Fonte: Problemas - Revista Mensal deCultura Política nº 2 - Setembro de 1947.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução:
licenciado sob uma Licença Creative Commons.MIA > Arquivos Temáticos > Imprensa Proletária > Revista Problemas nº 2 > Novidades
licenciado sob uma Licença Creative Commons.
 |
| Clement Gotwald 1º Ministro da Checoslováquia |
Em dezembro de 1945, o Comitê Central do Partido Comunista da Checoslováquia apresentou ao Partido a tarefa de atingir a um milhão de membros até a data da realização do seu 8.° Congresso. E a tarefa foi cumprida. De 1.° de janeiro a 26 de março de 1946, quando do 8.° Congresso, o Partido alistou mais de 250.000 membros, alcançando assim um total de 1.045.129 filiados.
Após a libertação da Checoslováquia, os quadros em que se apoiava o Partido eram os camaradas, militantes desde antes da guerra, e os que entraram durante o período de ilegalidade, nos anos de ocupação. Ambos os grupos haviam sofrido pesadas perdas. Vinte e cinco mil dos nossos camaradas perderam a vida e milhares voltaram dos campos de concentração com a saúde minada.
Já em maio de 1945, iniciara-se um grande movimento de adesão ao nosso Partido, como consequência da sua política no ano de 1938, da luta durante a ocupação e do trabalho de construção da República. A propaganda do fantasma do comunismo já não dava resultado, pois que as grandes massas testemunharam a luta e o trabalho dos comunistas, que se colocam sempre na vanguarda do trabalho pela República.
A base do Partido Comunista formou-se com os trabalhadores das fábricas e das minas, que em grande número se filiaram ao Partido. Entre os trabalhadores da Skoda em Pilsen, conta o Partido Comunista com 10.000 militantes; nas usinas siderúrgicas de Vitkovice, há 8.000 comunistas organizados; nas fábricas de armamento de Brno, 3.800, etc. Os operários perfazem o total de 57,7% dos membros do Partido.
A princípio, as populações rurais ficaram em atitude de expectativa. Entretanto, quando viram que nem o Exército Vermelho libertador nem os comunistas dos postos dirigentes do governo forçavam o estabelecimento de kolkhozes, nem tão pouco nenhuma propriedade lhes era tomada, mas que, pelo contrário, o governo e o ministro comunista da Agricultura até lhes deram as terras confiscadas aos alemães e aos traidores, começaram então a mudar de atitude.
O Partido Comunista encontrou grandes simpatias entre os pequenos camponeses assim como entre os camponeses médios; dia a dia essa influência cresce. Das eleições de 26 de maio, o Partido surgiu também como o mais forte entre a população rural. Os camponeses constituem 12,8% dos filiados ao Partido.
Entre negociantes e empregados civis (apesar da natural reserva dessas camadas), o Partido vai conquistando milhares de novos membros. Os intelectuais mais. destacados estão, na maioria estruturados em nosso Partido. Os negociantes formam 4,1%, os intelectuais 9,2% das nossas fileiras.
Estamos atualmente construindo um Partido de massa, e não um Partido de quadros, como antes da guerra. Atraímos e aceitamos aqueles que procederam com honradez no período de ocupação e que, por seus trabalhos, provaram sua fidelidade à República popular democrática .
Nem toda essa gente honesta que se filiou ao Partido tem já uma concepção clara do nosso objetivo ou o conhecimento da teoria marxista-leninista. Compreendem apenas que o Partido Comunista é algo de bom, honesto e de diferente dos outros partidos. É tarefa do Partido educar esses novos membros para que sejam bons comunistas. Recebem tal educação na sua tarefa diária, dirigida no sentido da construção da República, com a orientação marxista. A educação partidária lhes dá nova compreensão da comunidade e os ensina a serem um exemplo para os outros, a serem os melhores trabalhadores na fábrica ou no campo, a tomarem parte dirigente nas brigadas de trabalho voluntário.
A educação marxista-leninista está sendo levada a cabo através das escolas centrais, distritais e regionais do Partido. Já no ano passado, os organismos do Partido prepararam palestras e discussões acerca dos seus objetivos e finalidades acerca dos resultados da vitória sobre o fascismo germânico, etc. Cursos especiais para funcionários da administração pública foram organizados.
O Partido tem mandado dezenas de milhares de membros para trabalhar na administração pública, nas organizações sindicais, em juntas trabalhistas e cargos de direção no aparelho estatal, bem como nos da vida econômica. A vitória do Partido nas eleições aumenta c responsabilidade dos camaradas que ocupam tais postos. Na Boêmia e na Morávia há 11.255 Conselhos Nacionais(1), com a média de 20 membros cada um. De acordo com os resultados das eleições, o Partido Comunista tem uma representação de 40% nesses lugares.
O Partido tem, hoje, cerca de 15.000 organizações de base (células) locais e de empresa. Em muitas delas, não há um só comunista que tenha sido membro do Partido antes de 1945. Devemos ter especial cuidado com a educação dos quadros que ocupam postos na vida pública ou partidária, sejam eles novos ou antigos. Os velhos também precisam de uma educação completa, visto como estavam acostumados a trabalhar em condições bem diversas.
A estrutura do Partido depende das tarefas que se nos apresentam e do caráter de massa do Partido. A estrutura orgânica se baseia nos ensinamentos de Lenin sobre o Partido, sobre as condições para ser membro do Partido e sobre os princípios do centralismo democrático.
Os organismos de base são locais e de empresa. As organizações de base nas empresas são formadas por todos os membros do Partido que trabalham na mesma fábrica, escritório, Escola, etc. Nas empresas maiores, as células são divididas em organismos menores (seções de células), conforme os departamentos, oficinas ou grupos de trabalho, compreendendo de 50 a 80 membros.
Entre outras tarefas, compete às células de empresa educar seus membros para que se tornem os melhores trabalhadores nas fábricas, lojas, escritórios, etc., bem como os melhores no movimento sindical.
As células locais são formadas por 50 a 80 membros do Partido que vivam na mesma vila, rua, ou grupo de casas. Essas células têm que dirigir as atividades dos comunistas inclusive no Conselho Nacional.
Os militantes das células de empresa são também registrados nas células locais onde gozam de todos os direitos de militante. No entanto, pagam a contribuição à célula de sua empresa, que é o principal ponto para suas atividades.
A fim de conservar permanente contato entre a direção e cada militante da célula, foi criado um sistema dos chamados "assistentes de dez". O "assistente de dez" atende a 10 membros do Partido, discute com cada um deles a política do Partido e as decisões da direção da célula. Aconselha-os no trabalho, recomenda-lhes leituras, ouve-lhes as opiniões e as transmite à direção. A ajuda desses assistentes assegura a participação ativa de cada membro, individualmente, no trabalho do Partido.
Todas as células locais e de empresa dentro de determinada região política formam a organização regional do Partido. Na Boêmia e na Morávia há 180 regiões políticas. Os Comitês Regionais dirigem o trabalho de todas as organizações do Partido e dos comunistas nos Conselhos Nacionais da Região. A Direção Regional é eleita em Conferência regional, onde se reúnem Delegados eleitos por todas as Assembleias de Células.
Todas as organizações regionais dentro de certos limites fixados pelo Comitê Central, e que se contam em número de 17 na Boêmia e na Morávia, são adaptadas ao sistema eleitoral por Distrito.
A fim de estar apto a resolver o grande número de difíceis tarefas, designa o Partido diversas comissões para tratar dos problemas especiais, como, por exemplo, para os problemas de organização, para questões econômicas nacionais, comissão de quadros, comissão para trabalho entre mulheres, jovens, etc. Tais comissões são corpos auxiliares das direções. Desempenham as tarefas apresentadas pelas direções e submetem a elas suas sugestões.
Até 1.° de janeiro de 1947, os membros do Partido devem ter obtido carnets definitivos visto como até então só haviam recebido os provisórios. A entrega desses novos carnets deve ser acompanhada de uma ampla campanha política, com as seguinte tarefas:
Em ligação com esta campanha, o "assistente de dez membros" juntamente com um elemento da direção da célula visitará cada membro, para discutir com ele seu trabalho dentro e fora do Partido.
Além disto, temos que examinar a ficha de todos os membros e onde for descoberto algum militante que não haja procedido honestamente durante a ocupação, ou que não tenha cumprido o dever no seu local de trabalho, ou na vida privada tenha provocado indignação pública — não será renovado o seu carnet.
Ao mesmo tempo, devemos conversar com todos os membros que até então não hajam tomado parte ativa no trabalho partidário e explicar-lhes os objetivos e finalidades do Partido Comunista, a sua política partidária e a necessidade de que cada célula participe do trabalho do Partido na construção da República.
Com esta campanha fortaleceremos o Partido para futuras tarefas, garantindo, assim, a execução do plano do governo de Gottwald.
Nota de rodapé:
(1) Conselhos Nacionais de Resistência que após a libertação da Checoslováquia passaram a denominar-se simplesmente Conselhos Nacionais. (retornar ao texto)
★ ★ ★
“Dominar a teoria marxista-leninista significa assimilar sua essência e apreender a aplicá-la para resolver os problemas práticos do movimento revolucionário nas diversas condições da luta de classe do proletariado. ”
(Da “História do Partido Comunista” (bolchevique) da URSS. Ed. Vitória).
 |
| Inclusão | 07/08/2013 |