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Os erros da direcção da Internacional Comunista e, por isso mesmo, do Partido comunista alemão pertencem, para retomar a terminologia bem conhecida de Lénine, à ''serie de asneiras ultra-esquerdas''. Mesmo as pessoas inteligentes podem cometer asneiras, sobretudo na sua juventude. Mas, como aconselhava já Heine, não se pode abusar. Quando as asneiras políticas dum certo tipo são cometidas sistematicamente, durante um longo período, além disso sobre questões muito importantes, elas deixam de ser simples asneiras e se tornam uma orientação. De que orientação se trata? A que necessidades históricas ela responde? Quais são as suas raízes sociais?
A base social da ultra-esquerda varia segundo os países e as epocas. O anarquismo, o blanquismo e suas diferentes combinações, incluindo a mais recente: o anarco-sindicalismo, são expressões completas do ultra-esquerdismo. Essas correntes, que se tinham desenvolvido principalmente nos países latinos, tinham por base social a antiga pequena burguesia da indústria clássica de Paris. A sua persistência deu uma importância indelineável às diferentes variedades francesas de ultra-esquerda e lhes permitiu até a um certo ponto exercer uma influência ideológica sobre o movimento operários dos outros países. O desenvolvimento da grande indústria em França, a guerra e a Revolução russa quebraram a espinha dorsal do anarco-sindicalismo. Rejeitado para segundo lugar, ele se transformou num oportunismo de má qualidade. Nesses dois estádios do seu desenvolvimento, o sindicalismo francês é dirigido pelo mesmo Jouhaux: os tempos mudam e nós também.
O anarco-sindicalismo espanhol não conseguiu conservar uma aparência revolucionária senão numa situação de estagnação política. A revolução, em colocando brutalmente os problemas, forçou os dirigentes anarco-sindicalistas a abandonar o ultra-esquerdismo e a revelar a sua natureza oportunista. Pode-se estar certo que a revolução espanhola expulsará os preconceitos sindicalistas do seu último refúgio latino.
Elementos anarquistas e blanquistas estão presentes em todas as outras correntes e grupos ultra-esquerda. Na periferia do grande movimento revolucionário sempre se observou manifestações de golpismo e de aventureirismo, cujos agentes são as camadas atrasadas, muitas vezes semi-artesanais, de operários, sejam intelectuais, companheiros de estrada. Mas em geral, esse tipo de ultra-esquerda não tem significado histórico independente e apresenta muitas vezes um carácter episódico.
Nos países atrasados do ponto de vista histórico que devem realizar a sua revolução burguesa, quando já existe um movimento operários mundial desenvolvido, a intelectualidade de esquerda introduz muitas vezes no movimento semi-espontâneo das massas, principalmente pequeno burguesas, palavras de ordem e os métodos os mais extremistas. Tal é a natureza dos partidos pequeno-burgueses como o dos ''socialistas revolucionários'' russos com suas tendências ao golpismo, ao terror individual, etc. Pelo facto da existência de partidos comunistas no Oriente, é pouco provável que grupos de aventureiros independentes adquiram a importância dos socialistas revolucionários russo. Em contra-partida, os elementos aventureiros podem existir nas fileiras dos jovens partidos orientais. No que diz respeito aos socialistas revolucionários russo, eles se transformaram sob a influência da evolução da sociedade burguesa, em partido da pequena burguesia imperialista e adoptaram uma posição contra-revolucionária em relação à Revolução de Outubro.
É claro que a ultra-esquerda da Internacional Comunista actualmente não entra em nenhuma das categorias descritas acima. O principal partido da Internacional Comunista, o Partido comunista da União soviética, apoia-se manifestamente sobre o proletariado industrial e se liga, bem ou mal, às tradições das organizações proletárias. O facto que a política ultra-esquerda do comunismo oficial domina uniformemente e simultaneamente nos diferentes países onde as condições são diferentes, não testemunham que essa corrente não têm raízes sociais comuns? Essa corrente ultra-esquerda que apresenta em todo o lado o mesmo carácter ''de princípio'' aplica-se na China e na Grande-Bretanha. Onde é então preciso procurar a origem desse novo ultra-esquerdismo?
Uma circunstância muito importante complica mas ao mesmo tempo esclarece esse problema: o ultra-esquerdismo não é absolutamente um traço constante fundamental da direcção actual da Internacional Comunista. Esse mesmo aparelho, para a maioria dos seus membros, levou até 1928 uma política abertamente oportunista, juntando-se ao menchevismo em numerosos pontos muito importantes. Nos anos 1924-1927, os acordos com os reformistas eram considerados como obrigatórios; além disso, admitia-se que o partido renuncie à sua independência, à sua liberdade de crítica e mesmo à sua base de classe proletária.(1)
Também, não se trata de uma corrente ultra-esquerda particular, mas do longo zig-zag de uma corrente que, no passado, provou a sua capacidade a realizar violentos zig-zags ultra-direitistas. Esses indícios deixam pensar que se trata do centrismo.
Para falar de maneira formal e descriptiva, todas as correntes do proletariado e da sua periferia que se situam entre o reformismo e o marxismo e que representam muitas vezes as diferentes etapas levando do reformismo ao marxismo, e inversamente, revelam do centrismo. O marxismo, como o reformismo, tem a sua base social estável. O marxismo exprime os interesses históricos do proletariado. O reformismo corresponde à situação privilegiada da burocracia e da aristocracia operárias no Estado capitalista. O centrismo que nós conhecemos no passado não tinha nem podia ter base social própria. As diferentes camadas do proletariado se aproximaram da orientação revolucionária por caminhos e a ritmos diferentes. Nos períodos de expansão industrial prolongados ou ainda nos períodos de reflux político, após uma derrota, diferentes camadas do proletariado deslizam políticamente da esquerda para a direita e chocam com outras camadas que começam a evoluir para a esquerda. Diferentes grupos, travados a certas etapas da sua evolução, encontram chefes temporários, suscitam seus próprios programas e organizações. Compreende-se assim qual diversidade de correntes a noção de ''centrismo'' cobre! Segundo a sua origem, a sua composição social, a sua orientação, esses diferentes grupos podem entrar em conflito agudo uns com os outros, sem parar igualmente de serem variedades do centrismo.
Se o centrismo em geral joga habitualmente o papel de caução de esquerda do reformismo, ele não é igualmente possível dar resposta definitiva à questão: a qual dos dois campos principais, marxista ou reformista, pertence tal desvio centrista? Aqui, mais que qualquer outro lugar, é preciso a cada vez analizar o conteúdo concreto do processo e as tendências internas da sua evolução. Assim, certos erros políticos de Rosa Luxemburgo pode ser caracterizados com uma relativa justeza teórica, como centristas de esquerda. Pode-se mesmo ir mais longe e afirmar que a maioria das divergencias de Rosa Luxemburgo com Lénine eram devidas a um desvio centrista mais ou menos importante. Só os burocratas descarados e ignorantes da Internacional Comunista, podem classificar o luxemburguismo, como corrente histórica, no centrismo. É inútil lembrar que os ''chefes'' actuais da Internacional a começar por Estaline, não chegam ao tornozelo da grande revolucionária tanto politicamente como teoricamente e moralmente.
Certos críticos que não reflectiram bastante ao fundo da questão acusaram diversas vezes nestes últimos tempos o autor destas linhas de abusar do termo ''centrismo'', em reagrupando sob este termo correntes e grupos diversos do movimento operário. Com efeito, a diversidade dos tipos de centrismo provêm, dissemos, mesmo da essência do fenómeno e não de um emprego abusivo do termo. Lembremos que os marxistas foram muitas vezes acusados de meter na conta da pequena burguesia os fenómenos mais variados e os mais contraditórios. Efectivamente, é preciso situar na categoria ''pequeno-burguês'' factos, ideias e tendências à primeira vista totalmente incompatíveis. O movimento camponês e o movimento radical nas cidades pela Reforma tem um carácter pequeno-burguês; tal como os Jacobinos franceses e os populistas russo, os proudhonianos e os blanquistas, a social-democracia actual e o fascismo, os anarco-sindicalistas franceses, o Exército de Salvação, o movimento de Gandhi na Índia, etc. A filosofia e a arte oferecem um quadro ainda mais contrastado. Isso significa que o marxismo brinca com as palavras? Não, isso significa unicamente que a pequena burguesia se caracteriza pela extraordinária heterogeneidade da sua natureza social. Ao nível das suas camadas inferiores, ela confunde-se com o proletariado e cai no lumpen-proletariado. Suas camadas superiores tocam de muito perto a burguesia capitalista. Ela pode apoiar-se sobre as antigas formas de produção mas igualmente conhecer um desenvolvimento rápido na base da indústria mais moderna (as novas ''camadas médias''). Nada de espantoso que ela ideologicamente se ornamente com todas as cores do arco-iris.
O centrismo no seio do movimento operários joga num certo sentido o mesmo papel que a ideologia pequeno burguesa sob todas as suas formas em relação à sociedade burguesa no seu conjunto. O centrismo reflecte os diferentes tipos de evolução do proletariado, o seu crescimento político, a sua fraqueza revolucionária, ligada à pressão que todas as outras classes da sociedade exercem sobre ele. Nada de espantoso que a paleta do centrismo seja tão colorida. Isso não implica que se renuncie à noção de centrismo; é preciso somente em cada caso proceder à análise social e histórica concreta para evidenciar a natureza real de tal variedade de centrismo.
A fracção dirigente da Internacional Comunista não depende do centrismo ''em geral''; é uma formação histórica bem definida, com raízes sociais potentes mesmo que sejam recentes. Trata-se antes de tudo da burocracia soviética. Nos escritos dos teóricos estalinistas, esta camada social não existe. Só é questão de ''leninismo'', da direcção desencarnada, da tradição ideológica, do espírito do bolchevismo, da inconsistente ''linha geral''; mas nem uma palavra sobre o facto que o funcionários bem vivo, em carne e osso, agita esta linha geral como um bombeiro a sua mangueira; isso vocês não ouvem falar.
Portanto, esse funcionários é parecido com tudo salvo a um espírito desencarnado. Bebe, come, multiplica-se e toma cuidado com o seu ventre florescente. Dá ordens com voz de trovão, promove na escala burocrática gente que lhe é devotada, mostra-se fiel aos seus chefes, proíbe que lhe critiquem e vê nisso a essência da linha geral. Há vários milhões desses funcionários, vários milhões!
Mais que operários no momento da Revolução de Outubro. A maioria desses funcionários nunca participou na luta de classes com os riscos e os sacrifícios que ela implica. Esses individuos na sua imensa maioria nasceram politicamente como classe dirigente. E por detrás deles se profila o poder de Estado. Ele assegura a sua existência, colocando-os bem acima das massas. Eles ignoram o perigo do desemprego, se souberem manter-se de guarda. Os erros mais grosseiros lhes são perdoados, se eles estão prontos a jogar, no momento apropriado, o papel de bode expiatório, em inocentando seu superior imediato de toda a responsabilidade. Esta camada dirigente de vários milhões de individuos tem um peso social e uma influência política no país? Sim ou não?
Sabe-se há muito tempo que a burocracia e a aristocracia operárias estão na base social do oportunismo. Na Rússia, esse fenómeno tomou formas novas. Sobre a base da ditadura do proletariado – num país atrasado e cercado pelos países capitalistas – criou-se pela primeira vez, a partir de camadas superiores de trabalhadores, um potente aparelho burocrático que se ergueu acima das massas, que o comanda, que goza de privilégios consideráveis; os seus membros estão solidários entre eles e introduziu na política do Estado operário os seus interesses próprios, seus métodos e os seus procedimentos.
Não somos anarquistas. Nós compreendemos a necessidade do Estado operários e, por consequência, o carácter históricamente inevitável da burocracia durante o período de transição. Estamos conscientes dos perigos que isso implica, particularmente para um país atrasado e isolado. Idealizar a burocracia soviética é o erro o mais imperdoável que seja para um marxista. Lénine emprega toda a sua energia para que o partido, vanguarda independente da classe operária se erga acima do aparelho de Estado, o controle, o vigie, o dirija e o filtre, colocando os interesses históricos do proletariado – internacional e não somente nacional – acima dos interesses da burocracia dirigente. Lénine considerava que o controlo da massa do partido sobre o aparelho era a primeira condição do controlo do Estado pelos partidos. Leiam atentamente os seus artigos, seus discursos e as suas cartas do período soviético, particularmente dos dois últimos anos da sua vida, e verão com qual angustia o seu pensamento surge cada vez sobre esta questão escaldante.
Que se passou no período que segui a morte de Lénine? Toda a camada dirigente do partido e do Estado que tinha participado na revolução e na guerra civil foi varrida, afastada, esmagada. Funcionários impessoais tomaram o seu lugar. Na mesma epoca, a luta contra o burocratismo que tinha um carácter tão agudo do tempo de Lénine, quando a burocracia ainda estava no berço, parou totalmente, enquanto que a burocracia se desenvolveu de maneira monstruosa.
Quem teria podido levar esta luta? O partido como vanguarda auto-gerida do proletariado não existe mais. O aparelho do partido confundiu-se com o Estado. O GPU é o instrumento principal da linha geral no interior do partido. A burocracia não tolera nenhuma crítica vindo da base, ele proíbe mesmo aos seus teóricos de falar nisso. O ódio furioso à oposição de esquerda deve-se em primeiro lugar a que a oposição fale abertamente da burocracia, do seu papel específico, dos seus interesses e revela publicamente que a linha geral é a carne e o sangue da nova camada dirigente no poder, que não se identifica de forma alguma com o proletariado.
A burocracia adquire a sua infalibilidade original do carácter operário do Estado: a burocracia de um Estado operário não pode degenerar! O Estado e a burocracia são tomados aqui não como processos históricos, mas como categorias eternas: a Santa Igreja e seus servidores não pode se enganar! Se a burocracia operária na sociedade capitalista se ergueu acima do proletariado em luta e degenerou ao ponto de dar o partido de Noske, Scheidemann, Ebert e Wels, porquê ela não pode degenerar erguendo-se acima do proletariado vitorioso?
Pela sua posição dominante e incontrolada, a burocracia soviética adquire uma mentalidade que, em muitos aspectos, está em total contradição com a de uma revolução proletária. Para a burocracia, os seus cálculos e combinações em política interior e internacional são mais importantes que as tarefas de educação revolucionária das massas e que as exigências da revolução internacional. Durante vários anos, a fracção estalinista mostrou que os interesses e a psicologia do ''camponês rico'', do engenheiro, do administrador, do intelectual burguês chinês, do funcionário dos sindicatos britânicos eram-lhe mais próximos e mais acessíveis que a psicologia e as necessidades dos simples operários, dos camponeses pobres, das massas populares chinesas insurrectas, dos grevistas ingleses, etc. Mas nesse caso, por qual razão a fracção estalinista não se comprometeu até ao fim na via do oportunismo nacional? Porque ela é a burocracia de um Estado operário. Se a social-democracia internacional defende os fundamentos da dominação da burguesia, a burocracia soviética é forçada a adaptar-se às bases sociais saídas da Revolução de Outubro, enquanto que ela não proceder a uma mudança a nível do Estado. Daí, a dupla natureza da psicologia e da política da burocracia estalinista. O centrismo, centrismo que se apoia nos fundamentos do Estado operário, é a única expressão possível desta dupla natureza.
Nos países capitalistas, os grupos centristas têm muitas vezes um carácter temporário, transitório, porque eles reflectem o deslize a direita ou à esquerda de certas camadas operárias. Por outro lado, nas condições da República dos Sovietes, milhões de burocratas constituem para o centrismo uma base muito mais sólida e organizada. Ainda que sendo um meio favorável natural para as tendências oportunistas e nacionais, ela é forçada de defender as bases da sua dominação lutando contra o kulaque; ela deve também se preocupar com o seu prestígio de ''bolchevique'' no governo operário mundial. Após uma tentativa para se aproximar do Komintang e da burocracia de Amesterdão, pela qual ela tem afinidades, a burocracia soviética entrou em conflito agudo permanente com a social-democracia que reflecte a hostilidade da burguesia mundial em relação ao Estado soviético. Tais são as origens do actual zig-zag à esquerda.
O que faz a originalidade da situação, não é o facto que a burocracia soviética seja particularmente imunizada contra o oportunismo e o nacionalismo, mas o facto que, não podendo adoptar de maneira definitiva uma posição nacional-reformista, ela se vê forçada em realizar zig-zag entre o marxismo e o nacional-reformismo. As oscilações do centralismo burocrático que estão em relação com a sua potência, seus recursos e contradições agudas da sua situação, atingiram uma amplitude sem igual: das aventuras ultra-esquerda na Bulgária e na Estónia à aliança com Tchang Kaichek, Raditch e Purcell; da vergonhosa fraternização com os quebra-greves ingleses à recusa categórica da política da frente única com os sindicatos de massa. A burocracia estalinista exporta os seus métodos e os seus ziguezagues para os outros países, na medida onde, pelo intermediário do partido, não somente ela dirige a Internacional Comunista, mas além disso lhe dá ordens. Thälmann era pelo Komintang, quando Estaline era pelo Komintang, embaixador de Tchang-Kaichek, um chamado Chao Litzi, interveio em coro com Thälmann, Semard e todos os Remmele contra o ''trotskismo''. O ''camarada'' Chao Litzi declarou:
''Nós estamos convencidos que o Komintang sob a direcção da Internacional realizará a sua missão histórica'' (Processos-verbais, volume 1, p. 459)
Aí estão os factos históricos.
Tomai o Rote Fahne do ano 1926, encontrarão aí um grande número de artigos sobre o seguinte tema: exigindo a ruptura com o Conselho geral inglês dos quebra-greves, Trotsky prova o seu … menchevismo. Hoje, o ''menchevismo'' consiste em defender a frente única com as organizações de massa, quer dizer em levar a política que os IIIº e IVº Congressos da Internacional Comunista tinha formulado sob a direcção de Lénine (contra todos os Thälmann, Thalheimer, Bela Kun e outros Frossard).
Esses zig-zags assustadores teriam sido impossíveis, se em todas as acções da Internacional Comunista uma camada burocrática, se auto-suficiente, isto é independente do partido, não se tivesse formado. É aí que se encontra a raíz do mal.
A força do partido revolucionário reside no espírito de iniciativa da vanguarda que examina e selecciona os seus quadros; é a confiança que ela tem dos seus dirigentes que os conduz progressivamente para a cimeira. Isso cria um laço indestrutível entre os quadros e as massas, entre os dirigentes e os quadros e assegura toda a direcção. Nada de igual existe nos partidos comunistas actuais. Os chefes são designados. Eles escolhem os subordinados. A base do partido é obrigada a aceitar os chefes designados à volta dos quais se cria uma atmosfera artificial de publicidade. Os quadros dependem da cúpula e não da base. Numa larga medida, eles procuram as razões da sua influência e da sua existência no exterior das massas. Eles tiram as suas palavras de ordem políticas do telegrama e não da experiência da luta. Ao mesmo tempo, Estaline mantêm em reserva para toda ocasião documentos acusadores. Cada um dos chefes sabe que a cada instante, ele pode ser varrido como uma simples palha.
É assim que em toda a Internacional Comunista se cria uma camada burocrática fechada, meio favorável para os bacilos do centrismo. O centrismo de Thälmann, de Remmele e os seus compadres é muito estável e resistente do ponto de vista organizacional porque ele apoia-se sobre a burocracia do Estado soviético, mas ele distingue-se por uma extraordinária instabilidade do ponto de vista político. Privado da confiança que só pode dar uma ligação orgânica com as massas, o Comité central infalível é capaz dos zig-zags mais monstruosos. Menos ele está preparado a uma luta ideológica séria, mais é e generoso em injúrias, insinuações e calúnias. Estaline, ''grosseiro'' e ''desleal'', segundo a definição de Lénine, é a personificação desta camada.
A característica dada acima do centrismo burocrático determina a atitude da oposição de esquerda em relação à burocracia estalinista: apoio total e ilimitado na medida onde a burocracia defende as fronteiras da República dos Sovietes e os fundamentos da Revolução de Outubro; crítica aberta na medida onde a burocracia pelos seus zig-zags administrativos torna mais difícil a defesa da revolução e a construção do socialismo; oposição implacável na medida onde pelo seu comando burocrático, ela desorganiza a luta do proletariado mundial.
continua>>>Notas de rodapé:
(1) Para uma análise detalhada desse capítulo de vários anos da História da Internacional Comunista, ver nossas obras: A revolução proletária e a Internacional Comunista (crítica do programa da Internacional Comunista), A revolução permanente, Quem dirige hoje a Internacional Comunista? (retornar ao texto)
Inclusão | 09/11/2018/ |