MIA Biblioteca Luso Soares Novidades
«Aos trabalhadores e todas as massas populares, para quem fundamentalmente vão as nossas preocupações e cujo apoio, nas horas difíceis, é prova cabal da confiança que depositam no Governo, apelo daqui para que não abrandem a vigilância popular e para que, com seu civismo e o seu trabalho, contribuam para a construção de um Portugal democrático, próspero e independente.»
Vasco Gonçalves
na posse do IV Governo Provisório
23 de Março de 1975
Já o «definiram» os poetas do meu país. Uns vendo-o chegar como um princípio, o alfa de uma política aberta, franca, realmente revolucionária.
Eugênio de Andrade, por exemplo(1):
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
..........................
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Outros fixaram-no na missão de nos corrigir a têmpera da alma.
Assim, estimulante, o Egito Gonçalves(2):
Não tarda muito recomeçaremos a escrever poemas, recomeçaremos a palmilhar as rotas do exílio, recomeçaremos
a roer o novelo das nossas feridas?
O céu vai-se apagando nas estrelas.
Vão ser ainda mais precisos os teus discursos mais necessário o exemplo da tua dignidade
encontrarmos
no fogo com que vencias a natural timidez
o granito a que nos agarremos
para não descer a vertente não perdermos
a voz.
Por fim, ainda outros o retrataram no gesto sacudido e comunicativo da sua palavra portuguesa.
De António Ramos Rosa(3):
Que tenho eu a dizer
neste país
se um homem levanta os braços
e grita com os braços
o que mais oculto havia
na secreta ternura de uma boca
que era a única boca do seu povo
Que posso eu fazer senão
daqui
deste deserto
em que persisto
chamar-lhe camarada
Incapaz de me exprimir pela poesia — descobrindo por meio dela a grandeza desta figura capital da Revolução de Abril — vou desempenhar, mas de outro modo, a tarefa do meu dever de Português. Hão-de vir os historiadores que lhe farão justiça, e só peço desculpa de não ter sabido esperar. Bem preferia ler sobre do que escrever sobre Vasco Gonçalves.
Mas, enfim, venceu-me a ousadia.
Conjugando, então, um pouco de tudo o que me ocorre — ou conceitos ou factos, ou análises ou comparações, ou críticas ou enlevos — procuro o lugar histórico do Companheiro Vasco. Ensaio, deste modo, uma singular investigação, que implica determinar o seu lugar moral. E se é evidente que não abstraio de mim, como a pessoa que interpreta e descreve, sempre entretanto vou parafraseando Marx.
Asim direi que, tal como acontece com a Crítica, também a História deve ser a cabeça da paixão, não a paixão da cabeça(4). Por outras palavras: se a figura humana do Companheiro nos enternece, devemos tomar, relativamente a ela, um distanciamento que elimine ou evite a cegueira.
Este desígnio de uma séria procura conduziu-me, naturalmente, para a leitura prática (ao mesmo tempo que para a leitura teórica) da actuação de Vasco Gonçalves no período em que dirigiu quatro Governos — desde 18 de Julho de 1974, data da posse do II Governo Provisório, até 11 de Setembro de 1975, dia em que o forçaram a cessar as suas funções políticas activas. Mais assente nas sugestões eloquentes do tema, que nos episódios empolgantes da crónica do 25 de Abril, e com a noção de que todo o processo revolucionário exige um exame objectivo e desapaixonado, escrevo pois este livro com a ideia de fazer um documento em comentário.
Faço-o com a consciência forte e, obviamente, com a intenção desde já declarada de cumprir uma obrigação política.
Que isto me justifique. E que me sirva até de desculpa, se acaso me desempenho de forma imperfeita e descolorida. Vasco Gonçalves tem direito a bastante mais do que ao muito pouco que terei conseguido aduzir ou carrear para estas páginas.
Seja como for, aqui estou a prestar contas do animoso recado que me dei.
É natural, repito, que sem o recorte e o sortimento que a figura política, moral e histórica de Vasco Gonçalves, mais do que merece, antes impõe. Mas eu avanço, ciente desta necessidade de interpretar e de depor.
Num vício, porém, é que de certeza não incorro. Num vício, aliás, muito grave. E não tenho quaisquer dúvidas: os seus responsáveis produzem-no, não sem esta ou aquela intenção mais ou menos dissimulada.
Se bem entendo, parece que se pretende suspender no espaço ou no vazio o Companheiro General. Isto de modo a que dele fatalmente assim se perca todo o significado, seja de que espécie for.
Aludo, muito em concreto, ao facto de já terem qualificado Vasco Gonçalves como o participante de um nada histórico. Ou noutro modo de dizer, como o interveniente «de uma revolução que não chegou a existir». Assim escreveu Eduardo Prado Coelho em texto integrado —pelo que ele diz, à custa de muita insistência da Inova — no volume colectivo Companheiro Vasco(5).
Mas a Revolução existiu e existe.
Quando se fizer a História deste tempo — que se chama (e chamará) o da Revolução de Abril — é preciso que o fel, a bílis, o ódio e o veneno de cada um dos caluniadores, legião múltipla de lazarentos morais e políticos, não colha o fruto da sua peçonha.
Ao verem o «perigo» de Portugal vir a ser a terra de todos, eles refugiaram-se nos seus castelinhos de intriga mais ou menos inteligente. E puseram as suas línguas de víbora a minar.
Mordedura aqui, malabarismo além, lá foram conspirando. Não é hoje difícil vermos como muitos desses avejões convenceram amplos sectores de gente de que Vasco Gonçalves representava o fim da Democracia, o ocaso da liberdade cívica, um pacto satânico com as potências do mal.
É sabido que Vasco Gonçalves se mantém indiferente às vis acusações das falsas máculas que os garanhões da burguesia capitalista lhe atribuem. Por mais de uma vez não perdeu o Companheiro General a decisão de afirmar essa soberana indiferença. Mas fê-lo sempre sem qualquer acrimónia da sua parte.
Numa dessas últimas vezes, falava assim — em entrevista concedida pouco depois da demissão do V Governo Provisório:
«Os meus inimigos polarizaram os ataques contra mim: é mais fácil perante um povo que não está politicamente instruído. Concretizaram os ataques numa só pessoa, contra quem lançaram as maiores injúrias e mentiras — o que demonstra a qualidade de certos dirigentes do PS. Eu disse que não responderia a essas injúrias, nem a essas calúnias. Não sou um político, sou um militar que tem ideias muito precisas sobre a vida da sua Pátria. E por isso não separa a política da moral. Para mim, política e moral andam a par.»(6)
Este é o porte dos homens que verdadeiramente têm consciência do seu papel político e da sua missão patriótica. Este, enfim, o mudo eco das calúnias que batem nos homens grandes, porque eles não defendem o seu nome, antes sim a sua obra. Num certo paralelo a que não resisto, e se me é permitido, recordaria o gigante de São Miguel de Ceide, que a chusma dos menores retalhava com todas as injúrias morais, enquanto ele, o grande Camilo, fleumático, gelado, se deixava impávido perante as grosas de impropérios. Só quando algum homenzinho literário lhe vinha a terreiro tocar na obra, então esvurmava-se-lhe o ânimo e — ai dos atrevidos!...
Uma diferença há, porém.
A obra literária tem muito de individual e o ofendido é quem se apresenta, logicamente, como o defensor de si próprio. Com Camilo, aliás, o resultado era como se sabe a polémica. Mas, tratando-se de um homem que encarna uma função política, nacional e popular — realmente patriótica e sem os afarroncados arrobos da teatralíssima burguesia — quando a ele ofendem, é àqueles que o entendam e amam que cumpre o desagravo do esclarecimento.
Eis, nos limites das minhas forças, aquilo a que me proponho. E estas são, assim, as reflexões que faço (tão desapaixonadas quanto se impõe, repito) sobre o perfil moral, político e histórico de Vasco Gonçalves. É decerto pobre, o contributo deste livro. Mas aí vai ele na intenção de constituir uma pedra mais para a barreira oposta à expansão da calúnia, tantas vezes conseguida com permanência de séculos.
De séculos, pois!...
Estou, dizendo assim, a pensar em Catilina, que foi uma das grandes e clássicas vítimas dos fabricadores de aleives.
Invoco, efectivamente, o caso dessa figura deturpadíssima de líder popular que foi Sérgio Lúcio, a quem as cavilações, o dolo político e a endrómina pseudo-histórica de Cíceros, Salústios & vasto compadrio pintaram de traidor, conspirador, réu de muitas vilezas e senhor de nem uma só virtude. Que me desculpem o parêntesis, para falar um pouco deste exemplo romano, que é antigo e actual. Desculpem-me o desvio, que afinal talvez venham a encontrá-lo justificável.
A ver vamos.
À roda do nome Catilina criou-se um aranzel de falsidades capaz de ainda hoje fazer que muito bom incauto vá no formulário dos inimigos do povo. Todavia, a crítica moderna passou já ao trabalho de inverter o quadro. Neste sentido poderia citar, como apoio, nomes de diversos investigadores e historiadores. Mas Catilina não é aqui o tema. Constitui sim, e só, uma séria advertência.
Limito-me, então, a convidar o interessado para que, por exemplo, leia na História do Socialismo e das Lutas Sociais, de Max Beer, o n.° 4 do seu V Capítulo, ou ainda um texto, por certo mais acessível para o leitor português, com que deparamos no Capítulo XII — «Insurreição do proletariado rural» —, de As lutas sociais na Roma Antiga, de Léon Bloch.
Max Beer, de sua parte, afirmaria:
«A plebe inteira, que era partidária de transformações radicais, simpatizava com os planos de Catilina. Mas nem por isso os historiadores deixaram de representá-lo como o monstro mais acabado de todos os tempos.»(7)
Léon Bloch, porém, é muito mais explícito. Desde logo nos previne, no início do citado capítulo, de que
«ao falar das tentativas de reforma de Sulpício e Lépido, podemos verificar as odiosas deformações que uma historiografia parcial e interessada faz dos seus adversários políticos. Nenhum, todavia — acentua Bloch de seguida — foi objecto de tanta deformação como o principal líder do movimento proletário que ocorreu no ano 63 a.C. Associaram-lhe o nome, durante séculos e séculos, a um tipo misto de loucura e de crime: Lúcio Sérgio Catilina, pintado com as mais sombrias cores, tanto na Antiguidade como no nosso tempo».
E vai esclarecendo o historiador:
«Não obstante ser membro de uma antiga e nobre família patrícia e de se encontrar em vias de brilhante carreira política, é precisamente Catilina vencido por Cícero, intruso ambicioso e intrigante, descendente aliás de uma família muito obscura de cavaleiros.»
E ainda:
«Catilina estava de acordo com a Reforma Agrária proposta pelo tribuno da plebe Públio Servílio Rulo, como pode deduzir-se do seu programa eleitoral para o cargo de Cônsul, aliás tão deformado por Cícero e Salústio na versão que nos transmitiram. A verdade é esta: nobres cavaleiros provocaram violenta agitação contra a eleição do inimigo e Cícero foi eleito pari: representar o “cartel da ordem” — segundo a sua própria denominação — contra o candidato do proletariado revolucionário.»(8)
Que me desculpe o leitor, se porventura já desespera, pretendendo que lhe fale do vivo e entre nós Vasco Gonçalves, não de uma personagem que hoje é só um nome e está morta há dois milénios. No entanto, insisto um pouco mais. Que me perdoem, entendendo os meus desígnios ao evocar ainda um outro romano, aliás relacionado, na gesta, com o primeiro.
Tibério Graco — este é, na verdade, o outro que me importa aqui citar — foi um tribuno do povo, que senatoriais matracas derrearam de morte ao peso de golpes violentos. E só porque escrevera nesse tempo:
«Os animais ferozes que vivem em terras de Itália, têm pelo menos as suas tocas. No entanto, os homens que combatem e morrem por ela, esses possuem unicamente o ar que respiram e a luz do sol.»
Também Lúcio Sérgio, querendo materializar as intenções dos Gracos e de Rulo, intentara transformar este quadro de injustiça — e só por isso inventaram os Cíceros & Comparsas a negregada «conspiração de Catilina». O clássico orador, sabemos bem, apostrofou assim o adversário: Quousquem tandem Catilina abutere patientia nostra... Mas melhor entenderemos a tragédia do líder do proletariado do Lácio se lembrarmos, contra a oratória de Cícero, a prevenção que Plutarco fez na Vida de Teseu:
«É sempre perigoso ser odiado num Estado onde floresce a eloquência.»
Cícero foi no seu tempo, evidentemente, um bom parlamentar. Mas deixemos a História alheia e longínqua. À semelhança e à compita, também hoje (em 1975, mais exactamente) uns tantos também «bons parlamentares», uns escrevinhadores-toupeiras do capitalismo internacional, umas comadres interesseiras cá do burgo e uns piedosos contorcionistas (dos que pretendem passar pelo buraco dessa agulha por onde melhor escapa o camelo do versículo), toda esta gente deu em dardejar cobras e lagartos sobre, não só, a pessoa política, mas também a pessoa privada de Vasco Gonçalves.
O General do Povo não se molestou com as calúnias. Resguardou-se na dignidade simples do silêncio. Mas eu, mais chão e menos responsável, não aceito que estes diabólicos Cíceros & Salústios de décima escolha se entreguem a endrominar os lustros da História.
É assim, insisto, que me atrevo à legitimidade de uma interpretação, daquele que para um ror imenso de portugueses foi o militar, o político, o homem que melhor encarnou a Revolução.
Veja-se este livro, portanto, como um esforço de compreensão por parte do homem comum, que se propôs escrever acerca de um homem incomum. E com o relativo que é muito especialmente próprio de trabalharmos em coisas humanas, seja das mais simples e vulgares, até às instâncias mais altas das Ciências Sociais. Afigura-se-me esquivo, com efeito, o lidarmos a reflectir nelas como se nos situássemos do ponto de vista da divindade. Quero dizer: do ponto de vista do absoluto onde, almejando ver-se tudo, pouco se lobriga no final de contas.
Mas há pobres e há... deuses!—eis o que é preciso recordar, pelo menos ao leitor mais desprevenido.
Revoluídos, estes deuses, nas locubrações metafísicas da sua má consciência, saíram-se eles, pressurosos e figurados em alguns intelectuais (e outros fingidos que tais), com manifestos e protestos, a gritar que vinha aí a ditadura do Anti-Espírito. Alegaram, à cabeça, que o cilindro da uniformidade lhes plasmaria, inexorável, o salientado brilho das protuberâncias que, pelos vistos, raiam da nanocefalia dos seus génios.
Um até, como veremos no último capítulo deste livro, disfarçou a sua embofia com mil e uma preocupações, escrevendo — em «aparição» de carta-aberta ao Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves — a contar-lhe das suas apreensões e comichões. Em concurso, não fossem, todos eles, perder o carro eléctrico da História (pequena), puseram-se a conspirar — em favor da... Liberdade!
No campo ou na lavra desses senhores é mesmo difícil esquadrinhar-se coisa que verdadeiramente escape. Resulta todavia justo destacar alguém que certas pessoas podem confundir com aqueles outros. Esse manifestou-se com sinceras preocupações, ainda que — no fim de contas — com não menos virginal ingenuidade.
Foi o caso de Eduardo Lourenço, o excelente exegeta de Pessoa Revisitado.
Prenhe de Cultura e de Filosofia, a ele — diga-se o que se disser— não o fecundou certamente a Política. Está e será virgem dela. Mesmo assim, imperioso é destacá-lo pois que de modo nenhum se enquadra naquela inquietante «academia de escritores e pensadores democráticos em vias de risco».
Isto por dois motivos capitais: em primeiro lugar porque, ao longo da Revolução, sempre os textos de Eduardo Lourenço patentearam a agudeza própria de uma inteligência singular; e, em segundo momento, porque só um tolo não distingue o estardalhaço fruste da esdruxularia moral de certa gente de uma coisa antipódica desta, como é a recta intenção, ainda que frustrada. É preciso que os intelectuais e os para-intelectuais deste país tenham consciência de quanto prejudicaram e prejudicam, com fulestrias de espírito e galanices teoricoides, a marcha para o Socialismo — a qual, pintem-na como quiserem, não pode deixar de se constituir com a progressiva posse do poder pelas classes trabalhadoras.
Para o espírito agudo, aliás nem sempre fundado de Eduardo Lourenço — assim constato em O Fascismo nunca existiu — Vasco Gonçalves era o detentor ou o suporte de «um projecto político objectivamente desastroso e inaplicável à situação portuguesa actual»(9).
Que pensar desta tão radical afirmação?
Ela valeu o que se diz não se ter estado com meias medidas. Só que para o juízo da História falta-lhe, digamos, tudo. Eis-nos, salvo o devido respeito, perante uma terrível sentença, todavia revel da fundamentação que a gravidade da sua tese exigiria.
Para se dizer objectiva, ela incrustou no seu próprio seio um modo adverbial — objectivamente. Isso é bem verdade. Porém, não menos verdade é que considerações objectivas, dados demonstrativos de nexos objectivos, de causas objectivas que revelassem a culpa gonçalvista de um desastre e de uma inaplicabilidade de um projecto ao orbe social português — disso é que nada.
Esta a inconsideração — aliás tão própria de muitos intelectuais, para quem fazer e criticar hoje Economia, Sociologia, Política e mais coisas assim, é de todo fácil porque Platão o fez também abstractamente na sua República, Morus na sua Utopia e até o bispo de Hipona na distante e metafísica Cidade de Deus.
Falta-lhe, em suma, ao texto de Eduardo Lourenço, o esquema dos porquês. Por que razão, ou motivo determinante, esta ou aquela personalidade — no nosso caso o Companheiro General — age ou agiu assim, e não de outro modo, nos limites concretos de um dado tempo concreto?
Se é desembaraço intelectual ou crítico o fazer-se um artigo de jornal, incluí-lo depois num livro cujo título é cativante pelo seu próprio e propositado erro — O Fascismo nunca existiu— e nele afirmar que o projecto político de Vasco Gonçalves era desastroso e inaplicável, não deixa de ser bastante mau o ser gratuito. Onde se encontra, nesse texto, « consideração substancialmente analítica? E mais: onde está o seu endereço causal que lograsse alcançar, também como destinatários, estas ou aquelas outras pessoas que actuaram antes, com e depois de Vasco Gonçalves na política portuguesa?
A progressão dos factos é que não perdoa. Não menos, igualmente, o ensinamento do velho provérbio — «filho és, pai serás»... Decerto me percebem.
Alguns dos pontificantes acusadores de Vasco Gonçalves deram «democrática» rédea solta à reacção fascista. O resultado vê-se.
Criticaram e conspiraram que o Primeiro-Ministro era um autocrata totalitário e destemperado. Mas encontram-se hoje na mesma situação de arguidos, só que ainda de coisa pior: de serem os «criminosos» da descolonização. E se vencesse a congregação dos Cíceros, Salústios & Companhia, haveria, decerto, quem passasse à História com ápodos infames.
Não é, evidentemente, imperioso que o intelectual só fale ou só escreva daquilo em que é perito. As mais das vezes, ele nem o é de coisíssima nenhuma. O esforço da objectividade é bom que se fique pela observação distanciada e cautelar. Assim deveria ser, pelo menos.
A propósito de gonçalvismo, publicou o professor Jacinto do Prado Coelho no «Diário Popular» um texto mais tarde reproduzido no volume colectivo Companheiro Vasco.
É oportuno referir, dele, esta passagem:
«O uso do termo, à medida que se foi vulgarizando, esvaziando de sentido , carregando de emotividade, revelou- -se o modo indirecto de renunciar a um esforço de serena justiça, de alijar responsabilidades, não só daqueles que lançaram mão a todos os processos para sabotar a Revolução, mas também de muitos que colaboraram nos (ou com) os Governos Provisórios, que eram pluripartidários. É cómodo, perante o longo, digno silêncio de Vasco Gonçalves, tudo condensar numa etiqueta, nuvem carregada de ódio, arma fácil, que se repete com o psitacismo e a intolerância herdados das últimas décadas. Gonçalvismo serve para referir a um só homem o que de mal sucedido (?) ou canhestro terão feito os nossos militares, os nossos economistas, os nossos políticos, os nossos diplomatas. Serve para fazer de Vasco Gonçalves o bode expiatório do evitável e do inevitável, assim amnistiando os que, ao abrigo de uma concepção maniqueista, continuam a desejar fruir o estatuto de bons.»(10)
Terá sido um pouco longa esta transcrição. Valeu, no entanto, a pena por tudo o que afirma e, em particular, pela sua advertência final.
Quem não sabe, aliás, quantos desses serafins, quantas dessas tão angélicas pessoas, o povo já aquilatou no decurso de todos esses longos meses posteriores à queda do General ?! Descem as máscaras de uns, desfazem-se os equívocos que existiram noutros — e a História continua(11).
Mas volto a Setembro de 1975. Estamos no transe final do V Governo Provisório.
Desculpem-me mais uma transcrição de Eduardo Lourenço que vou fazer. Continuo, porém, a considerar útil esta tenaz referência, em matéria de pensamento afirmado, àquilo que nos vai ficando na esteira dos acontecimentos.
Em O Fascismo nunca existiu colocaria o ilustre escritor, relativamente àquele tempo, os termos da seguinte alternativa:
«Se a queda possível de Vasco Gonçalves representasse efectivamente uma desaceleração mortal do processo revolucionário, seria imperativo fazer de cada português não reaccionário a famigerada “muralha de aço” em defesa da Revolução que os seus adeptos exaltam.»(12)
Sem correr o risco de uma ridícula: pretensão de caudilhismo como mola e motor de um progresso revolucionário (Vasco Gonçalves deu lugar de vanguarda ao próprio povo trabalhador em acção), sempre gostaria de perguntar — hoje — a Eduardo Lourenço o que é que ele pensa da desaceleração que, por coincidência (para mim uma coincidência necessária), se deu após a queda do chefe dos II ao V Governos Provisórios? O que dirá, na verdade, a História — quando lida e estudada pelos nossos filhos e nossos netos— a respeito de um sistema tão retrogradamente «crescente» do VI Governo Provisório para cá, tão contrário às coordenadas de uma Constituição, que se vê burlada e violada com essa tamanha fúria de tantas infidelidades e traições?!
Como homem, Vasco Gonçalves foi (aliás, é) a expressão de muitos e muitos portugueses.
Quantos os que pensam, seriamente, como ele? Por exemplo: — quantos os que pensam que uma revolução não pode parar para que se atinja (ela atinja) a meta posta no seu mais amplo horizonte, no nosso caso o Socialismo?
É que as limitações omissivas, as suspeitosas reticências e pausas do clássico sujeito individual — aquele ente enganado que certa Democracia deseja — não são próprias da lição política de Vasco Gonçalves.
Estou a ouvi-lo na fluência naturalmente inquieta e viva da sua fala de orador não-orador. Assim, o discurso do seu encontro com os emigrantes, em 31 de Maio de 1975, no salão de festas da Comuna de Ixelles, em Bruxelas:
«A gente não pode chegar à tarde, ir para casa, meter-se nas pantufas, ver a televisão, estar-se nas tintas para os outros. Isso acabou.»(13)
Ou na Assembleia do MFA, em 25 de Julho, ali no pleno «Verão quente» de 1975, a curto termo da sua obstinada vontade de ir adiante com esta Revolução que tantos fingiram desejar:
«...temos consciência das responsabilidade» que assumimos porque não é uma palavra vã dizer-se ao povo português que tem hoje abertas perspectivas como só teve em 1383. Não podemos, portanto, ter mais horas de descanso e não devemos ter tempo para divisões. E se há divisões, têm de ser esclarecidas, pois não podemos admitir que haja um clima de conspiração entre nós.»(14)
Sublinhei, intencionalmente, no fragmento acabado de transcrever, esta acentuada forma do seu falar.
No plural o verbo, é a prática constante. Vasco Gonçalves não disse nunca — nunca diria — eu tenho consciência de que, as responsabilidades que eu assumi, ou não posso, não devo, não quero. Assim faria, ninguém tem dúvidas sobre isso, um presumido ditador, um político egocêntrico e autocrata, uma personalidade individual totalitária. Se o Companheiro Vasco sempre falou no plural, fê-lo com um conteúdo expressivo, significante, o qual nada tem a ver com os plurais magestáticos dos «mono-arcas»(15).
O conceito ou categoria de sujeito, ninguém igualmente disso duvida, representa uma construção da fala humana. Quando é sincera essa fala e dela, portanto, está ausente o cabotinismo, toai categoria constitui uma construção fundamentada.
De Descartes a Sartre, passando por Freud, do conceito de indivíduo à sublimação do herói, ao sujeito tê-lo-ão enfaticamente entendido como ser individual. Assim, enquanto as Ciências, a Filosofia e a Política estiveram dominadas por essa mesma ideia (digamos: por um pensamento existencialista que guardou, até nos textos em que pensou aproximar-se mais do materialismo histórico, o seu ponto fundamental de partida) a perspectiva dialéctica teve de defender, permanentemente, a existência de estruturas sociais colectivas, que são exteriores ao indivíduo.
Vasco Gonçalves foi a expressão do nós na sua prática política. Desse nós que não constitui nem representa o plural gramatical do eu — antes sim a acção massiva, coesa, do eu e do tu.
«Nós desejamos — declararia Vasco Gonçalves, em 20 de Fevereiro de 1975, numa sessão de dinamização cultural do MFA — que o Povo Português seja um sujeito activo da sua própria História, quer dizer: que ele próprio forje o seu destino e que não seja apenas um objecto passivo na História. Nós queremos que ele seja, de facto o motor da sua própria “História”.»(16)
É então Vasco Gonçalves — pois repare-se no seu sentido histórico comunitário — a personalidade individual que se funde no colectivo de todas as outras personalidades convergentes: o nós pelo eu; e o Povo, por excelência, a comunhão maior, a totalidade social concebida como titular dos seus próprios horizontes, elemento activo de tudo o que acontece a benefício do destino.
Como assim, neste momento, não evocar o Lucien Goldmann que foi discípulo do meu Lukács quando, em O Sujeito Cultural, afirmava que o eu é um pronome que não tem plural, já que o nós significa simultaneamente eu e tu?!(17)
«Nós herdámos uma pesada herança do fascismo.»
«Nós temos de ser realistas.»
Estas, são duas frases do discurso de 11 de Agosto de 1974, na festa dos emigrantes(18).
No mês seguinte, no dia posterior ao da intentona do 28 de Setembro:
«Nós acabámos de viver o primeiro ataque em forma da reacção...»
«Mas nós, MPA e Forças Armadas e Povo Português, estamos vigilantes...»
«Nós queríamos, sobretudo, que esta lição fosse tirada.»(19)
E durante a Conferência de Imprensa de 8 de Abril de 1975, na Fundação Gulbenkian, integrou Vasco Gonçalves o sentido colectivo da personalidade do homem-cidadão no complexo dialéctico da História, na transformação do velho em novo, enfim, no progresso social:
«É do velho que vai sair o novo, como em toda a parte do Mundo e em todas asi circunstâncias, da vida. Vai haver uma sobreposição do velho com o novo, como todos os dias ela existe, mas, desta vez, ela vai ter carácter dominante; quer dizer: a novidade sobre o velho. Mas temos de aproveitar tudo o que é bom e que foi feito pelo nosso Povo. Nós não podemos fazer tábua-rasa das experiências anteriores, quer nossas quer dos outros países, quer dos erros que se cometeram, etc. Portanto, isso é uma elaboração; eu vejo essa marcha como uma elaboração a caminho de um certo fim e, digamos, é uma elaboração constante, permanente.»(20)
Eis uma pluralidade significada, concretamente, em vários planos: nós os governantes, decerto; mas, basicamente, nós o MFA; e, logo em definitivo, nós o Povo.
Em tal forma plural de falar, cujos exemplos se desmultiplicariam em dezenas e dezenas, traduz-se sempre, e isso é o que de tudo me parece mais importante de sublinhar agora, uma ideia, de obra ou empreendimento colectivo. Este, a meu ver, é o cerne intencional do pensamento-acção de Vasco Gonçalves: — o homem é o sujeito da História; ai sua praxis, a nível histórico, é sempre colectiva.
Voltarei a este tema noutro capítulo. Por ora deixo, antes, o registo breve de um reparo.
Só por inconsequente gracejo, com efeito, se diria — como já ouvi declarado pela boca de um indivíduo de meia tijela moral— que o nós em Vasco Gonçalves só correspondeu à explosão das suas mal recalcadas tendências autocráticas.
Isso nunca foi e não é exacto.
O reconhecimento de que as massas populares constituem a força decisiva do desenvolvimento económico-social não equivale a negarmos ou diminuirmos o papel da personalidade individual na História. Quanto mais activamente elas participem nos acontecimentos, mais seriamente se coloca o problema da sua direcção. Ora a personalidade política de Vasco Gonçalves tanto mais houve de se ter afirmado quanto mais efectivamente avança os trabalhadores durante o tempo revolucionário do seu governo.
Eis uma coisa que qualquer pessoa compreende de boa fé.
Aliás, em todos os momentos o Primeiro-Ministro dos II, III, IV e V Governos Provisórios pôs a questão de não ser ele, mas sim o Movimento, quem estava verdadeiramente em causa. Num primeiro plano — diria que imediato e mais restrito — o MFA; e num grau mais elevado, o Povo trabalhador em acção como movimento colectivo de ordem geral.
Aquele que entra em relação com o mundo, considerando-se a única realidade válida, não pode deixar de ser pobre. Neste sentido os ditadores são pobres. Ao contrário, porém, o homem autêntico não foi feito para se dizer só e exemplar. E é aqui, neste ser com os outros, que se enquadra, numa palavra, o sentido comunitário da Aliança Povo-MFA, pela qual Vasco Gonçalves tanto se bateu, plenamente cônscio das coordenadas de uma efectiva Revolução em Portugal.
Não sei se me repito. Parece-me que não, e não importa. As verdades, podemos ouvi-las várias vezes.
Vasco Gonçalves exprimiu sempre a necessidade de integrarmos as nossas condutas individuais num todo, explicando a praxis do grupo produtor e materializador de respostas unitárias e alicerçando a base que nos permite encontrarmos um válido comportamento comum. Quem o não deixou foram os andarilhos do subterrâneo.
No capítulo próprio veremos que para Vasco Gonçalves a questão política da vanguarda foi (aliás é) uma questão, não de um grupo dirigente, mas de um comportamento massivo e esclarecido. O documento «Análise da Situação Política» — de que Vasco Gonçalves foi porta-voz e que é da segunda semana de Julho de 1975— constitui disso um magnífico exemplo(21).
Neste texto encontra-se consignada a questão central do Socialismo, que é a tomada do poder pelos 'trabalhadores, com a existência de uma vanguarda política capaz de desenvolver uma prática socialista, portanto, de conseguir uma correcta definição do inimigo. Análise evidentemente produzida a nível de gabinete, é óbvio que ela traduz —não obstante a variância do seu tom com relação à linguagem própria do discurso comum de Vasco Gonçalves — o esquema das suas ideias políticas.
Os homens que são verdadeiramente grandes não falam de si. Ou melhor: quando falam, até somente de si, é de todos que eles falam: «Ouve-se um discurso de Vasco Gonçalves — escreveu Maria Alzira Seixo — algo que toca com a Revolução se ouve. Esse discurso é mais do que o conteúdo comunicativo (é-o, mas sempre como porta-voz do MFA, do CR —, o que simultaneamente o engrandece na representação e o empequena na individualização).»(22)
Cada vez que o ouvíamos, repassado de veemente entusiasmo — dizendo nós, nós, nós... — sentíamo-nos, irrecusavelmente, envolvidos na sua palavra. Não como ouvintes, claro, mas como participantes.
E aconteceu sempre uma coisa extremamente curiosa: quase poderia dizer que nunca lhe escutei revelação alguma. Durante a fala dos seus catorze meses de Governo, Vasco Gonçalves foi a faculdade de a nós próprios vermos comunicada em linguagem peculiar, não elaborada, a evidência das nossas próprias descobertas políticas.
Notas de rodapé:
(1) In Companheiro Vasco, Inova, 1977, p. 220. (retornar ao texto)
(2) Idem, p. 219. (retornar ao texto)
(3) Idem, pp. 208 e segs. (retornar ao texto)
(4) Karl Marx, Contribuición a la Critica de la Filosofia del Derecho de Hegel, in Obras, Mega, tomo I, p. 609: «Na luta contra estas condições sociais, a crítica não é uma paixão da cabeça, é a cabeça da paixão. Não é um escalpelo, mas uma arma. O seu objecto é alcançar o inimigo; não refutar, mas destruir.» (retornar ao texto)
(5) Eduardo Prado Coelho, «Do Gonçalvismo como era», in Companheiro Vasco: «A Editora Inova pede-me insistentemente um depoimento sobre Vasco Gonçalves» (p. 335). E mais adiante: «Depois dele, amortecido o mito, seria o que se viu. E nem de Otelo ou de Melo Antunes se ouve o bastante falar — também eles figuras impares de uma revolução que não chegou a existir, dilacerada neste tal ângulo absurdo que tudo talvez fizesse prever, mas nada faria desejar!» (retornar ao texto)
(6) Vasco Gonçalves, Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas, 1976, p. 505. (retornar ao texto)
(7) Max Beer, História do Socialismo e das lutas sociais, tradução de H. Mello, Centro do Livro Brasileiro, Venda Nova, p. 95. (retornar ao texto)
(8) Léon Bloch, Roma Antiga, sus luchas sociales. Cito uma edição portuguesa, baseada nesta, Lutas Sociais na Roma Antiga, Publicações Europa-América, Colecção Saber, 2.a edição, pp. 202 e segs. (retornar ao texto)
(9) Eduardo Lourenço, O Fascismo nunca existiu, Publicações Dom Quixote, 1976, p. 149. Sublinhado meu. (retornar ao texto)
(10) In Companheiro Vasco, p. 384. (retornar ao texto)
(11) Para lá das divergências que nos possam definir, e das críticas que lhe contraponho em vários pontos deste livro, uma verdade incontroversa se Impõe que aqui venha claramente dita. Eduardo Lourenço distinguiu-se sempre por uma probabilidade moral que ninguém pode pôr em causa. Já pronto este meu «perfil de um revolucionário» leio, entretanto, no semanário «Expresso» de 23-9-1978 um seu artigo de resposta a uma afrontosa acusação de «oportunismo» feita pelo Dr. Alfredo Barroso, que é sobrinho do Secretário-Geral do PS e foi seu Chefe de Gabinete. Do «Breve correctivo a um diagnóstico político do Dr. Alfredo Barroso» assinalo um fragmento, precisamente útil para documentar o desfazer de equívocos e enganos a que acima aludo. Escreve Eduardo Lourenço: «Para pouca sorte do novel polemista por conta da família, é do domínio público, ou para ser mais modesto, do domínio escrito, que eu não fui nunca um “gonçalvista crítico”, mas um crítico do gonçalvismo. Disso não retiro há muito especial glória por me ter apercebido, infelizmente tarde, que nesse anti-gonçalvismo misturadas com as sérias razões que o justificaram também existiu uma dose de intoxicação suspeita (caso “República”, por exemplo) de que eu não podia aperceber-me no país onde vivia e vivo. Já me consola o facto de a minha oposição ideológico-política ao chamado gonçalvismo não ter assumido nunca o tom degradante e histérico próprio do nosso então comum Partido e, em particular, do meio político onde o futuro chefe de gabinete de Mário Soares já decerto nadaria como filho (ou sobrinho) de peixe político de envergadura. Quando se é oportunista e se pertence, embora a simples título de aderente, ao partido no Poder, não é muito comum assumir-se como socialista crítico (epíteto invocado por A. B. e que com plena e reiterada convicção continuo a reivindicar). Quer dizer, não só não se “teoriza" num sentido pouco consentâneo com a ideologia prático-oscilante dos seus principais dirigentes, como não se escrevem páginas de pouca indulgência em relação à atitude política dos homens que têm entre mãos (mal, aliás...) as chamadas “rédeas do poder” ou antes, as chaves da arca pública com que é possível compensar as fidelidades caninas (ou domésticas).» O sublinhado, neste texto, é evidentemente meu. (retornar ao texto)
(12) Eduardo Lourenço, O Fascismo nunca existiu, p. 152. (retornar ao texto)
(13) Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas, p. 362. (retornar ao texto)
(14) Idem, p. 445. Sublinhado meu. (retornar ao texto)
(15) Mono-arca é, para mim, conceito bastante mais amplo que o de monarca. Monarca é só o rei; mono-arca é o rei, é o ditador, o tirano, etc., etc. (retornar ao texto)
(16) In Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas, pp. 142-143. (retornar ao texto)
(17) O ensaio de Lucien Goldmann, «O Sujeito da Criação Cultural», está publicado e integrado da p. 61 em diante, no volume Dialéctica e Ciências Humanas-I, Presença, 1972. Sublinhado meu. (retornar ao texto)
(18) In Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas, p. 34. Sublinhado meu. (retornar ao texto)
(19) Idem, p. 53. (retornar ao texto)
(20) Idem, p. 225. Sobre a caracterização do inimigo, ver p. 423. Relativamente à questão do velho e do novo, cf. p. 225. (retornar ao texto)
(21) Este texto «Análise da Situação Política», que naturalmente virá a ser repetido inúmeras vezes neste livro, vem publicado a pp. 417 e segs. do volume Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas. (retornar ao texto)
(22) Maria Alzira Seixo, Discurso do Texto, Bertrand, Colecção Crítica Hoje», «Um Capítulo (de ruptura) na História da Oratória Política em Portugal — Os discursos de Vasco Gonçalves», p. 327. (retornar ao texto)
Inclusão | 25/04/2015 |