A Agonia do Centrismo
Proposta de Manifesto (6)

Francisco Martins Rodrigues

1984


Primeira Edição: Teses apresentadas por FMR à I Assembleia da Organização Comunista Política Operária (OCPO)

Fonte: Francisco Martins Rodrigues - Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando A. S. Araújo.

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À corrente internacional lançada há 25 anos pelo PC da China e pelo PT da Albânia punha-se a tarefa histórica de fazer reviver o marxismo-leninismo, a partir da crítica sistemática ao revisionismo, que pusesse a nu a sua base social e o processo da sua formação política e ideológica dentro da União Soviética e do movimento comunista

Essa tarefa não chegou a ser cumprida e a nova corrente entrou em desagregação antes de chegar a tomar corpo. Os partidos comunistas da China e Albânia, incapazes de golpear o centrismo em que tinham sido moldados, recusaram a crítica ao passado numa série de questões decisivas que lhes tocavam de perto (causas da degenerescência da ditadura do proletariado na União Soviética, papel de Staline e da repressão massiva por ele desencadeada, política das Frentes Populares em Espanha e França, dissolução da Internacional Comunista, teoria da Democracia Nova e da Democracia Popular, etc.)

A tentativa de combater o revisionismo dos anos 60 a partir da plataforma centrista, semi-revisionista dos anos 30 originou, sob slogans marxistas-leninistas ortodoxos, uma corrente vacilante, enleada em contradições, sem estratégia nem táctica coerentes, incapaz de responder às tarefas actuais da revolução.

Os partidos “marxistas-leninistas”, ao esconder a sua confusão ideológica e vacilação política sob uma versão dogmatizada do marxismo e uma deformação “monolítica” do centralismo democrático, entraram em definhamento e perderam todo o poder de atracção sobre o movimento operário.

A vitória da contra-revolução burguesa na China após os combates desesperados e caóticos da “revolução cultural” provou a inviabilidade da nova corrente marxista-leninista enquanto não se pusesse a nu a origem do revisionismo e não se fizesse um corte radical com o centrismo.

Persistiu contudo o PT da Albânia na mesma rota, renegando o maoísmo para não ter que o criticar. A evolução da política interna e externa da Albânia mostra que, apesar da fidelidade proclamada ao marxismo-leninismo e da oposição intransigente as duas superpotências, se acumulam os sintomas de degeneração do socialismo, e de surgimento do nacionalismo.

Na actualidade, a situação confusa na Albânia e a crise geral em que se debatem os partidos e grupos que seguem o PTA anunciam a falência do novo centrismo e provam que não há lugar para uma plataforma intermédia entre revisionismo e marxismo-leninismo.

A grande lição a tirar da falência da corrente “marxista-leninista” (na realidade centrista) é a necessidade imperiosa de romper duma vez por todas os véus populares, democráticos, patrióticos e pacíficos com que a pequena burguesia de “esquerda” teima em recobrir os interesses próprios do proletariado. O centrismo, primeiro passo no compromisso de classe, só pode reproduzir uma e outra vez o revisionismo, a colaboração aberta de classe. E o que a classe operária precisa é duma política para si própria.


Inclusão 16/09/2018