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Fonte: Documento interno do Círculo Cultural de Setúbal.
Nota: Este documento é o segundo de tres documentos escritos por facções diversos que apresentam alternativas à Proposta de Programa de Acção.
Transcrição e HTML: Graham Seaman.
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Neste aspecto resolvemos fazer uma análise o mais profunda possível sobre o funcionamento da Comissão Directiva. Contudo rejeitamos as criticas que têm sido feitas de uma forma superficial e caluniosa, que não se baseiam numa análise correcta e objectiva.
Em primeiro lugar é de salientar a falta de militância de alguns elementos da Comissao Directiva que assim se viu limitada a um número insuficiente e incerto de pessoas, nao só no que respeita às reuniões como à organizaçao das realizaçoes. Por outro lado verificou-se o isolamento da Comissão em relação à maioria dos associados, facto que foi muitas vezes [ligado?] com o espirito elitista. Consideramos no entanto que este isolamento tem causas muito mais profundas, tal como: falta de contacto directo com os associados que frequentam o Círculo, através de reuniões periódicas para organizar as tarefas mais urgentes, bem como discutir prioridades de intervençao a todos os níveis, e ainda a insuficiente projecção externa do Círculo a nível da cidade, embora tenha sido o ano em quê à colectividade mais saiu fora da sede. Esta insuficiência agrava-se com a ausência de cobertura das realizações no jornal da cidade, assim como a nível da agitação e propaganda.
Muito se poderia também ter feito no que respeita às realizaçoes na sede, como por exemplo: Debates, Colóquios e outras realizaçoes afins. No entanto a não efectivação deste tipo de realizações está directamente ligada ao reduzido número de elementos que impulsionavam e organizavam as actividades.
Quanto às secções, todos nós sabemos que não funcionaram ou funcionaram mal (excepto o Teatro e a secção escolar), fazendo-se mais uma vêz sentir o fraco potencial humano parcialmente derivado à ausencia de contacto com a secção escolar nas actividades da colectividade. Assim verificamos que as realizaçoes efectuaram-se básicamente com o Grupo de Teatro, não havendo uma intervençao global ao nível de todas as secçoes do Círculo. Queremos com isto dizer que em cada local a que o Teatro se deslocou deviam-se ter deslocado também as restantes secçoes cujas actividades completariam as representações teatrais. Por outro lado, pensamos que o trabalho das secções não deve ser separado. Pode e deve haver um interligação das diversas secções com base nas suas actividades. Digamos que as secções do Círculo deverão completar-se umas às outras. Neste aspecto pouco ou nada se fêz para alcançar esta interligação, expecialmente importante para as exigências de uma actividade externa.
Por outro lado, em relacção ao Cinema constata-se que o trabalho poderia ter sido mais frutuoso. A fraca afluência nas últimas projecções de filmes no Salão pode-se explicar, não só pela propaganda deficiente come também pela desmobilização que certos filmes de má qualidade provocavam. Isto, porque não havia um grupo de colaboradores que se ocupasse essencialmente dum trabalho de planificação dos filmes a projectar, bem como de documentação para o auxilio à compreensão daqueles. Ainda nesta secção criticamos a falta de contactos com outras colectividades e grupos culturais no sentido de projecção conjunta de cinema, e a inexistência de trabalho em filmes de l65mm, cinema que permite uma grande mobilidade e um trabalho politicamente muito útil a nível de bairros e fábricas.
"Submetidos a uma tradiçao cultural de classe, a ideologia burguesa impôs aos trabalhadores a criação de um novo conteúdo cultural. A agitação cultural é um elemento essencial para à tomada de consciência politica das massas. Para isso essa expressâo deve corresponder à vontade de transformação social pela eleminação da exploraçao a todos os níveis: económicos, sociais e ideológicos. É por isso que as actividades de animação e agitação devem ser um processo de reflexao e para além disso, processo activo de transformaçao de una situaçao." (em "Frente Cultural", de Jácinto Rodrigues)
De uma forma genérica:
- Programar intervençoes culturais de massas veinculadas ideológicamente à defesa intransigente dos interesses de todos os explorados, preenchendo um importante papel de agitação e, contribuindo para alargar a Írente de todos aqueles que, contra o fascismo e o capitalismo se dispõem a lutar para vencer.
- Através de todos os meios ao nosso alcance apoiar e divulgar todas as lutas revolucionárias dos trabalhadores.
- Dar o nosso contributo para mobilizações, através de realizações de carácter cultural, nas fábricas, bairros e campos, de forma a catalizar e reforçar as formas de organização e coordenação dos trabalhadores.
(no Boletim "CIRCULO" nº4)
É pois dentro destes três pontos básicos, que temos de conduzir a nossa actividade para que o Círculo possa desempenhar finalmente o papel que lhe cabe na luta por uma sociedade socialista.
Vamos considerar dois pontos na nossa alternativa: a actividade externa e a organizaçao interna, que não pretendem ser dois pontos completamente distintos e separados, mas sim com uma dependencia e interligação reciproca.
Pensamos que a necessidade desta intervenção deve estar sempre presente no espirito dos associados do Círculo como base de actuaçao cultural. Estas actividades são imprescindiveis nao só para a própria dinamização das secções, pois é através das necessidades da actuaçao externa, que elas saltam quantitativa e qualitativamente para níveis superiores de organização e intervenção, mas também para a indispensável projecção externa do Círculo através da contacto com os órgaos representativos dos trabalhadores.
Assim o desenvolvinento sistemático de actividades culturais é fundamental, quer produzidos pelo Círculo, quer em colaboração com outras colectividades. Estes actividades devem ter sempre um carácter mobilizador à volta de problemas concretos que toquem a população, bem como de problemas globais e de carácter internacionalista, nunca esquecendo os objectivos politicos do Círculo.
Aqui, tanto no que respeita ao Cinema, como a outras realizações não se deve ultrapassar a importância da colaboração com outros grupos culturais e colectividades, factor fundamental para uma futura coordenaçao entre elas e para o alcance de formas de intervençao mais amplas.
No entanto, é de salientar a especial importância que reveste determinado tipo de actividade cultural, que consiste num trabalho intensivo e constante a nível dos bairros da cidade. Explicando melhor: é fundamental a intensificação da colaboração com as Comissões de Moradores e de Trabalhadores no sentido de uma intervenção cultural nos bairros e fábricas que seja feita de uma forma continua, englobando todas as secçoes do Círculo: Fotografia, Teatro, Cinema, Actividades infantis, imprensa, etc. Contudo dever-se-á sempre procurar a colaboração e a consequente formaçao de pessoas que trabalhem ou habitem nos próprios locais, para que sejam elas a tomar nas suas maõs a responsabilidade do prosseguimento das actividades. Toda esta intervençao deverá ter a divulgação indispensável no "NOVA VIDA" e através de propaganda. Não basta que os associados conheçam a actividade do Círculo. E necessário que a populaçao também contactem com o carácter e intervençao do Círculo.
Para executar este trabalho, atrás referido, o Círculo necessita de todo um aparelho orgánico que lhe possibilite cumprir tão dificil tarefa, necessita de colaboradores que ponham todo o peso da sua militância ao serviço deste projecto. As secções existentes têm de ser revitalizadas, o desenvolvimento do trabalho decidirá o surgimento de outras, Assim a revitalização das secções deverá ter sempre em conta o papel que elas irão desempenhar numa intervençao externa.
l. Realizaçoes internas.
Porém, convém não esquecer as realizações que podem e devem ser feitas na sede da colectividade. Os colóquios, os debates e outras actividades congéneres, merecem especial atençao pelo seu carácter formativo e informativo e são contributo indispensável para a consciencializaçao politica das pessoas. Como tal deverá haver uma programação trimestral deste tipo de realizações que deverá ser discutida em reunioes de colaboradores com o fim de se decidir quais os problemas prioritários a tratar.
2. Secções.
Em relação às secções da colectividade, consideramos que a sua dinamização e organização depende muito do interesse que conseguirmos despertar nos associados, quer através de contacto directo com aqueles que habitualmente frequentam o Círculo, quer através de uma informação detalhada das actividades elaborada periódicamente e que será levada à residência dos sócios pelo cobrador.
Começando pelo cinema, actividade que se reveste de uma especial importância, pensamos que é absolutamente necessário, ao seu bom funcionamento a criação de um grupo de trabalho que programe e planifique a projecção de filmes através de uma recolha de catálogos de todas as distribuidoras e que discuta em reuniao de colaboradores essa programação bem como o respectivo orçamento.
Por outro lado, as deslocações que serão efectuadas deverão englobar todas as secçoes e além das representações de Teatro haver simultãneamente projecção de cinema de 16 mm, reportagens e exposiçoes de fotosrafia, artigos e entrevistás sobre o local, actividades infantis, venda de livros, etc. Nao queremos aqui debruçar-nos sobre as atribuições e deveres de todas as secções, Cada uma delas tem um vasto campo de intervenção e esse campo depende das exigências duma actividade global. Interessa-nos sobretudo tratar da relação que deverá existir entre as secções. Assim, consideramos que as suas actividades não poderão ser feitas de uma forma exclusivista e fechada, mas sim, através de um intercâmbio de trabalhos de modo que umas completem as actividades das outras e vice versa, Por exemplo: A fotografia poderá prestar apoio à imprensa através de fotografias ilustrativas de artigos; O cinema apoiará os dobates e colóquios por meio de filmes que foquem os problemas a tratar, etc. Esta interligaçao poder-se-à aplicar também à secção escolar através de textos de apoio que poderão ser fornecidos pela fotografia, Teatro, imprensa e mesmo actividades infantis de acordo com as actividades escolares e com o fim de alterar um pouco o habitual esquema de ensino e despertar o gosto por determinado trabalho cultural.
3. Aspecto financeiro.
Finalmente propomos a centralização dos dinheiros de todas as secçoes através da secretaria (Tesoureiro), prevendo-se no entanto a existência de um fundo de maneio em cada secção. Todos os investimentos a fazer são provenientes de um fundo global do Círculo existente no banco, sendo os seus movimentos efectuados através de cheques. Salvaguarda-se os pedidos de subsidios especificos das secções, As prioridades de financiamento das secções sao discutidas em reuniões de colaboradores, através de um projecto elaborado pelas secções e pela Direcção. Além desta solução meramente organizativa, consideramos importante a promoção de jornadas de recolha de fundos que englobem realizações, rifas, subscrições e outros meios. Convém por fim frizar que terá de haver periódicamente reuniões de colaboradores para discussão de todos os assuntos referentes à colectividade.