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Fonte: https://ultimabarricada.wordpress.com/2019/08/30/o-que-quer-o-fascismo-nacional-sindicalista-cgt-portugal-1933/
HTML: Fernando Araújo.
De entre todas as correntes políticas, que para melhor subjugarem o proletariado, fingem perfilhar as suas justas reivindicações, encontram-se os que para melhor nos enganarem se acobertam sob uma máscara com aparências de avançados.
Vai longe o tempo em que os reacionários tinham a coragem de afirmar os seus propósitos e opiniões. Na imprensa ou na tribuna, punham claramente, os seus desejos de um movimento regressivo, que levasse as multidões à submissão da idade média. Porém, ao verificarem que o povo, farto de muitos enganos e traições, desejando emancipar-se, já não corria atrás das suas lengalengas, mudam de rumo.
Na imprensa, a reação passou a chamar-se «Revolução» e na tribuna, o Fascismo, que já se chamou Integralismo, crismou-se de Nacional-Sindicalismo. Para a farsa ser mais perfeita, dão na sua bandeira umas tintas com certos laivos de vermelho e afirmam-se partidários da Revolução Social.
Mas à medida, que se vão aproximando do poder – sua ambição suprema – vão desaparecendo esses resquícios de «socialismo» confuso, expulsos pelos seus chefes, a soldo do capitalismo financeiro.
Onde triunfa o partido da reação, o problema social agrava-se para os trabalhadores. Vê-se isso na Itália, com dois milhões de desempregados e o povo para comer pão assalta os camiões do exército que o transportam para os quartéis, caindo alguns proletários varados pelas balas dos «camisas negras» que e Portugal são «azuis».
Vê-se o mesmo na Alemanha, onde o partido da reação se chama nacional socialista e conquistou há pouco a posse do governo. O seu primeiro trabalho foi ressuscitar os ódios de raça e caminha de violência em violência, contra o proletariado alemão que não forma nos seus quadros.
As suas promessas «socialistas» desapareceram. Os sem trabalho, que são seis milhões, continuam inativos. Só arranjam colocação os chefes, que foram ocupar o lugar dos mortos e dos banidos, pelas suas ideias inconformistas. Para os outros, para os que não querem ou não têm lugar nas formações militaristas do fascismo alemão, ao serviço dos grandes banqueiros e industriais, só existe uma vaga promessa de trabalho militarizado, que mesmo assim não será para todos.
E assim sucede em todos os países onde triunfa o fascismo.
A fim de copiar essa bela obra apareceu em Portugal um partido político, atuando sob a falsa de bandeira nacional-sindicalismo e dirigido publicamente por padres, militares e patrões que sempre marcaram a sua atitude adversa às mais justas reivindicações do operariado. Por detrás destes encontram-se os homens do dinheiro, grandes acionistas dos mais poderosos bancos e empresas comerciais e industriais, a financiarem aquele movimento, pagando jantares e jornais a distribuir grátis. Querem, assim, conquistar os nosso organismos de classe para neles atuarem como agentes do corporativismo-fascista.
Esses condes e marqueses, engenheiros e técnicos, donos e diretores das empresas, que exploram o proletariado com a mais refinada crueldade, na aparência perfilham as nossas reivindicações e na realidade querem:
Mercê da situação especial que se atravessa, enfrentando a nossa organização as maiores dificuldades, julgam ser fácil a sua tarefa. A ditadura, embora discordante em alguns pontos, por questões de mando, tudo lhes tem facilitado. Para sub-secretário das corporações mandaram um dos chefes do partido nacional-fascista. Ali se está preparando a nova lei com que pretendem subjugar a nossa organização.
É contra essa tentativa que o proletariado deve pôr em guarda:
Pelas reivindicações dos trabalhadores!
Pela CGT! Pela AIT!
Viva a Revolução Social!
A Confederação Geral do Trabalho,
Portugal, Junho de 1933