Somos Opel

Robert Kurz

27 de maio de 2010


Primeira Edição: WIR SIND OPEL in www.exit-online.org. Publicado na edição impressa de Freitag, 27.05.2010

Fonte: http://www.obeco-online.org/robertkurz.htm

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


Nos vários pacotes para salvar o capitalismo de si mesmo, o milhar de milhão constitui a menor unidade, como é sabido. Agora o conselho de empresa e os funcionários da Opel sempre em crise não querem acanhar-se e querem fazer a sua parte. O chefe da Opel, Reilly, e o presidente do conselho de empresa, Franz, acordaram um pacote de renúncia de salários, férias e subsídio de Natal de mais de mil milhões de euros nos próximos cinco anos. Isso deve servir de base para as garantias estatais de 1.800 milhões de euros. De modo nenhum está assegurado que estes milhões venham realmente, tendo presente a expectativa de uma política de austeridade rígida. Em qualquer caso, vão ser eliminados pelo menos 4 mil dos 24 mil empregos da Opel na Alemanha. Segundo o Süddeutsche Zeitung, o conselheiro de empresa Franz disse do acordo: "Não há dúvida, assim procedem os vencedores”. Será mesmo? Enquanto no resto da União Europeia se convocam greves gerais e se ocupam empresas, a Alemanha, S. A. vira em comunidade popular de administração da crise. Já não basta o orgulho no menor número de dias de greve. O potencial de ameaça de Hartz IV e o maior sector de precariedade na Europa Ocidental faz com que o coração dos sindicatos alemães lhes caia aos pés: o medo devora as almas. O acordo da Opel ameaça constituir o prelúdio duma corrida à renúncia em indústrias-chave, pressionando o nível geral dos salários ainda mais para baixo. O que não adianta nada. A co-gestão empresarial dos representantes do pessoal só pode reforçar a espiral macroeconómica descendente após o termo dos programas de apoio à conjuntura. Mas a visão sobre o contexto social está assim perturbada. A comunidade de renúncia ideológica baseia-se unicamente na falsa esperança de salvar a própria pele empresarial na concorrência de crise, não se importando com o que aconteça aos outros. Se o desastre das finanças públicas provocar a segunda onda de recessão económica, a Opel será na mesma a primeira a ficar no fio da navalha. No estado de consciência de obediência antecipatória a única ajuda já é só rezar.


Inclusão: 31/03/2020