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Primeira Edição: Leon Trotsky, In Defense of Marxism, New York 1942.
Fonte: "Em Defesa do Marxismo", publicação da Editora "Proposta Editorial"
Direitos de Reprodução: © Editora Proposta Editorial. Agradeçemos a Valfrido Lima pela autorização concedida.
“Nós” previmos a aliança com Hitler — escrevem Shachtman e Burnham — mas... e a tomada da Polônia Oriental? E a invasão da Finlândia? Não, “nós” não previmos tais acontecimentos. Estes acontecimentos improváveis e totalmente imprevisíveis exigem, segundo eles, uma completa revisão de nossa política. Estes políticos atuavam, pelo visto, com a impressão de que Stalin procurava a aliança com Hitler para decorar ovos de Páscoa. “Previram” (quando? Onde?), mas não por que e pra que.
Reconhecem ao Estado operário o direito de manobrar entre os bandos imperialistas e realizar acordos um contra o outro. Estes acordos teriam como finalidade, evidentemente, a defesa do Estado operário, a aquisição de vantagens econômicas, estratégicas etc., e se as circunstâncias o permitirem, a extensão de suas bases. O Estado operário degenerado tenta realizar estes objetivos com seus próprios métodos burocráticos, que a cada passo entram em conflito com os interesses do proletariado mundial. Mas realmente, que há de inesperado e imprevisto na tentativa do Kremlin de obter as maiores vantagens possíveis de sua aliança com Hitler?
Se nossos míopes políticos não foram capazes de prever “isto” é só porque não pensam uma só questão seriamente e até o fim. Durante as prolongadas negociações com a delegação anglo-francesa no verão de 1939, o Kremlin exigiu abertamente o controle dos Estados bálticos. Como a Inglaterra e a França não aceitaram este controle. Stalin rompeu negociações. Isto indicava claramente que um acordo com Hitler asseguraria a Stalin, pelo menos, o controle do Estado Bálticos. As pessoas politicamente maduras de todo o mundo consideravam a questão precisamente sob este ângulo: como Stalin alcançará este objetivo? Recorrerá à força militar? etc. O curso dos acontecimentos dependia, no entanto, em grau considerável, mais de Hitler do que de Stalin. Em geral, os acontecimentos concretos não se podem prever. Mas a direção em que os acontecimentos se desenvolvem não contém nada de especialmente novo.
Devido â degeneração do Estado operário, a União Soviética chegou â beira da segunda guerra imperialista mais débil que o necessário. O acordo de Stalin com Hitler tinha como objetivo assegurar a URSS contra um assalto alemão e, em geral, assegurar que a URSS não seria arrastada para um conflito maior. Para apoderar-se da Polônia, Hitler tinha que se proteger do Leste. Stalin viu-se obrigado, com autorização de Hitler, a invadir a Polônia Oriental a fim de obter algumas garantias suplementares contra Hitler sobre a fronteira ocidental da URSS. Como resultado destes acontecimentos, no entanto, a URSS ganhou uma fronteira comum com a Alemanha e por isso mesmo o perigo de uma Alemanha triunfante tornou-se muito mais direto, aumentando consideravelmente a dependência de Stalin em relação a Hitler.
O episódio da repartição da Polônia teve seu desenvolvimento e seqüela na arena escandinava. Hitler não poderia deixar de informar o seu "amigo" Stalin que planejava apoderar-se dos paises escandinavos. Stalin não poderia evitar um frio estremecimento. Isto significava a completa dominação do Báltico, da Finlândia, e uma direta ameaça a Leningrado. Uma vez mais, Stalin procurou garantias suplementares contra seu aliado; desta vez na Finlândia. No entanto, encontrou ali séria resistência. A "execução militar" fracassou. Entretanto, a Escandinávia ameaçava converter-se na arena de uma guerra geral. Hitler, que tinha completado os preparativos para o seu golpe contra a Dinamarca e a Noruega, exigiu que Stalin celebrasse uma rápida paz. Stalin teve que adiar seus planos e renunciar à sovietização da Finlândia. Estes são os aspectos salientes dos acontecimentos na Europa norte-oriental.
Nas condições da guerra mundial, tratar a questão do destino dos pequenos Estados, do ponto de vista da "independência nacional", "neutralidade", etc., é permanecer no terreno da mitologia imperialista. A luta é pelo domínio mundial. A questão da existência da URSS será resolvida nela. Este problema, que atualmente está em segundo plano, passará em determinado momento para o primeiro. No que diz respeito aos Estados pequenos e de segunda categoria não são senão peões nas mãos das grandes potências. A única liberdade lhes resta, e ainda em extensão limitada, é a liberdade de escolher os amos.
Dois governos lutaram em certo momento na Noruega: o governo dos nazis noruegueses, apoiado pelas tropas alemãs no sul, e o antigo social-democrata, com seu rei no norte. Os operários noruegueses deviam ter apoiado o campo "democrático" contra o fascista? Seguindo a analogia da Espanha, poderia parecer que à primeira vista a resposta deveria ser afirmativa. Na realidade, teria sido o maior dos enganos. Na Espanha existia uma guerra civil isolada; a intervenção das potências imperialistas estrangeiras, se bem que importante, tinha um caráter secundário. Na Noruega trata-se de um conflito direto e imediato entre dois campos imperialistas, em cujas mãos os governos noruegueses em luta são meros instrumentos auxiliares. Na arena mundial, não apoiamos nem o campo dos aliados, nem o da Alemanha. Em conseqüência não temos a menor razão ou justificativa para apoiar qualquer de seus temporários instrumentos dentro da Noruega.
O mesmo tratamento deve ser aplicado à Finlândia. Do ponto de vista da estratégia do proletariado mundial, a resistência finlandesa não é um ato de defesa da independência nacional maior do que a resistência da Noruega. O próprio governo finlandês o demonstrou quando preferiu cessar toda resistência antes que a Finlândia se transformasse completamente em uma base militar da Inglaterra, França e Estados Unidos. Fatores secundários como a independência nacional da Finlândia ou da Noruega, a defesa da democracia etc., por importantes que sejam, estão atualmente implicados na luta de forças mundiais, infinitamente mais poderosas e completamente subordinadas a elas. Devemos deixar de lado os fatores secundários e determinar nossa política em concordância com os fatores básicos.
Há, seis anos, as teses programáticas da Quarta Internacional sobre a guerra deram a esta questão uma resposta exaustiva. As teses estabelecem: "A idéia da defesa nacional, especialmente se coincide com a idéia de defesa da democracia, pode ser facilmente utilizada para enganar os operários dos países pequenos e neutros (Suíça, Bélgica em particular, os paises escandinavos...)" E mais adiante: só um pequeno-burguês obtuso (como Robert Grimm) metido num buraco de província suíço, pode imaginar que uma guerra mundial na qual se veria envolvido, seria um meio de defender a independência da Suíça". Outros pequeno-burgueses, igualmente estúpidos, imaginam que a guerra mundial é um meio de defender a Finlândia, que é possível determinar a estratégia proletária sobre a base de um episódio tático como a invasão da Finlândia pelo Exército Vermelho.
Assim como durante uma greve dirigida contra o grande capital, os operários atentam contra os altos interesses do pequeno-burguês, assim também, numa luta contra o imperialismo ou ao procurar garantias militares contra o imperialismo, o Estado operário — ainda completamente são e revolucionário — pode se ver obrigado a violar a independência deste ou daquele pequeno Estado. Derramar lágrimas sobre a rudeza da luta de classes no plano interno ou internacional pode ser próprio dos filisteus democráticos mas não de revolucionários proletários.
Em 1921 a República Soviética sovietizou à força a Geórgia, que constituía um caminho aberto para o assalto imperialista no Cáucaso. Do ponto de vista dos princípios da autodeterminação nacional, muito poderia ser objetado a tal sovietização. Do ponto de vista de estender a arena da revolução socialista, a intervenção militar em um país camponês era um ato mais do que duvidoso. Do ponto de vista da autodefesa do Estado operário rodeado de inimigos, a sovietização forçada estava justificada: a salvaguarda da revolução socialista impunha-se aos princípios democráticos formais.
O imperialismo utilizou, durante muito tempo, o tema da violação na Geórgia como a palavra-de-ordem de mobilização da opinião pública mundial contra os Soviets. A Segunda Internacional tomou a direção desta campanha. A Entente orientava-se para a preparação de uma possível e nova intervenção militar contra os Soviets.
Exatamente da mesma maneira que no caso da Geórgia, a burguesia mundial utilizou a invasão da Finlândia para mobilizar a opinião pública mundial contra a URSS. Também neste caso a social-democracia se constituiu na vanguarda do imperialismo democrático. O infeliz "terceiro campo" dos assustados pequeno-burgueses trotou a reboque dela.
Apesar da notável semelhança entre estes dois exemplos de intervenção militar existe, no entanto, uma profunda diferença: a URSS atual está longe de ser a República Soviética de 1921. As teses de 1934 da Quarta Internacional sobre a guerra declaram: "O monstruoso desenvolvimento do burocratismo soviético e as penosas condições de vida dos trabalhadores diminuíram extraordinariamente a força de atração da URSS na classe operária mundial". A guerra finlandesa-soviética revelou clara e completamente que na distância de um tiro de canhão de Leningrado, berço da revolução de Outubro, a URSS é incapaz de exercer uma força atrativa. Disto não se pode concluir, no entanto, que a URSS deva ser entregue aos imperialistas, mas sim que a URSS deve ser arrancada das mãos da burocracia.
"Mas onde está a prometida guerra civil na Finlândia?", perguntam os lideres da ex-oposição, transformados agora nos lideres do "terceiro campo". Eu não prometi nada. Só analisei uma das possíveis variantes do ulterior desenvolvimento do conflito finlandês-soviético. A obtenção de bases isoladas na Finlândia era tão provável como a ocupação completa do país. A obtenção de bases pressupunha manter o regime burguês em todo o resto do país. A ocupação pressupunha uma mudança social que teria sido impossível sem arrastar os operários e os camponeses pobres para a guerra civil. As negociações diplomáticas iniciais entre Moscou e Helsinque indicavam uma tentativa de solucionar a questão na forma em que foi feita nos países bálticos. A resistência da Finlândia obrigou o Kremlin a conseguir os seus objetivos através de medidas militares. Stalin só podia justificar a guerra perante as amplas massas através da sovietização da Finlândia. A constituição do governo Kuusinen indicava que o destino que aguardava a Finlândia não era o dos Estados bálticos, mas sim o da Polônia, onde Stalin — apesar do que escrevem os colunistas aficcionados do "terceiro campo" — viu-se obrigado a provocar a guerra civil e a modificar as relações sociais.
Assinalei várias vezes que se a guerra na Finlândia não se enquadrasse em uma guerra geral e se Stalin não se visse obrigado a retroceder perante uma ameaça do exterior, se veria obrigado a levar adiante a sovietização da Finlândia. Esta tarefa era, em si mesma, muito mais difícil do que a sovietização da Polônia oriental. Mais difícil do ponto de vista militar porque a Finlândia possui uma antiga tradição de luta contra a Rússia pela independência nacional, enquanto que os ucranianos e russos brancos estavam lutando contra a Polônia. Mais difícil do ponto de vista social porque a burguesia finlandesa tinha solucionado, à sua maneira, o problema agrário pré-capitalista, através da criação de uma pequena-burguesia agrícola. No entanto, a vitória militar de Stalin sobre a Finlândia, indiscutivelmente, teria mudado as relações de propriedade com maior ou menor apoio dos operários e pequenos camponeses finlandeses.
Por que Stalin não realizou este plano? Porque foi desencadeada uma gigantesca campanha da opinião pública burguesa contra a URSS. Por que a Inglaterra e a França colocaram seriamente a questão da intervenção militar. Finalmente — e não de menos importância — porque Hitler não podia continuar esperando. A aparição de tropas inglesas e francesas na Finlândia teria constituído uma ameaça direta aos planos escandinavos de Hitler, que se baseavam na conspiração e na surpresa. Apanhado em uma armadilha de duplo perigo — de um lado os Aliados e do outro Hitler—Stalin renunciou a sovietizar a Finlândia, limitando-se à tomada de posições estratégicas isoladas.
Os partidários do "terceiro campo" (o campo dos pequeno-burgueses assustados) unem agora as peças na seguinte construção: Trotsky deduziu a guerra civil na Finlândia a partir da natureza de classe da URSS; dado que a guerra civil não se produziu, significa que a URSS não é um Estado operário. Na realidade não era necessário "deduzir" logicamente uma possível guerra civil na Finlândia a partir da definição sociológica da URSS: bastava basear-se na experiência da Polônia oriental. A modificação de relações sociais que aí se produziu só poderia ser realizada pelo Estado surgido da Revolução de Outubro. Esta mudança foi imposta à oligarquia do Kremlin devido à sua luta pela autopreservação sob condições especiais. Não havia a menor razão para duvidar que sob condições análogas ela se veria obrigada a repetir a mesma operação na Finlândia. Foi só isso que eu assinalei. Mas as condições mudaram durante o decorrer da luta. A guerra, como a revolução, tem freqüentemente viragens bruscas. Com o fim das operações militares por parte do Exército Vermelho, não' poderia se falar, naturalmente, de uma guerra civil na Finlândia.
Todo prognóstico histórico é sempre condicional, e quanto mais concreto for o prognóstico, mais condicional será. Um prognóstico não é uma letra de câmbio que possa cobrar-se em prazo fixo. O prognóstico só esboça as tendências definidas do desenvolvimento. Mas, junto com estas tendências, atuam uma ordem distinta de forças e tendências que começaram em determinado momento a ser predominantes. Aqueles que quiserem profecias exatas dos acontecimentos concretos devem consultar os astrólogos. O prognóstico marxista só dá uma orientação. Fiz várias vezes reservas sobre a condicionalidade do meu prognóstico como sendo uma das variantes possíveis. Aferrar-se agora, como a uma tábua de salvação, a um fato histórico de décima categoria, o fato de que o destino da Finlândia esteve temporariamente determinado de acordo com o modelo da Estônia, Letônia e Lituânia, em vez do modelo da' Polônia oriental, só pode acontecer com escolásticos estéreis ou... com líderes do "terceiro campo".
É claro que o assalto de Stalin à Finlândia não era unicamente um ato de defesa da União Soviética. A política da União Soviética é dirigida pela burocracia bonapartista. A esta burocracia interessa principal e fundamentalmente o seu poder, seu prestígio, suas vantagens. Defende a si própria muito melhor do que defende a URSS. Defende-se â custa da URSS e do proletariado mundial. Isto revelou-se com absoluta clareza através de todo o desenvolvimento do conflito soviético -finlandês. Não podemos, portanto, assumir nem sequer a sombra de uma responsabilidade, direta ou indireta, pela invasão da Finlândia, que é só um elo isolado da cadeia da política da burocracia bonapartista.
Uma coisa é solidarizar-se com Stalin, defender sua política, assumir responsabilidade por ela (como faz a triplamente infame Internacional Comunista) e outra é explicar à classe trabalhadora mundial que apesar dos crimes de Stalin não podemos permitir que o imperialismo mundial esmague a União Soviética, restabeleça o capitalismo e converta a terra da Revolução de Outubro em uma colônia. É esta aplicação que proporciona bases para a nossa defesa da União Soviética.
A tentativa dos derrotistas conjunturais, quer dizer, dos aventureiros do derrotismo, de se livrarem de suas dificuldades com a promessa de que, no caso dos aliados intervirem, trocarão sua política derrotista por uma política defensiva, constitui uma evasiva desprezível. Em geral, não é fácil determinar a política com um cronômetro, especialmente em tempos de guerra. Nos críticos dias da guerra soviético-finlandesa (como se soube agora) todos os Estados Maiores aliados chegaram â conclusão de que só poderia ser prestada uma rápida e eficaz ajuda â Finlândia, mediante a destruição da ferrovia de Murmansk, com um bombardeio aéreo. Do ponto de vista da estratégia, isto era completamente correto. A questão da intervenção ou não intervenção das forças aéreas aliadas estava por um fio de cabelo. E neste mesmo fio balançava-se também a posição de princípios do "terceiro campo". Logo, desde o começo, consideramos que era necessário determinar nossa posição de acordo com os campos de classe básicos na guerra. Era bem mais seguro.
A política do derrotismo não é um castigo a um dado governo por este ou aquele crime que tenha cometido, mas sim uma resultante das relações da classe. A linha marxista de conduta na guerra está determinada, não por considerações sentimentais ou de moral abstrata, mas sim pela apreciação social de um regime nas suas relações recíprocas com outros regimes. Apoiamos a Abissínia, não porque Negus fosse política ou "moralmente" superior a Mussolini, mas sim porque a defesa de um país atrasado, contra a opressão colonial assenta um golpe no imperialismo, que é o principal inimigo da classe trabalhadora. Defendemos a URSS independentemente do Negus de Moscou por duas razões fundamentais. Primeiro: a derrota da URSS proporcionaria ao imperialismo novos e colossais recursos e prolongaria por muitos anos a agonia mortal da sociedade capitalista. Segundo: as bases sociais da URSS, liberadas da burocracia parasitária, podem ter um progresso econômico e cultural ilimitado, enquanto que as bases capitalistas não oferecem outra possibilidade que não seja a de uma maior decadência.
O que desmascara por completo os ruidosos críticos é que continuaram considerando a URSS como Estado operário na época em que Stalin estava destruindo o partido bolchevique; quando estava traindo a revolução mundial em nome das "frentes populares" e da "segurança coletiva". Em todas estas situações reconheceram a necessidade de defender a URSS como Estado operário. Mas logo que o mesmo Stalin invade a "democrática" Finlândia, logo que a opinião pública burguesa das democracias imperialistas — que justificaram e aprovaram todos os crimes de Stalin contra comunistas, operários e camponeses — lança o grito aos céus, os nossos inovadores declaram: "Sim, isto é intolerável!" E seguindo Roosevelt, declararam um embargo moral contra a União Soviética.
O raciocínio do educado e sábio doutor Burnham de que, ao defender a URSS defendemos por isso Hitler, é um claro exemplo da cegueira pequeno-burguesa que procura apertar a realidade contraditória dentro do marco do silogismo perfeito. Ao defender a República Soviética depois da paz de Brest-Litovski, os operários apoiaram os Hohenzollern? Sim ou não? As teses programáticas da Quarta Internacional sobre a guerra, que tratam detalhadamente desta questão, estabelecem categoricamente que os acordos entre o Estado soviético e este ou aquele Estado imperialista não impõem nenhuma restrição ao partido revolucionário de tais Estados. Os interesses da revolução mundial estão acima de uma combinação diplomática isolada, por justificada que esta última seja em si mesma. Ao defender a URSS, lutamos mais seriamente contra Stalin e Hitler que Burnham e Cia.
É evidente que Burnham e Shachtman não estão sós. Léon Jouhaux, o notório agente do imperialismo francês, também clama indignado pelo fato de que "os trotskistas defendem a URSS". Quem poderia se indignar melhor do que ele? Mas a nossa atitude em relação à URSS é a mesma que temos em relação à CGT (Confederação Geral do Trabalho): defendemo-la contra a burguesia apesar do fato de que a Confederação está dirigida por canalhas como Léon Jouhaux que enganam e traem os operários a cada passo. Os mencheviques russos também gritam: "A Quarta Internacional está num beco sem salda'" porque a Quarta Internacional continua reconhecendo a URSS como Estado operário. Estes mesmos cavalheiros são membros da Segunda Internacional, dirigida por traidores como o típico prefeito burguês Huysmans e Léon Blum, que traiu uma situação revolucionária extremamente favorável em Junho de 1936, permitindo com isso o desencadeamento da atual guerra. Os mencheviques reconhecem como partidos operários os partidos da Segunda Internacional, mas recusam-se a reconhecer a União Soviética como Estado operário porque é dirigida por burocratas traidores. Esta falsidade está cheia de cinismo e descaramento. Stalin, Molotov e o resto, como camada social não são melhores nem piores que os Blum, Jouhaux, Citrine, Thomas, etc. A diferença entre eles está somente em que Stalin e Cia. exploram e mutilam as bases econômicas vitais do desenvolvimento socialista, enquanto que os Blum se aferram à bases totalmente podres da sociedade capitalista.
O Estado operário deve tomado tal como saiu do implacável laboratório da história, não como imagina um 'professor "socialista", refletindo, enquanto limpa o nariz com o dedo. O dever dos revolucionários é defender toda conquista da classe trabalhadora, ainda que tenha sido desfigurada pela pressão de forças hostis. Aqueles que são incapazes de defender as posições tomadas, nunca conquistarão outras novas.
Inclusão | 14/08/2009 |