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Escrito: entre 12-14 de Setembro de 1917.
Primeira Edição: em 1921 na Revista Proletárskaia Revoliútsia n° 2.
Fonte: Obras Escolhidas em Três Tomos, 1978, t2, pp 306-307, Edições Avante! - Lisboa, Edições Progresso - Moscovo.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t. 34, pp. 239-241.
Transcrição: Partido Comunista Português
HTML: Fernando A. S. Araújo, março 2009.
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições
"Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1977.
Tendo obtido a maioria nos Sovietes de deputados operários e soldados de ambas as capitais, os bolcheviques podem e devem tomar o poder de Estado nas suas mãos.
Podem, pois a maioria activa dos elementos revolucionários do povo de ambas as capitais é suficiente para arrastar as massas, para vencer a resistência do adversário, para o destruir, para conquistar o poder e mantê-lo. Pois, propondo imediatamente uma paz democrática, entregando imediatamente a terra aos camponeses, restabelecendo as instituições e as liberdades democráticas espezinhadas e destruídas por Kérenski, os bolcheviques formarão um governo que ninguém derrubará.
A maioria do povo está por nós. Demonstrou-o o longo e difícil caminho de 6 de Maio a 31 de Agosto e a 12 de Setembro[N179]: a maioria nos Sovietes das capitais é fruto do desenvolvimento do povo para o nosso lado. As vacilações dos socialistas-revolucionários e dos mencheviques, o reforço dos internacionalistas entre eles, provam a mesma coisa.
A Conferência Democrática não representa a maioria do povo revolucionário, mas apenas as cúpulas pequeno-burguesas conciliadoras. Não nos devemos enganar com os números das eleições, a questão não está nas eleições: comparai as eleições para as dumas urbanas de Petrogrado e de Moscovo com as eleições para os Sovietes. Comparai as eleições em Moscovo com a greve de 12 de Agosto[N180] em Moscovo: eis os dados objectivos sobre a maioria dos elementos revolucionários que conduzem as massas. A Conferência Democrática engana o campesinato, não lhe dando nem a paz nem a terra.
Só um governo bolchevique satisfará o campesinato.
Porque devem os bolcheviques tomar o poder precisamente agora?
Porque a iminente entrega de Petrogrado tornará as nossas probabilidades cem vezes piores.
E não temos forças para impedir a entrega de Petrogrado com um com um exército com Kérenski e C.a à cabeça.
Também não é possível «esperar» a Assembleia Constituinte, pois, com a rendição de Petrogrado, Kérenski e C.a podem sempre frustrá-la. Só o nosso partido, tomando o poder, pode garantir a convocação da Assembleia Constituinte e, tomando o poder, acusará os outros partidos de protelação e provará a acusação[N181].
Deve-se e pode-se impedir uma paz separada entre os imperialistas ingleses e alemães, mas apenas agindo rapidamente.
O povo está cansado das vacilações dos mencheviques e dos socialistas-revolucionários. Só a nossa vitória nas capitais arrastará os camponeses atrás de nós.
A questão não é o «dia» da insurreição nem o seu «momento» no sentido estreito. Isto será decidido apenas pela voz comum daqueles que estão em contacto com os operários e os soldados, com as massas.
A questão consiste em que o nosso partido tem agora de facto, na Conferencia Democrática, o seu congresso, e este congresso deve decidir (queira ou não queira, mas deve) o destino da revolução.
A questão consiste em tornar a tarefa clara para o partido: pôr na ordem do dia a insurreição armada em Petrogrado e em Moscovo (e na sua região), a conquista do poder, o derrubamento do governo. Reflectir como fazer agitação a favor disto, sem o expressar assim na imprensa.
Recordar, reflectir nas palavras de Marx sobre a insurreição: «a insurreição é uma arte»[N182], etc.
É ingénuo esperar pela maioria «formal» dos bolcheviques: nenhuma revolução espera por isto. Também Kérenski e C.a não esperam, antes preparam a entrega de Petrogrado. Precisamente as lamentáveis vacilações da «Conferência Democrática» devem esgotar e esgotarão a paciência dos operários de Petrogrado e de Moscovo! A história não nos perdoará se não tomarmos agora o poder.
Não há um aparelho? Há um aparelho: Os Sovietes e as organizações democráticas. A situação internacional está precisamente agora, em vésperas de uma paz separada dos ingleses com os alemães, a nosso favor. Propor precisamente agora a paz aos povos significa vencer.
Tomando o poder imediatamente em Moscovo como em Petrogrado (pouco importa quem começa; talvez mesmo Moscovo possa começar), venceremos absoluta e indubitavelmente.
Notas de fim de tomo:
[N178] As cartas de Lénine "Os Bolcheviques devem tomar o Poder" e "O Marxismo e a Insurreição" foram discutidas na reunião do CC de 15 (28) de Setembro de 1917. O Comité Central tomou a decisão de fixar para muito breve uma reunião do CC dedicada à discussão das questões tácticas. Foi colocada à votação a questão de conservar apenas um exemplar das cartas de Lénine. Houve 6 votos a favor desta proposta, 4 contra e 6 abstenções. Kámenev que era contra a linha do Partido em direcção à Revolução Socialista, apresentou à reunião do CC um projecto de resolução dirigido contra as propostas de Lénine de organização da insurreição armada. O Comité Central rejeitou a resolução de Kámenev. (retornar ao texto)
[N179] No dia 6 de Maio foi anunciada a composição do primeiro Governo Provisório de coligação.
No dia 31 de Agosto o Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado aprovou uma resolução bolchevique que exigia a instituição de um governo soviético.
O dia 12 de Setembro era a data marcada pelo Comité Executivo Central dos Sovietes de Deputados Operários e
Soldados, dominado pelos socialistas-revolucionários e mencheviques, para a reunião da Assembleia Democrática. (retornar ao texto)
[N180] Em 12 (25) de Agosto de 1917, inaugurou-se em Moscovo uma conferência convocada pelo Governo Provisório
com o fim de mobilizar as forças contra-revolucionárias para derrotar a revolução. Nesse mesmo dia o Comité
Central do Partido Bolchevique publicou um manifesto que desmascarava o carácter contra-revolucionário da
conferência e exortava as massas trabalhadoras a organizarem comícios de protesto.
Na greve organizada pelo Comité de Moscovo do Partido no dia 12 (25) Agosto participaram mais de 400 000
pessoas. A greve dos operários moscovitas frustou as tentativas da contra-revolução. Realizaram-se também
comícios de protesto e greves noutras cidades do país. (retornar ao texto)
[N181] O Governo Provisório anunciou a convocação da Assembleia Constituinte na sua declaração de 2 (15) de Março de 1917. Em 14 (27) de Junho o Governo Provisório aprovou uma resolução que marcava as eleições para a Assembleia Constituinte para o dia 17 (30) de Setembro. Contudo em Agosto o governo adiou as eleições para o dia 12 (25) de Novembro.
As eleições para a Assembleia Constituinte já após a vitória da Revolução Socialista de Outubro, na data marcada anteriormente 12 (25) de Novembro de 1917. As eleições realizaram-se com base nas listas elaboradas antes da Revolução de Outubro e de acordo com disposições aprovadas ainda pelo Governo Provisório, e em circunstâncias em que uma parte considerável do povo não podia ainda compreender o grande significado da revolução socialista. Os socialistas-revolucionários de direita aproveitaram-se disso, tendo conseguido nas províncias e regiões mais afastadas dos centros industriais e da capital do país obter a maioria dos votos. A Assembleia Constituinte foi convocada pelo Governo Soviético e inaugurou-se em 5 (18) de Janeiro de 1918 em Petrogrado. A maioria contra-revolucionária da Assembleia Constituinte rejeitou a "Declaração dos direitos do povo trabalhador e explorado" proposta pelo Comité Executivo Central de Toda a Rússia e negou-se a reconhecer o Poder Soviético. O CECR decretou no dia 6 (19) de Janeiro a dissolução da Assembleia Constituinte burguesa. (retornar ao texto)
[N182] F. Engels, Revolução e Contra-revolução na Alemanha (In Karl Marx / Friederich Engels, Werke, Bd. 8, S.95) A obra Revolução e Contra-revolução na Alemanha foi escrita por F. Engels e publicada no jornal New York Daily Tribune em 1851-52, numa série de artigos assinados por Marx, que inicialmente planeara escrever ele próprio essa obra; contudo, ocupado pelas investigações económicas, Marx confiou a Engels a realização desse trabalho. Durante a redacção da obra Engels consultava constantemente Marx, entregando-lhe os artigos para revisão antes de serem enviados para publicação. Só mais tarde, quando se publicou a correspondência entre Marx e Engels, se soube que a obra fora escrita por Engels. (retornar ao texto)
Fonte |
Inclusão | 02/04/2009 |