MIA > Biblioteca > Imprensa > Novidades
Fonte: A Carta Chinesa, 1ª edição, dezembro de 2003, Núcleo de Estudos do Marxismo-leninismo-maoismo (NEMLM), coleção “Marxismo contra revisionismo”.
Tradução: O NEMLM, responsável pela edição desta obra, traduziu-a da versão em espanhol publicada por Edições do Povo, Pequim.
Ao Comitê Central do Partido Comunista da China
Queridos camaradas:
O Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética vê com satisfação que nossas proposições sobre as medidas encaminhadas a fortalecer a unidade e a coesão das fileiras do movimento comunista, foram bem acolhidas pelo CC do PCCh. Saudamos o fato de que vocês estejam de acordo em realizar uma entrevista de representantes do PCUS e do PCCh. Esta entrevista está chamada a desempenhar um importante papel para criar uma atmosfera favorável nas relações entre os partidos irmãos e superar as divergências surgidas no último período no movimento comunista internacional. Quiséramos acreditar em que, como resultado dessa entrevista, se consiga levar a cabo uma série de medidas construtivas para superar as dificuldades existentes.
Em sua carta, o CC do PCCh convida o camarada Nikita Kruchov a que, de passagem para Camboja, visite Pequim. O CC do PCUS e o camarada Nikita Kruchov agradecem este convite. O camarada Nikita Kruchov visitaria com sumo gosto a RPCh e se entrevistaria com os dirigentes do Partido Comunista da China para trocar opiniões em torno dos problemas candentes da situação internacional e do movimento comunista, com o objetivo de chegar a um entendimento comum em nossas tarefas e no fortalecimento da coesão entre nossos Partidos. Entretanto, a viagem do camarada Nikita Kruchov a Camboja, de que vocês falam em sua carta, não está planejada. Como é sabido, nossos organismos dirigentes acordaram já em 12 de fevereiro deste ano que o camarada Leonid Brejnev, Presidente do Presidium do Soviete Supremo da URSS, fosse a Camboja, fato que já informamos ao Governo cambojano e se anunciou na imprensa. O camarada Nikita Kruchov, que visitou em três ocasiões a RPCh, não perde a esperança de aproveitar no futuro seu amável convite de visitar a China e entrevistar-se com os camaradas chineses.
Recordamos que durante sua estadia em Moscou em 1957 o camarada Mao Tsetung disse que só havia estado na URSS duas vezes e que havia visitado unicamente Moscou e Leningrado. Então expressou o desejo de voltar a visitar a União Soviética para conhecer melhor nosso país. Disse que queria ir desde as fronteiras do Extremo Oriente de nosso país às ocidentais e desde as setentrionais até as meridionais. Nós saudamos já naquele tempo este desejo do camarada Mao Tsetung.
Em 12 de maio de 1960, o CC do PCUS enviou uma carta ao camarada Mao Tsetung, convidando-lhe a descansar na URSS e sentir de perto a vida do povo soviético. Lamentamos que o camarada Mao Tsetung não pudesse aceitar então nosso convite. O CC do PCUS veria com bons olhos a visita do camarada Mao Tsetung. O melhor tempo para esta visita seria a primavera que se inicia ou o verão, bom tempo do ano em nosso país. Nós também receberíamos dignamente o camarada Mao Tsetung, como representante de um partido irmão e do povo chinês irmão, em qualquer outra época do ano. Como é natural, em sua viagem por nosso país, o camarada Mao Tsetung seria acompanhado por camaradas da direção de nosso Partido, coisa que daria uma boa oportunidade para trocar opiniões sobre os diferentes problemas. O camarada Mao Tsetung veria como o povo soviético trabalha, que progressos tem feito na construção do comunismo, na aplicação do programa de nosso Partido.
Se o camarada Mao Tsetung não pode vir a Moscou no momento presente, então estamos dispostos a receber as considerações de vocês sobre a entrevista a um alto nível dos representantes do PCUS e do PCCh em Moscou. Consideramos que este encontro poderia realizar-se aproximadamente em 15 de maio deste ano, se esta data é aceitável para vocês.
Nos alegra infinitamente que os camaradas chineses, da mesma forma que nós, considerem a próxima entrevista dos representantes do PCCh e do PCUS como um "dos passos necessários para preparar a convocatória de uma conferência de representantes dos partidos comunistas e operários de todos os países". Efetivamente, este encontro, sem violar o princípio de igualdade e sem menosprezar os interesses de outros partidos irmãos, deve contribuir para a melhor preparação e realização da conferência. Sem esta entrevista, da mesma forma que sem o cessar da polêmica aberta na imprensa, sem o cessar da crítica que se faz dentro de seu partido aos outros partidos irmãos, seria difícil preparar a conferência e lograr seu objetivo principal: o fortalecimento da unidade do movimento comunista internacional. Precisamente por isso, o CC do PCUS, ao estar de acordo com as propostas feitas no princípio do ano de 1962 pelos camaradas vietnamitas, indonésios, ingleses, suecos e outros sobre a convocatória de uma conferência dos partidos irmãos de todos os países, destacou ao mesmo tempo a necessidade de aplicar medidas que criassem um ambiente favorável para os trabalhos do fórum comunista mundial.
Já em sua carta de 22 de fevereiro de 1962 o CC do PCUS exortava a "cortar as discussões inúteis sobre os problemas nos quais temos compreensão distinta e abster-se de intervir publicamente com declarações que não contribuam a suavizar, e sim somente a aprofundar nossas divergências". Na carta dirigida ao Comitê Central do PCCh em 31 de maio de 1962 escrevíamos: "Como é bem sabido por vocês, nosso Partido sempre esteve e está a favor da discussão coletiva dos problemas cardeais do movimento comunista internacional. O CC do PCUS foi o iniciador das Conferências dos partidos irmãos dos anos de 1957 e 1960. Em ambas ocasiões estas Conferências estiveram vinculadas a sérias mudanças da situação internacional e à conveniência de elaborar a tática correspondente do movimento comunista. Também nesta ocasião apoiamos plenamente a proposta de convocar uma conferência de todos os partidos irmãos".
Nós considerávamos proveitoso que durante a preparação desta conferência os partidos irmãos pudessem analisar profunda e multilateralmente os novos fenômenos operados na vida internacional e sua atividade para aplicar os acordos coletivos de nosso movimento. O CC do PCUS revelava a preocupação, compreensível para todos os comunistas, de que a conferência não agudizasse as divergências surgidas e sim que coadjuvasse ao máximo para resolvê-las.
Nas intervenções de numerosos dirigentes dos partidos irmãos se manifestaram justamente durante o último tempo critérios análogos a respeito da necessidade de se dar uma série de passos antes da conferência, como resultado dos quais se criaria uma situação normal no movimento comunista e a contrastação de opiniões se reduziria ao marco permissível de uma discussão camarada de partido. Agora, segundo se deduz de sua carta, vocês também estão de acordo com isso e pode considerar-se que se tenha logrado certo avanço na preparação da próxima conferência.
Compreende-se que quando dois partidos examinam questões que afetam a todos os partidos irmãos, este exame somente pode ter uma caráter prévio. As Conferências de 1957 e 1960 demonstraram que a elaboração da linha do movimento comunista internacional somente pode ser levada a cabo com acerto se nele participam coletivamente todos os partidos irmãos e se é levado em consideração como é devido à experiência multifacética de todos seus destacamentos.
Estudamos detidamente suas considerações referentes ao círculo de problemas que poderiam ser objeto de exame na entrevista dos representantes do PCUS e do PCCh. São questões importantes e estamos dispostos a examiná-las.
Por sua vez, nesta carta também quiséramos deter-nos em algumas questões de princípio, que a nosso ver se encontra no centro da atenção dos partidos irmãos e da luta dos mesmos por nossa causa comum. Não se trata por certo, de uma exposição completa de nossos pontos de vista sobre estas questões. Tratamos unicamente de assinalar o que tem importância de princípio, o que nos guia na política que seguimos na arena mundial e nas relações recíprocas com os partidos irmãos.
Esperamos que a exposição de nossos pontos de vista ajudará a precisar o círculo de questões que requerem uma troca de opiniões na entrevista bilateral e contribuirá para resolver as divergências existentes. O fazemos para reiterar mais uma vez nossa firme e conseqüente decisão de defender a plataforma ideológica de todo o movimento comunista mundial e a linha geral do mesmo, refletida nas Declarações.
Durante o tempo transcorrido desde a aprovação das Declarações, a vida, longe de quebrantar uma só das teses fundamentais, pelo contrário, confirmou totalmente a justeza da linha que o movimento comunista mundial segue, fixada conjuntamente sobre a base da sintetização da experiência contemporânea e do desenvolvimento criador do marxismo-leninismo.
O PCUS parte do critério de que nossa época, cujo conteúdo fundamental é a passagem do capitalismo ao socialismo iniciado pela Grande Revolução Socialista de Outubro, é uma época de luta de dois sistemas sociais contrapostos, a época das revoluções socialistas e das revoluções de libertação nacional, a época do desmoronamento do imperialismo, da liquidação do sistema colonial, a época da passagem de novos e novos povos à vida socialista, do triunfo do socialismo e do comunismo em escala mundial.
A situação criada no mundo e as mudanças operadas na correlação das forças de classes no âmbito internacional, mudanças que oferecem novas possibilidades a nosso movimento, exigiam a elaboração de uma linha geral do movimento comunista mundial conforme suas metas cardeais na presente etapa.
Depois da Segunda Guerra Mundial, vários países da Europa empreenderam o caminho do socialismo, a revolução socialista triunfou na China e em outros países da Ásia e se formou o sistema socialista mundial. Nas democracias populares, o novo regime se consolidou e soube assegurar um alto ritmo de desenvolvimento econômico, político e cultural nesses países pela via do socialismo. A comunidade socialista se aglutinou estreitamente no terreno político e militar. Graças aos progressos da União Soviética e demais países irmãos, a correlação de forças mudou sensivelmente no mundo a favor do socialismo e contra o imperialismo. Nisso desempenharam um importante papel a liquidação do monopólio norte-americano sobre a arma atômica e de hidrogênio e a criação pela União Soviética de um pujante potencial bélico.
A formação do sistema socialista mundial é uma conquista de alcance histórico da classe operária internacional e de todos os trabalhadores, conquista que materializa os sonhos da humanidade sobre uma nova sociedade. O incremento da produção, os enormes progressos da ciência e da técnica nos países do socialismo, permitiram criar tal potência econômica e defensiva da comunidade socialista, que não só salvaguarda solidamente as conquistas do socialismo, como é também um poderoso bastião da paz e da segurança de todos os povos da Terra. Esta mudança cardeal na correlação de forças implicou também no agravamento ulterior da crise geral do capitalismo e de todas suas contradições. Terminada a Segunda Guerra Mundial, mudou a distribuição de forças dentro do campo imperialista. Os centros econômico, político e militar do imperialismo passaram da Europa aos Estados Unidos da América. A burguesia monopolista dos EUA passou a ser o principal bastião da reação internacional. Ela se arrogou o papel de salvadora do capitalismo. O imperialismo norte-americano cumpre hoje as funções de gendarme internacional. O imperialismo norte-americano, valendo-se da política de blocos militares, trata de pôr sob seu domínio outros Estados capitalistas. Isso faz que a França, a Alemanha Ocidental, o Japão e outros grandes estados capitalistas se contraponham aos Estados Unidos da América. O restabelecimento da economia dos países capitalistas que sofreram os efeitos da guerra mundial, e um ritmo mais rápido de desenvolvimento neles que nos EUA, acrescentam o desejo de uma série de países europeus de escapar do diktat norte-americano. Tudo isto faz que se aprofundem os motivos existentes e apareçam novos motivos de concorrência imperialista e de conflitos, que debilitam o sistema capitalista em seu conjunto.
A essência antipopular e rapace do imperialismo não mudou, porém, com a criação do sistema socialista mundial, com o crescimento de seu potencial econômico e militar, minguaram visivelmente as possibilidades de que o imperialismo influa na marcha do processo histórico, ao mesmo tempo que mudam as formas e os métodos de sua luta contra os países socialistas, contra o movimento de libertação nacional e revolucionária mundial. Os imperialistas, aterrorizados pelo impetuoso ascenso das forças do socialismo e do movimento de libertação nacional agrupam suas forças, fazem esforços febris para prosseguir a luta em prol de seus fins exploradores e tratam por todas as partes de minar as posições dos países socialistas e do movimento de libertação nacional, de debilitar sua influência.
É sem dúvida alguma evidente que o conteúdo e a orientação principal do desenvolvimento histórico da sociedade humana na época atual não vêm mais determinados pelo imperialismo, e sim pelo sistema socialista mundial, por todas as forças progressistas que lutam contra o imperialismo e em prol da reestruturação socialista da sociedade. A contradição entre o capitalismo e o socialismo é a principal contradição de nossa época. Do desenlace da luta entre os dois sistemas mundiais depende em alto grau a sorte da paz, da democracia e do socialismo. Dentro de tudo isto, a correlação de forças na arena mundial muda mais e mais a favor do socialismo.
A luta dos povos da Ásia, África e América Latina por sua libertação nacional e social e os êxitos conseguidos na mesma, a luta crescente da classe operária e de todos os trabalhadores dos países capitalistas contra os monopólios, contra toda exploração e a favor do progresso social tem importância capital para o destino do desenvolvimento histórico da humanidade. As revoluções socialistas, as revoluções de libertação nacional antiimperialistas, as revoluções anticoloniais, as revoluções democráticas populares, os amplos movimentos camponeses, a luta das massas populares pela derrubada dos regimes fascistas e tirânicos e os movimentos, democráticos contra a opressão nacional se fundem em nossa época numa torrente revolucionária mundial única que corrói e destrói o capitalismo.
Ao marcar sua linha aplicável às novas condições o movimento comunista mundial teve que levar em consideração com toda a seriedade um fator tão importante como o da mudança qualitativa radical dos meios técnicos bélicos de fazer a guerra, ligado com o aparecimento e acumulação das armas termo-nucleares, de força destruidora inusitada. Enquanto não se realize o desarmamento, a comunidade socialista deve ter sempre superioridade sobre os imperialistas em suas forças armadas. Nós faremos que os imperialistas tenham presente que se desencadeiam a guerra com o fim de resolver pela força das armas a questão do caminho que deve seguir a humanidade — o caminho do capitalismo ou o do socialismo —, esta será a última guerra, na qual o imperialismo será derrotado definitivamente.
Nas circunstâncias atuais o dever de todos os combatentes pela paz e pelo socialismo consiste em aproveitar ao máximo as possibilidades favoráveis que se oferecem para o triunfo do socialismo e não permitir que o imperialismo desencadeie a guerra mundial.
A análise correta da distribuição das forças de classe na arena mundial e a certeira direção marxista-leninista elaborada nas Conferências de Moscou permitiram aos partidos irmãos lograr sérios êxitos no desenvolvimento do sistema socialista mundial e contribuíram para liberar a luta revolucionária de classe nos países capitalistas e o movimento de libertação nacional.
O sistema socialista exerce uma influência cada vez mais crescente sobre a marcha do desenvolvimento mundial. Todo o processo revolucionário mundial transcorre hoje em dia sob a influência direta da grande força do exemplo da nova vida nos países do socialismo. As idéias do comunismo propagam-se nas mentes e corações das amplas massas populares com tanto maior êxito, quanto maiores e importantes são nossos avanços na edificação do socialismo e do comunismo. Por isso, é compreensível que quem queira fazer aproximar a hora do triunfo do socialismo em todo o mundo, deve preocupar-se, antes de tudo, com o fortalecimento da grande comunidade socialista, com seu poderio econômico com elevar o nível de vida de seus povos, com fomentar a ciência, a técnica e a cultura, de afiançar a unidade e a coesão da mesma e de elevar seu prestígio internacional. A Declaração da Conferência de Moscou responsabiliza os partidos marxista-lenini sias e os povos dos países socialistas perante o movimento operário internacional pela feliz edificação do socialismo e do comunismo.
Ao fortalecer incansavelmente o sistema socialista mundial, os partidos irmãos e os povos de nossos países dão sua contribuição à grande causa da luta da classe operária internacional de todos os trabalhadores e de todo o movimento libertador para solucionar os problemas cardeais da atualidade em bem da paz, da democracia e do socialismo.
A atual correlação de forças na arena mundial permite aos países socialistas, junto com todas as forças amantes da paz, propor, pela primeira vez na história, como tarefa completamente real, conjurar uma nova guerra mundial e garantir a paz e a segurança dos povos.
Os anos transcorridos desde a aprovação da Declaração confirmam inteiramente a justeza desta diretiva. O fato de que as forças agressivas não tenham logrado empurrar a humanidade para o abismo da guerra termonuclear aniquiladora é resultado importante do fortalecimento do poderio dos países socialistas, da invariável aplicação por eles de uma política pacífica externa, que conquista cada vez maior reconhecimento e apoio entre centenas de milhões de pessoas e predomina sobre a política imperialista de agressão e de guerra.
Nenhum marxista duvida de que o imperialismo, que perde posição atrás de posição, tende a manter por todos os meios sua dominação sobre os povos e a recobrar as posições perdidas. Na atualidade tem lugar a maior conjura internacional dos imperialistas que a história registra contra os países do socialismo e o movimento mundial de libertação. Compreende-se que não existe a garantia de que os imperialistas não tentem desencadear uma nova guerra. Os comunistas devem ver claro esta ameaça.
Porém a situação do agressor nas circunstâncias presentes se diferencia radicalmente daquela em que se encontrava antes da Segunda Guerra Mundial e, mais ainda, da primeira. Antes as guerras terminavam correntemente com a vitória de uns países capitalistas sobre outros. Porém os vencidos continuavam vivendo ao cabo de algum tempo recuperavam suas forças e até se achavam em condições de voltar a desatar uma agressão, como o demonstra, em particular, o exemplo da Alemanha. A guerra termonuclear não oferece esta perspectiva a nenhum agressor, e os imperialistas não têm mais remédio que levá-lo em consideração. O medo do contragolpe, o temor ao castigo, lhes coíbe de desencadear uma guerra mundial. A comunidade socialista se fortaleceu tanto que o imperialismo já não pode, como antes, impor aos povos suas condições e ditar-lhes sua vontade. Isto é uma conquista histórica da classe operária internacional e de todos os povos.
Por sua essência de rapina, o imperialismo não pode desprender-se de seu desejo de resolver as contradições na arena internacional pela via de guerra. Porém, por outro lado, tampouco pode desencadear uma guerra termonuclear mundial sem levar em conta que se expõe ao perigo de desaparecer.
A guerra mundial, com a qual o imperialismo ameaça a humanidade, não é fatalmente inevitável. A crescente superioridade das forças do socialismo sobre as forças do imperialismo, das forças da paz sobre as forças da guerra, faz que, ainda antes da vitória total do socialismo na Terra, ainda conservando-se o capitalismo em uma parte do mundo, seja realmente possível excluir a guerra mundial da vida da sociedade.
É certo que para conjurar essa guerra é indispensável continuar reforçando ao máximo o sistema socialista, coesionando ao máximo todas as forças da classe operária internacional e do movimento de libertação nacional, todas as forças democráticas. Aqueles a quem os interesses do socialismo e da paz são caros, devem fazer tudo que for necessário para frustrar os criminosos desígnios da reação mundial, não lhe permitir que desencadeie uma guerra termonuclear e arraste com ela para a tumba centenas de milhões de seres humanos. O cálculo sereno dos efeitos irremediáveis que uma guerra termonuclear teria para toda a humanidade e para a causa do socialismo coloca imperiosamente para todos os marxista-leninistas a tarefa de fazer tudo o que esteja ao alcance de nossas forças para evitar um novo conflito mundial.
O CC do PCUS se guia firmemente pelo que diz a Declaração de 1960 de que "estando o mundo, como está, dividido em dois sistemas, o único princípio justo e racional nas relações internacionais, é o da coexistência pacífica dos Estados com regime social distintos, proposto por Lenin e desenvolvido pela Declaração de Moscou e no Manifesto da Paz de 1957, assim como nas resoluções dos XX e XXI Congressos do PCUS e nos documentos de outros partidos comunistas e operários."
Nosso partido, educado pelo grande Lenin no espírito da irreconciliável luta contra o imperialismo, tem presente a advertência leninista de que o capitalismo, ainda que esteja morrendo, se encontra ainda em condições de causar desgraças sem conta à humanidade. A União Soviética desenvolve ao máximo sua economia e, sobre esta base, aperfeiçoa sua defesa, acrescenta seu potencial bélico e mantém as forças armadas sempre prontas para atuar. Porém não utilizamos nem utilizaremos o poderio crescente de nosso país para ameaçar a ninguém, nem para incendiar os ânimos bélicos, e sim para reforçar a paz, conjurar uma nova guerra mundial e defender nosso país e demais países socialistas.
A política de coexistência pacífica responde aos interesses vitais de todos os povos, contribui para a consolidação das posições do socialismo e para o incremento da influência internacional dos países socialistas, eleva o prestígio e influência dos comunistas. A coexistência pacífica não supõe a convivência das ideologias socialista e burguesa. Marchar por semelhante caminho significaria renunciar ao marxismo-leninismo e frear a edificação socialista. A ideologia burguesa é uma espécie de cavalo de Tróia que os imperialistas tentam introduzir nas fileiras do movimento operário e comunista.
A coexistência pacífica dos estados com distintos regimes sociais pressupõe: uma tensa luta ideológica, política e econômica entre os dois sistemas sociais; a luta de classes dos trabalhadores dentro dos países do sistema capitalista, incluída a luta armada quando os povos julguem conveniente; o incremento incessante do movimento libertador nacional dos povos dos países coloniais e dependentes.
Os fatos demonstram, que a luta por conjurar a guerra mundial não estrangulam nem um pouco as forças do movimento comunista mundial e de libertação nacional, e sim ao contrário, coesiona as amplas massas em torno dos comunistas. Precisamente na situação de coexistência pacífica dos estados com regimes sociais distintos se realizou a revolução socialista em Cuba, o povo argelino alcançou a independência nacional, mais de quarenta países conquistaram a independência nacional, se fortaleceram e cresceram os partidos irmãos e aumentou a influência do movimento comunista mundial.
Aproveitando a situação de coexistência pacífica, os países socialistas,alcançaram novos êxitos na emulação econômica com o capitalismo. Nossos contrários compreendem que lhes é difícil contar com o triunfo na emulação conosco. Eles não estão em condições de opor-se ao ritmo rápido do auge econômico dos países do socialismo e são impotentes perante a força magnetizante do exemplo dos países socialistas nos povos que se encontram sob o jugo do capitalismo.
À medida que cresce a economia da comunidade socialista irão se revelando com maior brilho as vantagens do socialismo e a possibilidade de que os trabalhadores desfrutem de maiores bens materiais e espirituais em comparação com o capitalismo. A elevação do nível de vida dos povos dos países socialistas é uma grande força de atração para a classe operária de todos os países capitalistas. Os êxitos da comunidade socialista serão uma espécie de catalisador e um fator revolucionário para a expansão da luta de classes nos países capitalistas e a vitória da classe operária sobre o capitalismo.
Os povos que empreendem o caminho do socialismo herdam do passado uma economia e uma cultura que se encontram em níveis distintos. Porém independentemente disso — e como exemplo pode servir a União Soviética e os países de democracia popular —, o socialismo desperta potentes forças produtivas para a vida. A União Soviética já superou os países capitalistas mais desenvolvidos da Europa no progresso econômico, ocupa o segundo lugar, e num futuro não muito longe passará a ocupar o primeiro posto, no mundo. Os demais países do socialismo também alcançaram sensíveis êxitos. O regime socialista é tão progressista que permite aos povos liquidar em ritmo rápido o atraso, alcançar os países mais adiantados e lutar junto com eles na mesma fileira pela edificação do comunismo.
Tudo isso anima os povos e lhes infunde confiança em que podem marchar pela via do socialismo e alcançar êxitos neste caminho, independentemente do nível de desenvolvimento histórico em que se encontram hoje em dia. A marcha dos povos para a nova vida está facilitada pelo fato de que podem escolher o melhor da experiência mundial na edificação do socialismo, levando em consideração tanto o positivo como o negativo da experiência na edificação socialista.
Quanto mais rápido se desenvolvam as forças produtivas dos demais países socialistas, quanto mais se eleve o potencial econômico dos mesmos, tanto mais forte será a influência da comunidade socialista no ritmo e orientação de todo o progresso histórico em prol da paz e do triunfo total do socialismo.
Nosso partido parte de que na época atual existem condições internacionais e internas favoráveis para a passagem de novos países para o socialismo. Isto é justo tanto em relação aos países capitalistas desenvolvidos, como em relação aos países que conquistaram recentemente a independência nacional.
O processo revolucionário mundial se desenvolve com maior amplitude abarcando a todos os continentes. A luta da classe operária nos países capitalistas desenvolvidos e o movimento de libertação nacional estão estritamente vinculados e se favorecem mutuamente. A marcha do progresso social conduziu a que a luta revolucionária, independentemente do país onde se desenvolva, esteja apontada contra o principal inimigo comum, o imperialismo e a burguesia monopolista.
Os partidos marxista-leninistas de todo o mundo têm diante de si o objetivo comum de mobilizar todas as forças na luta pela conquista do poder pelos operários e camponeses trabalhadores e pela edificação do socialismo e do comunismo. Ao traçar a linha tática de sua luta, cada partido comunista deve levar em consideração a experiência de todo o movimento comunista mundial e prestar atenção àqueles interesses, finalidades e tarefas que se propõe nosso movimento em conjunto e à linha geral do mesmo no período dado.
Mas com tudo isso, a elaboração das formas e métodos de luta pelo socialismo é assunto interno da classe operária de cada país e de sua vanguarda comunista. Nenhum outro partido irmão, independentemente de seus efetivos prestígio e experiência, pode precisar a tática, as formas e os métodos da luta revolucionária em outros países. A revolução é obra das mais amplas camadas populares. A análise exata da situação concreta e a apreciação correta da correlação de forças é uma das condições primordiais da revolução. Não é possível conter o ímpeto revolucionário das massas na luta pelo triunfo da revolução socialista quando para isso tenham amadurecido as condições objetivas e subjetivas. Isso significaria a morte. Porém tampouco é possível estimular artificialmente a revolução se para isso não amadureceram as condições. Um levantamento prematuro, e assim o ensina a experiência da luta revolucionária de classes, está condenado ao fracasso. Os comunistas chamam os trabalhadores a marchar sob a bandeira vermelha para triunfar na luta por uma vida melhor na terra, e não para morrer, ainda que seja heroicamente. O heroísmo e o espírito de sacrifício, indispensáveis nos combates revolucionários, não são necessários em si, mas sim em prol do triunfo das grandes idéias do socialismo.
O PCUS saudou e saudará a classe operária revolucionária e os trabalhadores de todo país, que encabeçados por sua vanguarda comunista, aproveitem habilmente a situação revolucionária para assestar um golpe demolidor ao inimigo de classe e instaurar um novo regime social.
A tática e a política dos partidos comunistas dos países capitalistas têm traços comuns especiais, ligados com a etapa atual da crise geral do capitalismo e com a correlação de forças existente na arena mundial. Como resultado do desenvolvimento do capitalismo monopolista de estado, não só se agravaram as contradições da sociedade capitalista, que surgiram anteriormente, como se engendraram outras novas. O capitalismo monopolista de estado conduziu a um maior estreitamento da base social do imperialismo no interior do país e à concentração do poder nas mãos de um estreito grupo dos monopolistas mais influentes. Isto engendra em outro pólo uma corrente antimonopolista única, que inclui a classe operária, o campesinato e algumas outras camadas da sociedade capitalista, interessadas em libertar-se da onipotência dos monopólios e da exploração, e na passagem ao socialismo.
Em nossa época cresce sensivelmente a importância dos movimentos democráticos: a luta pela paz geral, por conjurar a catástrofe mundial termonuclear, por manter a soberania nacional, por defender a democracia contra os ataques do fascismo, pelas reformas agrárias, pelo movimento humanista em defesa da cultura, etc..
Nosso Partido se mantém firmemente nas posições leninistas, se atém à declaração de que a revolução socialista não está ligada inevitavelmente com a guerra. É certo que as guerras mundiais entranham revoluções triunfantes, porém as revoluções podem realizar-se sem guerra.
Se os comunistas vinculassem o triunfo da revolução socialista com a guerra mundial, isto não somente não despertaria simpatias para com o socialismo, como afastaria as massas do mesmo. Com os meios atuais de fazer a guerra e as espantosas conseqüências destrutivas dos mesmos, semelhante chamamento favoreceria somente aos nossos inimigos.
A classe operária e sua vanguarda — os partidos marxista-leninistas —tendem a realizar a revolução socialista pela via pacífica, sem guerras civis. A realização desta possibilidade corresponderia aos interesses da classe operária e de todo o povo, aos interesses nacionais do país. Junto com isso, a escolha da via de desenvolvimento da revolução não depende somente da classe operária. Se as classes exploradoras recorrem à violência contra o povo, a classe operária se verá necessitada de recorrer à via não pacífica para a tomada do Poder. Tudo dependerá das condições concretas, da distribuição das forças das classes no interior do país e no âmbito internacional.
Compreende-se que, independentemente da forma em que se realize a passagem do capitalismo ao socialismo, essa passagem só será possível mediante a revolução socialista e a ditadura do proletariado em suas distintas formas. Valorizando de forma rigorosa a luta abnegada da classe operária, encabeçada pelos comunistas, nos países do capital, o PCUS considera seu dever prestar-lhes toda a ajuda e apoio possíveis.
Nosso partido considera o movimento libertador nacional parte componente do processo revolucionário mundial e potente força que destrói a frente do imperialismo. Os povos das antigas colônias se erguem em toda sua estatura para a criação histórica independente e buscam as vias para o auge de sua cultura e economia nacionais. O incremento das forças do sistema socialista contribui ativamente para a libertação dos povos oprimidos, para a conquista da independência econômica por eles, para o desenvolvimento ulterior e expansão do movimento libertador nacional e para sua luta contra todas as formas de colonialismo velho e novo.
O movimento de libertação nacional entrou na fase final da liquidação dos regimes coloniais. Já não está longe a hora em que todos os povos que ainda se encontram sob o jugo dos colonialistas conquistem sua liberdade e independência. Os povos que se libertam se enfrentam de cheio com o problema de fortalecer a independência política, de liquidar o atraso econômico e cultural e de liquidar todas as formas de dependência do imperialismo.
As tarefas urgentes do renascimento nacional nos países que se libertaram do jugo colonial só podem levar-se a feliz termo lutando resolutamente contra o imperialismo e os restos de feudalismo e reunindo em uma frente única nacional todas as forças patrióticas da nação: a classe operária, o campesinato, a burguesia nacional e a intelectualidade democrática.
Os povos que lutam por sua libertação nacional e os que já conquistaram a independência política, deixaram ou deixam de ser reserva do imperialismo, com o apoio dos estados socialistas e de todas as forças progressistas infligem derrotas com maior freqüência às potências e coalizões imperialistas.
Os jovens Estados nacionais se desenvolvem sob a emulação dos dois sistemas sociais mundiais. Esta circunstância exerce enorme influência no desenvolvimento econômico e político dos mesmos e na escolha das vias pelas quais marcharão no futuro. Os Estados que conquistaram recentemente sua liberdade nacional não fazem parte nem do sistema de Estados socialistas, nem do sistema de Estados capitalistas, porém a imensa maioria deles ainda não escapou da órbita da economia capitalista mundial, ainda que ocupe um lugar especial no mesmo. Isto é ainda uma parte do mundo explorado pelos monopólios capitalistas.
Agora, que a independência política foi conquistada, passa ao primeiro plano a luta dos jovens estados soberanos contra o imperialismo, pelo renascimento definitivo nacional e pela independência econômica. A conquista da plena independência pelos países subdesenvolvidos significará um novo e sensível debilitamento do imperialismo, pois em tal caso seria destruído inevitavelmente todo o sistema atual de espoliação e desigualdade na divisão internacional do trabalho, se minaria o fundamento da exploração econômica da "aldeia mundial" pelos monopólios capitalistas. O desenvolvimento da economia nacional independente nos países subdesenvolvidos, que se apóia na ajuda eficiente do sistema socialista, infligirá um novo e sensível golpe ao imperialismo.
Na luta pela conquista e garantia da independência é necessário coesionar por todos os meios a todas as forças da nação dispostas a lutar contra o imperialismo. A ala direita da burguesia nacional, que tende a manter sua situação dominante depois da conquista da independência, por algum período trata de instaurar regimes políticos reacionários e desencadear perseguições contra os comunistas e outros democratas. Entretanto, estes regimes são de pouca duração na medida porque obstaculizam o progresso e a solução das tarefas nacionais urgentes, antes de tudo, a realização da independência econômica e o desenvolvimento das forças produtivas. Eis aqui porque, apesar do apoio ativo por parte dos imperialistas, estes regimes serão varridos pela luta das massas populares.
O PCUS considera a união fraternal com os povos que se libertaram do jugo colonial e com os povos semicoloniais como uma das pedras angulares de sua política internacional. Nosso Partido considera um dever internacionalista ajudar aos povos que marcham pela via da conquista e do fortalecimento da independência nacional e a todos os povos que lutam pela liquidação total do sistema colonial. A União Soviética apoiou e apóia as guerras sagradas dos povos por sua liberdade, prestando todo tipo de ajuda moral, econômica, militar e política ao movimento de libertação nacional.
O povo soviético prestou uma grande ajuda ao povo argelino quando este lutava contra os colonialistas franceses. Fornos os primeiros a estender a mão em ajuda ao povo do Yemen quando se levantou contra a escravidão em seu país. Nós prestamos uma ajuda multilateral ao povo indonésio em sua luta pela libertação do Irian Ocidental contra os imperialistas holandeses, que se apoiavam nos imperialistas dos EUA. Saudamos a luta do povo indonésio pela libertação do Kalimantan Setentrional.
Os velhos e novos colonialistas tecem redes de intrigas e conspiram contra o movimento libertador dos povos do Sudeste da Ásia. Nossas simpatias e ajuda invariavelmente estão ao lado dos que lutam por sua liberdade e independência nacional. Estamos profundamente convencidos de que os povos do Vietnã do Sul e da Coréia do Sul, apesar de todos os esforços dos imperialistas norte-americanos e de seus títeres, lograrão o triunfo na luta e conseguirão a integração de seus territórios pátrios.
Ao declarar-se contra a exportação da revolução, nosso partido fez e faz todo o possível para cortar o caminho à exportação da contra-revolução. Estamos firmemente convencidos de que a concatenação e a unidade de ação das três grandes forças revolucionárias da atualidade — os povos que edificam o socialismo e o comunismo, o movimento operário revolucionário internacional e o movimento libertador nacional — constituem o fundamento da luta dos povos contra o imperialismo e a garantia do triunfo dos mesmos.
Toda a marcha do progresso mundial nos últimos anos confirmaram integralmente a justeza da linha do movimento comunista, que tem causado magníficos resultados na prática. Graças à realização desta linha, as forças que lutam contra o imperialismo, pela paz, pela independência nacional e pelo socialismo lograram novos êxitos. O PCUS considera seu dever plasmar em vida conseqüente e invariavelmente esta linha.
Estamos profundamente convencidos de que não existe fundamento algum para revisar esta linha.
Junto com isso, o CC do PCUS considera que seria proveitoso no curso dos preparativos para a conferência, e também na própria Conferência de Representantes dos Partidos Comunistas e Operários, trocar opiniões sobre o novo com que a vida tem enriquecido durante os últimos anos a linha do movimento comunista internacional, marcada nas Declarações. Vocês em sua carta, queridos camaradas, destacam justamente que a garantia de todos nossos êxitos é o fortalecimento da unidade das fileiras do movimento comunista e da coesão dos países socialistas. Nos últimos tempos, o PCUS expôs reiteradas vezes em seus Congressos e nos encontros comunistas internacionais como compreende os princípios das relações entre os partidos marxista-leninistas. Nós destacamos perante o mundo inteiro que no movimento comunista, da mesma forma que na comunidade socialista, todos os partidos comunistas e operários, todos os países socialistas foram e são completamente iguais. No movimento comunista não há partidos "superiores" e "inferiores". Não pode ser de outra maneira. O caudilhismo de qualquer partido ou o aparecimento de qualquer hegemonia não é nada positivo, e sim negativo, para o movimento operário e comunista internacional. Todos os partidos comunistas são independentes e iguais, todos respondem pela sorte do movimento comunista, de suas vitórias e reveses, e todos devem basear suas relações no internacionalismo proletário e na ajuda mútua.
Nós partimos também do critério de que o internacionalismo proletário impõe obrigações iguais a todos os partidos, grandes e pequenos, sem exceções para nenhum. Todos os partidos devem preocupar-se por igual de que sua atividade se assente nos princípios marxista-leninistas e corresponda aos interesses do fortalecimento da unidade dos países socialistas e de todo movimento comunista e operário mundial.
A formação e o desenvolvimento do sistema socialista mundial infunde particular importância ao problema da existência de relações justas entre os partidos marxista-leninistas. Os Partidos Comunistas e Operários nos países do socialismo são partidos governantes que respondem pela sorte de seus Estados e de seus povos. Nestas circunstâncias, a violação dos princípios marxista-leninistas das relações entre os partidos não só pode afetar os interesses dos partidos, mas também os interesses das amplas massas populares.
O PCUS, guiado por altos interesses de nossa causa, liquidou os efeitos do culto à personalidade de Stalin e fez todo o necessário para restabelecer totalmente os princípios leninistas da igualdade nas relações entre os partidos irmãos e de respeito à soberania dos países socialistas. Isto jogou um enorme papel positivo para reforçar a unidade de toda a comunidade socialista. Criou-se uma situação favorável para que nossa amizade se fortalecesse em pé de igualdade, de respeito à soberania de cada Estado, da ajuda mútua e da colaboração camarada, do cumprimento voluntário do dever internacional de cada país. Ao mesmo tempo, quiséramos reforçar que a igualdade socialista não quer dizer unicamente ter direito igual a participar na elaboração coletiva da linha comum, mas também responsabilidade igual dos partidos irmãos dos países socialistas pela sorte de toda a comunidade.
Na Declaração da Conferência de Moscou dos partidos irmãos se destacou a tese de que é indispensável a aliança mais estreita dos países que se desgarram do capitalismo, a unificação de seus esforços na construção do socialismo e do comunismo. Os interesses de todo o sistema socialista e os interesses nacionais se conjugam harmoniosamente. A vida prova que cada país pode resolver o melhor possível seus problemas nacionais unicamente em estreita colaboração com os demais países socialistas, baseando-se na verdadeira unidade e na ajuda mútua.
Nossa unidade e nossas ações solidárias não surgem por acaso. Elas vêm impostas por uma necessidade objetiva e são resultado de uma atividade consciente e da política internacionalista, tendente a um fim, dos partidos marxista-leninistas, e de seu desvelo incansável pela coesão de nossas fileiras.
Nós não fechamos os olhos diante do fato de que nas relações entre os países socialistas podem surgir distintas interpretações de uns ou outros problemas da edificação interior e do movimento comunista internacional, uma distinta visão das formas e métodos de nossa colaboração. Isto é possível, pois os países do sistema mundial do socialismo se encontram em etapas distintas da construção da nova sociedade, nem todos têm a mesma experiência de relações com o mundo exterior. Tampouco podemos excluir que a causa das divergências possa ser também um enfoque distinto da solução de alguns problemas do marxismo-leninismo por uns ou outros partidos irmãos. O exagero do papel das peculiaridades específica nacionais pode apartar-nos do marxismo-leninismo. O desprezo das particularidades nacionais pode apartar-nos da vida, das massas, prejudicar o socialismo.
Tudo isso obriga a preocupar-nos constantemente pela elaboração de meios e métodos que nos permitam resolver, a partir de posições de princípio, com o mínimo dano para nossa causa comum, as divergências que surjam.
Nós comunistas podemos discutir entre nós. Porém em todos os casos nosso dever sagrado segue sendo o de educar nossos povos no espírito de profunda solidariedade com todos os povos da comunidade socialista. Nós comunistas estamos obrigados a inculcar aos povos não somente o amor a seu país, mas também para com toda a comunidade socialista, para com todos os povos, e educar a cada pessoa que viva em qualquer país socialista na compreensão de seu dever fraternal em relação aos trabalhadores de todo o mundo. Deixar de fazê-lo, significaria violar o primeiro preceito dos comunistas, que lhes obriga a coesionar os partidos marxistas-leninistas e os povos que edificam o socialismo e a guardar a unidade como as meninas dos olhos.
As divergências ideológicas e táticas não devem ser utilizadas sob nenhum pretexto como fonte para avivar os sentimentos e preconceitos nacionalistas, a desconfiança e hostilidade entre os povos socialistas. Com toda responsabilidade declaramos que o PCUS nunca deu nem dará um só passo que possa semear entre os povos de nosso país a hostilidade em relação ao povo irmão chinês e para com outros povos. Pelo contrário, em todas as circunstâncias nosso Partido propaga invariável e consequentemente as idéias do internacionalismo e da amizade estreita com os povos dos países socialistas e com todos os povos do mundo. Consideramos de importância remarcar que confiamos em quë também o CC do PCCh compartilha esta posição.
Nos movimentos internacionais comunista, operário e de libertação é necessário unir os esforços comuns, mobilizar os povos na luta contra o imperialismo. O lema combativo de "Proletários de todos os países, uni-vos", lançado por Marx e Engels, significa que a base desta união está na solidariedade antiimperialista de classes, e não na nacionalidade, na cor da pele ou no princípio geográfico. A coesão das massas para a luta contra o imperialismo unicamente de acordo com o princípio de pertencer a um ou outro continente — quer seja África, Ásia, América Latina ou Europa — pode prejudicar os povos em luta. Isto não seria uma união, e sim na essência desunião das forças da frente única antiimperialista.
A força do movimento comunista internacional reside na fidelidade ao marxismo-leninismo e ao internacionalismo proletário. O PCUS lutou e lutará contra o desvio do marxismo-leninismo e contra toda classe de oportunismo. Nós mantemos firmemente as teses da Declaração do ano de 1960 nas quais se indica a necessidade de lutar em duas frentes: contra o oportunismo de direita e de esquerda. Na Declaração se destaca justamente que o perigo principal no movimento comunista mundial é o revisionismo e se indica, junto com isso, a conveniência de lutar resolutamente contra o sectarismo e o dogmatismo, que podem converter-se no perigo principal em uma ou outra etapa de desenvolvimento de alguns partidos se contra eles não se luta consequentemente.
Nosso Partido, guiando-se pelos interesses do fortalecimento da unidade do movimento comunista mundial conforme aos princípios do marxismo-leninismo, também no futuro seguirá lutando decididamente tanto contra o oportunismo de direita, como contra o de esquerda, hoje não menos perigoso que o revisionismo. Nós continuamos sendo intransigentes nas questões de princípio e fundamentais da teoria e da tática do movimento comunista, seguimos lutando contra o revisionismo e o sectarismo e não poupamos esforços para, mediante um exame paciente camarada, aclarar as questões nas quais se tem revelado uma interpretação distinta, limpar o caminho de tudo o que se tem acumulado e que obstaculiza nossa coesão. Nós partimos de que ao criticar estes ou aqueles erros sobre questões de princípio do marxismo-leninismo, os partidos irmãos, como também as conferências internacionais do movimento comunista, se propõem indicar o perigo que encerra este gênero de erros e ajudar a soluciona-los, e não a eternizá-los. Nós tendemos a cooperar para a coesão em todos os sentidos, e não a desunir as forças revolucionárias e cercear uns ou outros destacamentos de nosso movimento. Compreende-se que os comunistas não podem fazer concessões em questões de princípio da teoria marxista-leninista.
O PCUS, como partido internacionalista, estuda atentamente a experiência de luta dos partidos marxista-leninistas de todos os países do mundo. Nós estimamos altamente a luta da classe operária e de sua vanguarda revolucionária, os partidos comunistas da França, Itália, EUA, Inglaterra e de outros países capitalistas, os partidos comunistas dos países da Ásia, África e América Latina que lutam heroicamente contra a prepotência dos monopólios imperialistas, do colonialismo e do neocolonialismo, pela liberdade nacional e social.
Os partidos comunistas se converteram em forças influentes das nações, em destacamentos avançados de lutadores pela felicidade de seus povos. Não é casual que a reação descarregue sobre os comunistas golpe atrás de golpe, tratando de submeter sua vontade. Em sua luta contra o movimento comunista, a reação esgrime a gasta mentira da "mão de Moscou", isto é, como se os partidos comunistas não fossem uma força nacional e sim que praticassem a política de outro país e fossem instrumento seu. Os imperialistas fazem isso com pérfido desígnio, para lutar contra a crescente influência dos partidos comunistas, para provocar a desconfiança neles por parte das massas populares, para justificar as repressões policiais contra os comunistas.
Mas todas as pessoas honestas sabem que os partidos comunistas são precisamente os autênticos expoentes e defensores dos interesses nacionais, fiéis patriotas que unem na luta pela felicidade do povo seu amor à Pátria e o internacionalismo proletário. O PCUS considera um dever seu apoiar por todos os meios a luta heróica de seus irmãos,nos países do capital e reforçar a solidariedade internacional com eles.
Estas são, em traços gerais, algumas de nossas considerações sobre importantes questões de princípio do movimento atual e da estratégia e da tática do movimento comunista internacional, que consideramos oportuno expor nesta carta.
Firmemente convencidos de que o atual rumo do movimento comunista internacional, exposto nas Declaração dos partidos irmãos, é o único justo, estimamos que na próxima entrevista de representantes do PCUS e do PCCh seria oportuno discutir os seguintes problemas mais importantes da atualidade:
1. Problemas da luta pelo fortalecimento sucessivo do poderio do sistema socialista mundial e transformação deste em fator decisivo do desenvolvimento da sociedade humana, principal traço distintivo de nossa época. Nós poderíamos discutir conjuntamente como assegurar melhor e mais rapidamente o triunfo dos países socialistas na emulação econômica pacífica com o capitalismo;
2. Problemas da luta pela paz e pela coexistência pacífica. Necessidade de unir esforços de todas as forças pacíficas para conjurar uma nova guerra termonuclear mundial. Formação e fortalecimento da mais ampla frente única de partidários da paz. Denúncia da essência reacionária do imperialismo. Elevar a vigilância e mobilizar as amplas massas do povo para lutar contra os preparativos dos imperialistas com o fim de desencadear uma nova guerra mundial, para frustrar os planos agressivos dos imperialistas e isolar as forças da reação e da guerra. Implantação do princípio leninista da coexistência pacífica de Estados com sistemas sociais distintos nas relações internacionais. Luta pelo desarmamento geral e completo e liquidação das seqüelas da Segunda Guerra Mundial;
3. Problemas da luta contra o imperialismo, encabeçado pelos EUA. Aproveitamento, em benefício de nossa causa, do relaxamento das posições do capitalismo, da crescente instabilidade de todo o sistema capitalista de economia mundial, do agravamento das contradições do capitalismo e, antes de tudo, das contradições entre o trabalho e o capital, da profunda crise da ideologia e da política burguesas. Apoio à luta de classes e revolucionária dos trabalhadores dos países capitalistas contra os monopólios por sua emancipação social, por acabar com a exploração do homem pelo homem e pela ampliação dos direitos democráticos e das liberdades dos povos;
4. Problemas do movimento de libertação nacional., Apoio e desenvolvimento máximo da luta de libertação nacional dos povos. A luta pela liquidação completa e definitiva do colonialismo e neocolonialismo em todas as suas formas. Apoio aos povos que lutam contra o colonialismo e também aos países que conquistaram sua libertação nacional. Desenvolvimento da colaboração econômica e cultural com estes países;
5. Problemas do fortalecimento da unidade e coesão da comunidade socialista e das fileiras do movimento comunista. Necessidade de coesionar ao máximo o movimento comunista internacional, a força política mais influente de nosso tempo, especialmente quando a reação imperialista se une para lutar contra o comunismo. Inadmissibilidade de que se produza qualquer tipo de ações que possam minar esta unidade, e respeito solidário por parte de cada partido irmão aos critérios e conclusões elaborados em comum. Continuação da luta contra o revisionismo e o dogmatismo, como condição inelutável para garantir a pureza do marxismo-leninismo, seu desenvolvimento criador e os êxitos ulteriores do movimento comunista. Fomento das relações mútuas dos partidos irmãos, assentadas nos princípios do internacionalismo proletário e na ajuda e no apoio recíprocos. Elaboração de medidas conjuntas para intensificar a luta ideológica e política contra o imperialismo e a reação.
Nas conversações podem tratar-se todos os pontos expostos em sua carta, que são de interesse geral e se deduzem das tarefas da luta pela aplicação dos acordos das conferências de Moscou. Seria de grande importância discutir os problemas vinculados com o fortalecimento da coesão entre a URSS e a RPCh.
Em sua carta vocês tocam os problemas albanês e iugoslavo. Como já lhes escrevemos, consideramos que estas questões, ainda que de princípio, não podem nem devem obscurecer os principais problemas do momento atual, que requerem ser examinados em nossa entrevista.
Ao condenar as ações divisionistas dos dirigentes albaneses, nosso Partido deu, ao mesmo tempo, os passos necessários para normalizar as relações do PAT com o PCUS e outros partidos irmãos. Apesar de que nos últimos tempos os dirigentes do PAT lançaram e continuam lançando reiteradamente ataques caluniosos contra nosso Partido e o povo soviético, nós, guiados pelos interesses supremos, não renunciamos à idéia de que as relações entre o PCUS e o PAT podem ser melhoradas.
Em fins de fevereiro deste ano, o CC do PCUS tomou uma vez mais a iniciativa e propôs ao CC do PAT realizar uma entrevista bilateral de representantes de nossos partidos. Entretanto, tampouco este ato camarada surtiu o efeito desejado na direção albanesa. Os dirigentes do PAT não consideram necessário sequer receber nossa carta, na qual se fazia a proposta do CC do PCUS de ter uma entrevista bilateral. Mais tarde, pelo visto compreendendo as coisas, os dirigentes albaneses enviaram uma carta, na qual, após colocar uma série de condições e fazer várias advertências, falam desta entrevista. Manifestam-se de verdade desejo nisso, nós estamos dispostos a realizá-la.
Referente à Iugoslávia, nós, partindo da análise e da apreciação das condições objetivas econômicas e políticas que ali existem, consideramos que é um país socialista e nas relações com ele tendemos a lograr a aproximação da RPFY da comunidade socialista, o que corresponde à linha dos partidos irmãos de unir todas as forças antiimperialistas do mundo. Também levamos em consideração certas tendências positivas que têm lugar durante os últimos tempos na vida econômica, social e política da Iugoslávia. Junto com isso, o PCUS vê sérias divergências com a Liga dos Comunistas da Iugoslávia em uma série de questões ideológicas e considera necessário falar abertamente disso aos camaradas iugoslavos, criticando aqueles pontos de vista que considera incorretos.
Na carta de 9 de março do ano de 1963 o CC do PCCh manifesta sua conformidade conosco em que hoje se iniciou um momento de muita responsabilidade na vida do movimento comunista internacional. De nós, de nossos partidos e da justeza de nossa política dependerá o fato de que marchemos adiante unidos na mesma formação ou contender-nos numa luta prejudicial para a classe operária, para os povos de nossos países e todos os trabalhadores, luta que só pode conduzir ao distanciamento recíproco, ao enfraquecimento das forças do socialismo e à ruptura da unidade do movimento comunista internacional.
É certo que o PCUS e o PCCh, como partidos grandes e fortes, sairiam desta situação menos prejudicados, porém para outros partidos irmãos, especialmente para os que trabalham em condições difíceis, se criariam grandes dificuldades inúteis, o que, como se compreende, não é nosso objetivo.
Tudo depende de como se opere nesta séria e complexa situação, de se se marcha pelo caminho da polêmica deixando-se arrastar pelas paixões e transformando a discussão em pendência, em acusações e ataques infundados contra os partidos irmãos, ou de si, tomando consciência da grande responsabilidade pela sorte de nossa grande causa, se dirige o desenvolvimento dos acontecimentos por outro caminho, se tem valor para situar-se acima do que nos divide hoje e suspendendo a polêmica nada camarada se concentram os esforços na busca do caminho para fortalecer a colaboração combativa soviético-chinesa e reforçar a amizade de todos os partidos irmãos.
Compreendemos que sem luta de opiniões não se consegue nenhum avanço, incluído o comunista. Entretanto, nenhum tipo de divergência e nenhum tipo de descontentamento pela conduta de um ou outro partido pode justificar métodos de luta que prejudicam os interesses do movimento comunista internacional. Com tanta maior profundidade e amplitude compreendamos os fins e tarefas da classe operária internacional, com tanta maior energia devemos conseguir que nossas divergências, por muito sérias que pareçam hoje, possam ser analisadas tranqüilamente com o objetivo de que ditadas divergências não obstaculizem nosso trabalho positivo e não desorganizem a atividade revolucionária da classe operária internacional.
Lutemos juntos para manter consequentemente o curso marxista-leninista no movimento comunista internacional, lutemos contra o revisionismo e o dogmatismo, pela coesão das fileiras do movimento comunista internacional, pelo respeito à linha elaborada coletivamente, contra todas as violações e interpretações distorcidas da mesma.
Nosso Partido não se deixa arrastar pelo frenesi da luta polêmica, e sim, consciente de nossa responsabilidade comum perante o movimento comunista internacional, trata de parar o perigoso processo de deslizamento para uma nova etapa de discussões. Para todo o mundo é evidente que nós encontraríamos não poucos argumentos para expor em defesa da linha leninista do PCUS, em defesa do rumo geral do movimento comunista internacional, em resposta a ataques infundados lançados nos últimos artigos publicados na imprensa chinesa. E se não o fazemos agora é porque não queremos dar essa alegria aos inimigos do movimento comunista. Confiamos que será compreendido o nocivo da agudizada polêmica e que serão colocado acima de tudo os interesses da coesão do sistema socialista e do movimento comunista internacional. Por isso não lhes propomos a entrevista para agravar a luta, e sim para chegar a um entendimento nos problemas mais importantes surgidos no movimento comunista internacional.
Temos consciência de que esta entrevista é esperada por nossos amigos em todos os países do mundo, tendo grande esperanças depositadas nela. De nós, de nossa vontade e juízo depende que nossa entrevista dê frutos que encham de alegria nossos amigos e entristeça os inimigos do comunismo. Esta será nossa contribuição conjunta à luta por libertar a todos os oprimidos, pela vitória da paz e do socialismo na Terra, pelo triunfo da grande doutrina revolucionária do marxismo-leninismo.
Com saudações comunistas
Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética
30 de março de 1963.