marcelino da Costa Ramos; Centro Artístico Cearense, Antônio Pinto Machado e Benjamin Prins; União dos Trabalhadores Gráficos de São Paulo, Eduardo Vassimon e Augusto dos Santos Altro; Centro Protetor dos Operários de Pernambuco, José Hermes de Olinda Costa; Associação dos Trabalhadores em Carvão e Mineral, Belisário Pereira de Sousa e Firmino Rodrigues Alonso; Centro dos Operários Marmoristas, José de Sousa Azevedo e João Arzua dos Santos; União dos Operários Estivadores, Manuel dos Santos Valença e Manuel Inácio de Araújo; União Operária do Engenho de Dentro, Benjamin Moisés Prins e José Roberto Vieira de Melo; Centro dos Empregados em Ferrovias, Domingos Gomes Sobrinho e Francisco Camilo Soares; União dos Chapeleiros, José Arnaldo de Carvalho e Antônio Pires G. Sola; União dos Corrieiros e Artes Correlativas, Félix Alesandre Pinho e Auto Navarro Negreiros; Liga Operária Italiana, Pietro Bernarducci e Silvio Pazzagia; Federação Operária de São Paulo, representando seis sindicatos, Fernanco Frejeiro, Manuel Domingues de Almeida, Giulio Sorelli, Edgard Leuenroth, Ulysses Martins, Caralampio Trillas, Carlos Dias, Manuel Moscoso, Fernando Bondad e José Sarmento; Liga dos Artistas Alfaiates, Cândido Costa e Alfredo Vasques; União dos Carpinteiros e Artes Correlativas, João Benvenuto e Manuel dos Passos do Nascimento Bahia; União dos Manipuladores de Tabaco, Melchior Pereira Cardoso e Mariano Garcia; Associação dos Trabalhadores em Trapiche e Café, Francisco Guilherme Chaves e Anselmo Rosa; Centro dos Operários do Jardim Botânico, Albino Moreira e Antônio Domingues; União Operária de Ribeirão Preto, Manuel Ferreira Moreira e Arnaldo José Carvalho; Liga Operária de Campinas, Alfredo Vasques e Antônio Augusto do Amaral Chaves; Liga das Artes Gráficas, Luigi Magrassi e Mota Assunção; União dos Artistas Sapateiros, Célio de Brito e Vitorino Pereira; Centro Operário de Campos, Damazio Gomes da Silva.