Revista Seiva

A revista Seiva lançada em Salvador (Bahia) em 1938 foi o primeiro periódico antifascista a circular no Brasil durante o Estado Novo. Até ser proibida de circular pelo Governo Getúlio Vargas em 1943, lançou 18 edições. A revista serviu de veículo legal e oficioso do Comitê Regional da Bahia do Partido Comunista do Brasil (PCB) e instrumento de combate ao nazifascismo, a quinta-coluna e o integralismo no Brasil.

Em novembro de 1950 a revista renasceu, tendo como Diretor Wladimir Guimarães, Redator-Chefe Luis Henrique Dias Tavares e Secretário Clovis Moura. O Editorial do número de relançamento registrou:

“Anos atrás, em dezembro de 1938, dentro da noite do Estado Novo, ditadura sul-americana que copiava o fascismo europeu, lutando contra ela e acompanhando os democratas inconformados com a situação política do pais, editava-se na Bahia uma revista de intelectuais progressistas, que se constituiu, então, uma das mais legitimas trincheiras do movimento antifascista nacional. Em SEIVA — era o seu nome — colaboraram as maiores expressões da cultura baiana. Nas suas paginas, refletiam-se, com seriedade e lucidez, desde os problemas econômicos aos problemas artísticos. E era nelas que o povo de nossa terra encontrava, naquela época, a palavra de certeza e de confiança, inclusive no dramático período de 1942, em que, pressionado pelas massas, o governo Vargas terminou por declarar guerra ao Eixo fascista.
É essa tradição de luta, por tanto tempo interrompida, que agora retomamos. Decerto que as condições históricas são outras, e que, portanto, a revista de hoje não pode ser igual à de ontem. Hoje, o mundo está dividido em dois campos — o campo da paz, anti-imperialista, e o campo da guerra, imperialista. Em torno desta divisão giram todas as coisas, e não é possível qualquer neutralidade, qualquer alheiamento ante essa realidade é a Paz ou a Guerra, eis a questão!
[…] Por isso, a causa da Paz é a nossa causa. Tanto quanto a da libertação nacional, liquidação do latifúndio e expulsão do imperialismo do território brasileiro. Tanto quanto a criação de uma cultura popular, de caráter novo, autônomo, que sirva e acompanhe as lutas do povo, oposta, radicalmente oposta, à cultura cosmopolita e decadente da burguesia, que não pode mais representar o pensamento de nacionalidade.
Armados dessas convicções, tudo faremos para que SEIVA, ao ressurgir, em nova fase, seja parte integrante das grandes lutas de libertação nacional, uma tribuna de educação da Frente Democrática de Libertação Nacional, que, sob a inspiração e o comando de Luiz Carlos Prestes, leva o nosso povo para a Democracia Popular. Assim, a vida de SEIVA será a do povo, a de suas lutas e de suas vitórias.

Para saber mais sobre a revista consulte:

Daniela de Jesus Ferreira: Tempos de lutas e esperanças: a materialização da revista Seiva (1938-1943)
Carlos Zacarias de Sena Júnior: Ação cultural, antifascismo e União Nacional na revita Seiva (1938-1943)