O Imperialismo e a Revolução
Enver Hoxha

Defender e Aplicar os Ensinamentos Marxista-Leninistas Sobre a Revolução


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O marxismo-leninismo no ensina e a experiência de todas as revoluções comprovou que para que a revolução se desencadeie e triunfe é preciso que existam fatores objetivos e subjetivos.

Lênin formulou este ensinamento na obra "A Bancarrota da II Internacional" e desenvolveu-o ainda mais na obra "A Doença Infantil do 'Esquerdismo' no Comunismo" e em outros de seus escritos.

Detendo-se na situação revolucionária enquanto fator objetivo da revolução, Lênin a caracteriza da seguinte forma:

1) "Impossibilidade para as classes dominantes manterem inalterado seu domínio" (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pg. 223) devido à grave crise que as abarcou, crise que provoca o descontentamento e a indignação das classes oprimidas. "Para o desencadeamento da revolução - diz ele - geralmente não basta que 'os de baixo já não queiram', mas é preciso também que 'os de cima já não possam' viver como antes.

2) Agravamento... da pobreza e da miséria das classes oprimidas.

3) Grande intensificação, devido às razões supracitadas, da atividade das massas... as quais... são atraídas... para ações históricas independentes." (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pg. 223).

"Em outras palavras, esta verdade pode expressar-se assim: a revolução é impossível sem uma crise geral nacional (que envolva explorados e exploradores). " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXXI, pg. 83).

"Sem tais mudanças objetivas - acentua ele -, que independem não só da vontade de tais ou quais grupos e partidos, mas também da vontade dessas ou daquelas classes, a revolução - segundo a regra geral - é impossível. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI,, pg. 223).

Mas nem toda situação revolucionária gera a revolução, diz Lênin. Em muitos casos, agrega ele, situações revolucionárias como as de 1860-1870 na Alemanha, de 1859-1861 e de 1879-1880 na Rússia não se transformaram em revoluções, pois faltou o fator subjetivo, ou seja, a elevada consciência e disposição das massas para a revolução,

"... a capacidade da classe revolucionária - conforme expressava-se Lênin - para ações revolucionárias de massas, fortes o bastante para destroçar (ou quebrantar) o velho governo, que jamais, nem em tempos de crise, 'cairá' caso não o derrubem" (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pg. 223).

Conforme afirmou Lênin desde suas primeiras obras, o partido revolucionário da classe operária, sua função de direção, educação e mobilização das massas revolucionárias, têm um papel decisivo para a preparação do fator subjetivo. O partido consegue isso tanto por meio da elaboração de uma justa linha política, que corresponda às condições concretas e aos desejos e exigências revolucionárias das massas, como também através de um enorme trabalho, de ações revolucionárias intensas e politicamente estudadas em profundidade, que tornem o proletariado e as massas trabalhadoras conscientes da situação em que vivem, da opressão, da exploração, das bárbaras leis da burguesia, da necessidade imperiosa da revolução enquanto meio para derrubar a ordem escravizante.

Dessa forma, as camadas pobres reagirão com uma intensidade que fará com que os ricos, a burguesia no poder, abalados igualmente por outras contradições internas e externas, tenham dificuldade para continuar a dominar como antes. Quando essas condições se completam, quando existem os fatores objetivos e subjetivos, os quais estão vinculados entre si, a revolução pode não só eclodir mas também triunfar.

Os revolucionários sempre refletem profundamente sobre essas geniais teses de Lênin. E não só refletem, mas também analisam cada situação de maneira concreta e multilateral. Atuam de forma a não serem jamais colhidos de surpresa pelas situações revolucionárias, a não se encontrarem desarmados nestes momentos decisivos, a saberem aproveitá-los para preparar e deflagrar a revolução.

O que mostra a análise da situação atual do mundo? Partindo da teoria leninista da revolução, o Partido do Trabalho da Albânia extrai a conclusão de que a situação no mundo de hoje é em geral revolucionária, de que em muitos países essa situação está madura ou amadurece rapidamente, enquanto em outros esse processo encontra-se em desenvolvimento.

Quando dizemos que a situação hoje é revolucionária, temos em mente que o mundo de hoje está se movimentando rumo a grandes conflagrações. Em geral a situação existente assemelha-se à de um vulcão em erupção, de um incêndio abrasador, cujas chamas consumirão precisamente as altas classes dominantes, opressoras e exploradoras.

O mundo capitalista e revisionista está envolvido numa grave crise econômica e política, financeira e militar, ideológica e moral. Tendo abalado todas as estruturas e superestruturas do sistema burguês e revisionista, a crise atual aguçou e aprofundou ainda mais a crise geral do sistema capitalista.

As conseqüências da crise manifestam-se de forma muito grave e arrasadora sobretudo no campo da economia. A partir de 1974 a mais grave crise econômica desde a II Guerra Mundial começou a aprofundar-se. Isso trouxe uma queda de proporções consideráveis na produção industrial: no Japão 20%, na Grã-Bretanha 15%, nos Estados Unidos 14%, na França e na Itália 13%, na República Federal Alemã 10%, etc. A crise provocou uma depressão muito profunda. Em vários países capitalistas, a capacidade produtiva ociosa em alguns setores-chave da economia alcançou de 25 a 40%, e essa situação se prolonga há anos. Devido a isso, a produção industrial continua estagnada. Quantidades colossais de mercadorias "excedentes" encontram-se estocadas sem vendagem.

Mas apesar desses estoques e mesmo que não se aproveite muito a capacidade produtiva, os lucros dos monopólios continuam crescendo, devido ao aumento dos preços. Os preços sobem dia a dia, enquanto a inflação atingiu em certos países cifras muito elevadas.

O aumento dos preços e sobretudo a inflação tornaram-se um meio muito conveniente para os monopólios e o Estado capitalista ou revisionista lançarem o pesado fardo da crise sobre os ombros da classe operária e dos demais trabalhadores.
Sob o pretexto de conter a inflação, os Estados capitalistas e burguês-revisionistas aumentam os impostos sobre a renda das massas trabalhadoras, congelam seus salários e, ao mesmo tempo, reduzem os impostos sobre os lucros dos monopólios, desvalorizam as moedas, etc. Essas medidas dirigem-se contra a classe operária e todos os trabalhadores, aumentam sua exploração e rebaixam seu nível de vida.

O prolongamento da crise econômica piorou e agravou grandemente as condições de vida da classe operária e das massas camponesas. O desemprego aumentou como raras vezes já ocorrera e agora tornou-se crônico, uma grande mazela da sociedade burguesa e revisionista. No mundo capitalista-revisionista 110 milhões de Pessoas foram postas na rua. Somente nos Estados Unidos existem não menos de 7-8 milhões de desempregados. Centenas de milhões de pessoas vivem hoje no limiar da fome ou passam fome efetivamente. Centenas de milhões de pessoas são torturadas pela angústia do que ocorrerá no dia de amanhã.

A privação e a insegurança para as amplas massas trabalhadoras, bem como a política interna e externa reacionária, antipopular seguida pelos regimes capitalistas e burguês-revisionistas vêm aumentando constantemente o descontentamento de vastas camadas da população. Essa grave situação despertou em tais camadas a indignação incontida que se expressa através das greves, protestos, manifestações, choques com os órgãos repressivos do sistema burguês e revisionista, em muitos casos também em verdadeiras rebeliões. As massas populares hostilizam cada vez mais os regimes que as subjugam.

Os governos dos países imperialistas, capitalistas e revisionistas fazem toda sorte de promessas e propostas enganosas, procurando manter para si o máximo de lucro, mesmo nessa situação de crise, amainar o descontentamento e a indignação das massas e fazer com que elas não pensem na revolução.

Enquanto isso, os pobres tornam-se ainda mais pobres, os ricos ainda mais ricos, o abismo entre as camadas sociais pobres e ricas, entre os países capitalistas desenvolvidos e os não desenvolvidos aprofunda-se sem cessar.

A crise atual também se estendeu à vida política, avivando as contradições nos círculos dirigentes dos Estados capitalistas e revisionistas. O grande amiudamento das crises governamentais e as mudanças das equipes no poder são uma clara prova disso.

A burguesia e as camarilhas dominantes são obrigadas a trocar cada vez mais frequentemente os cavalos da carruagem governamental, com o objetivo de enganar os trabalhadores e de mantê-los na esperança de que os novos serão melhores do que os velhos, de que os predecessores são os culpados pela crise e por sua não superação, enquanto seus sucessores melhorarão as coisas e assim por diante. Toda essa fraude que se desenvolve em amplas proporções, sobretudo durante as campanhas eleitorais, é encoberta com os falsos slogans da liberdade, da democracia, etc. Ao mesmo tempo, a burguesia dos países capitalistas e revisionistas reforça suas selvagens armas de violência, o exército, a polícia, os serviços secretos, os órgãos judiciários, o controle de sua ditadura sobre qualquer movimento ou tentativa de luta do proletariado. A tendência que transparece claramente hoje nos países capitalistas e revisionistas é de intensificação da violência burguesa e limitação dos direitos democráticos. Verifica-se cada vez mais a propensão à fascistização da vida do país e à preparação da instauração do fascismo, no momento em que a burguesia constatar ser impossível dominar por meios e métodos "democráticos".

A crise econômico-financeira e política envolveu não só os monopólios, governos, partidos e forças políticas dentro de cada país, mas também as alianças internacionais, os blocos econômicos, políticos e militares, como é o caso do Mercado Comum Europeu e do Comecon, da Comunidade Européia, da OTAN e do Tratado de Varsóvia. As contradições, atritos, contestações, rixas entre os parceiros dessas alianças e blocos manifestam- se mais aberta e asperamente.

Outra expressão da crise e dos esforços para sair dela são a corrida aos armamentos, a preparação geral da guerra e a incitação de guerras locais por parte das superpotências e outras potências imperialistas, como nos casos do Oriente Médio, do Chifre da África, do Saara Ocidental, da Indochina e outros. Esse processo serve aos planos hegemonistas e expansionistas de uma ou de outra potência imperialista. Mantém vivos e desenvolve a indústria bélica e o tráfico da armas, que adquiriram hoje dimensões nunca vistas.

Mas todos esses meios políticos e militares não passam de paliativos que não curam nem poderiam curar o sistema capitalista-revisionista gravemente enfermo.

À atual crise econômica e política do mundo capitalista e revisionista deve-se agregar a crise ideológica e moral sem precedentes. Jamais existiu uma confusão ideológica e moral como a que se observa no período atual. Jamais houve tantas variantes de teorias burguesas, de direita, de centro e de "esquerda", encobertas com toda sorte de mantos, laicos e religiosos, clássicos e modernos, abertamente anticomunistas e pretensamente comunistas e marxistas. Jamais se viu uma tamanha devassidão moral, um modo de vida tão degenerado, uma depressão espiritual tão grande. Teorias burguesas e revisionistas edificadas com tanto esforço e tão ruidosamente alardeadas como "guias salvadores para os males da velha sociedade", como é o caso das teorias da "estabilização definitiva do capitalismo", do "capitalismo popular", da "sociedade de consumo", da "sociedade pós-industrial", da "prevenção das crises" da "revolução técnico-científica", da "coexistência pacífica" kruschovista, do "mundo sem exércitos, sem armas nem guerras", do "socialismo com face humana", etc., etc., já se encontram abaladas desde os alicerces.

Todos esses aspectos da crise geral encontram-se não só na Iugoslávia, onde as conseqüências da crise são mais visíveis, mas também na União Soviética social-imperialista e nos demais países revisionistas. Em todos esses países aumentaram a opressão e a exploração, todos sofrem com as moléstias do capitalismo, com as rixas e conflitos pelo poder e por privilégios nas fileiras dos dirigentes e das camadas superiores, em toda parte o descontentamento e a indignação das massas populares estão em efervescência. Portanto, também nesses países existem grandes possibilidades para a revolução. A lei da revolução é tão atuante ali como em qualquer outro país burguês.

É precisamente este estádio da atual crise geral do capitalismo, que tende a aprofundar-se continuamente, que nos faz extrair a conclusão de que a situação revolucionária envolveu ou está envolvendo a maioria dos países capitalistas e revisionistas e de que em conseqüência dela a revolução entrou na ordem do dia.

Sob a crescente pressão da crise e das derrotas de suas profecias e manobras para sufocar a revolução, a burguesia e os revisionistas tentam encontrar novos expedientes e fabricar outras teorias fraudulentas.

Os revisionistas contemporâneos hastearam na atualidade a bandeira da defesa do sistema capitalista, da opressão e exploração dos povos, da divisão do movimento revolucionário e libertador, e em geral da mistificação das massas. Mas eles terão a mesma sorte que tiveram os social-democratas e todos os demais oportunistas do passado, que se transformaram em meros lacaios da burguesia.

Na atual situação de suas graves crises econômica, política e ideológica, a burguesia exige que seus lacaios revisionistas assumam mais abertamente sua defesa. Isso os obriga a arrancar cada vez mais as máscaras, mas também a se desmoralizar crescentemente. Lênin disse:

"Os oportunistas são inimigos burgueses da revolução proletária, que em tempos de paz realizam furtivamente seu trabalho burguês, incrustrando-se nos partidos operários, enquanto em tempos de crise revelam-se em seguida como francos aliados de toda a burguesia unida, desde a conservadora até a mais radical e democrática, desde os livres-pensadores burgueses até os elementos religiosos e clericais. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXI, pg. 106).

Os serviços que os revisionistas contemporâneos prestam hoje ao sistema capitalista em crise confirmam cabalmente esta conclusão científica de Lênin.

Tomemos por exemplo a Itália, que é o país típico onde se espelha a decomposição do capitalismo, em sua base e superestrutura. Os democrata-cristãos, o partido da grande burguesia, o partido do Vaticano, que aglutinou em torno de si toda a burguesia religioso-reacionária e os elementos de direita, estão no poder na Itália desde O fim da II Guerra Mundial até agora. Seu governo domina um país em situação de falência. As camadas da alta burguesia entraram numa crise tão grave a partir de 1945 que desde então já trocaram cerca de 40 governos: governo "monocolore" democrata-cristão, governo democrata-cristão-socialista, governo tripartite democrata-cristão-socialista-social-democrata, governo de "centro-sinistra", governo de "centro-destra", etc.

A profunda crise governamental na Itália patenteia uma situação de crise interna geral, que não encontra qualquer saída. Suas conseqüências são rixas, conflitos, assassinatos e escândalos políticos que se tornam mais freqüentes, a exemplo da destituição do presidente Leone, do assassinato do presidente do Partido Democrata-Cristão, Moro, etc.

A Itália tornou-se uma praça de guerra dos Estados Unidos. Sua economia falida debate-se nas garras do imperialismo norte-americano e também está comprometida com o Mercado Comum Europeu, onde ela é o último parceiro.

Essa situação vem levando ao empobrecimento das amplas massas trabalhadoras da Itália. Existe ali um desemprego maior do que em todos os demais países do Mercado Comum Europeu. A Itália tem a maior emigração de mão-de-obra e a balança comercial é deficitária. Ao limitar a compra de produtos alimentares na Itália, os países do Mercado Comum Europeu, especialmente a Alemanha Ocidental e a França, criaram uma situação difícil na agricultura italiana. Os preços de exportação da manteiga, leite e frutas italianas caíram muito, enquanto a vida no país encarecia enormemente A Itália tornou-se o país das grandes greves, em que participam desde os operários da indústria pesada e leve, dos transportes, até os carteiros, os aviadores, inclusive o pessoal da polícia.

Nessa situação efervescente, em que os interesses das massas e da revolução exigem que se canalize toda essa grande insatisfação do proletariado e de todo o povo para a luta contra a burguesia reacionária, contra os preparativos do ataque fascista que ela procura deflagrar, os revisionistas italianos e os sindicatos reformistas, toda a aristocracia operária, bem como os partidários da teoria chinesa dos "três mundos", atuam como bombeiros da revolução e defensores da ordem burguesa.

Todos os partidos apóiam essa ordem apodrecida, desde o partido fascista até o partido revisionista de Berlinguer. O partido revisionista italiano une-se à burguesia precisamente para manter no poder esse sistema burguês abalado desde os alicerces. Procura entorpecer e fazer murchar o ímpeto revolucionário do proletariado italiano, tentando enganá-lo com a suposta aplicação de um marxismo adequado às condições de seu país.

Berlinguer entrou há tempos não só em conciliábulos, mas também em entendimentos com os democrata-cristãos. Quanto a muitas questões ele governa juntamente com estes, sem participar oficialmente do governo, O governo apóia esse partido e, ao mesmo tempo, para guardar as aparências, dá a entender que não concordaria com ele. E o partido revisionista italiano faz o mesmo jogo.

Os revisionistas italianos fazem grande alarido em torno de um programa governamental concluído entre os cinco partidos da maioria parlamentar italiana, que eles proclamam como uma "importante vitória", como "uma nova fase política" em seu país. Mas a fase política de que fala Berlinguer é o enquadramento do partido revisionista nos planos do capital italiano. Berlinguer qualifica isso de um acordo sério realista e não dogmático. Pretende que esse acordo provocará uma mudança real, não só das relações políticas entre os partidos mas de toda a vida econômica, social e estatal do país.

Desta forma, os revisionistas italianos colocam-se precisamente no caminho previsto por Lênin para os diversos oportunistas, que procuram a unidade com o capital para entravar o ímpeto revolucionário das massas. Com tal unidade eles pensam que conseguirão em certa medida seu objetivo de chegar ao socialismo através do pluralismo. Compreende-se que isso é um sonho e o presidente do Senado italiano, Amintore Fanfani, não se equivoca nem um pouco quando qualifica o acordo dos cinco partidos de uma coleção de sonhos. Trata-se de uma coleção de sonhos da parte dos revisionistas italianos, enquanto da parte das forças do capital não tem nada de sonho, é um trabalho bem pensado para liquidar as idéias do comunismo na Itália, para rejeitar as reivindicações do povo e do proletariado italianos, esmagar sua luta revolucionária pela construção de uma nova sociedade. Agora, os revisionistas italianos estão recebendo algumas migalhas, mas, pretendendo que o governo tem necessidade de participação de seu partido, solicitam que ele seja enquadrado inteiramente no governo, que mergulhe nele como um peixe n'água. Numa palavra, o partido revisionista italiano procura engolfar-se por inteiro no turbilhão reacionário do capital monopolista italiano.

O partido de Berlinguer é um partido totalmente degenerado do ponto de vista ideológico, com um programa social-democrata inteiramente reformista e parlamentarista. Ele apóia a ordem instituída pela Constituição pseudodemocrática, em cuja formulação participaram os próprios "comunistas" italianos com Togliatti à frente. Precisamente em nome dessa Constituição, a burguesia reacionária e clerical faz a lei na Itália há três décadas, oprime o proletariado e as amplas massas do povo. Os chamados comunistas italianos consideram essa opressão justa e conforme a constituição.

O partido revisionista italiano, juntamente com os demais partidos da burguesia com o democrata-cristão à frente, desenvolve dentro ou fora do parlamento italiano, nos órgãos de imprensa, através da televisão e do rádio uma política e uma demagogia desenfreada, que desconcertam, desorientam e confundem a cada dia a opinião pública italiana, para enfraquecer a vontade revolucionária do proletariado e a consciência política das massas trabalhadoras.

Toda essa atividade é muito necessária à reação italiana e ao Vaticano. O partido revisionista italiano procura esmagar o movimento revolucionário das massas populares, com o proletariado à frente, para entravar a revolução, para ajudar a burguesia a sair da situação em que se encontra e evitar a derrubada do sistema existente.

Tomemos outro exemplo, a Espanha. Com a morte de Franco subiu ao poder o rei Juan Carlos. Ele é o representante da grande burguesia espanhola que, vendo que o longo domínio do regime fascista havia mergulhado o país numa grave crise, chegou à conclusão de que a Espanha não pode mais ser governada como no período de Franco. Era, portanto, necessário realizar algumas mudanças na forma de governo e fazer com que a Falange comprometida com Franco não permanecesse mais no poder. Após as peripécias de uma mudança de chefes de governo, o poder ficou com elementos da maior confiança do novo rei, do continuador do franquismo reformado.

As manifestações e greves eclodiram como nunca antes na Espanha. Através delas, o povo exigia mudanças, naturalmente não a "mudança" alcançada, mas mudanças profundas e radicais. As greves, manifestações e choques não cessaram até agora. As massas exigem liberdade e direitos, as diversas nacionalidades, autonomia. Nessa situação, o governo de Juan Carlos legalizou também o partido revisionista de Carrillo-Ibarruri para ludibriar as massas revoltadas. Os chefes desse partido tornaram-se fiéis servidores do regime monárquico espanhol, transformaram-se em fura-greves visando rebaixar o grande ímpeto revolucionário que cresceu na situação criada, para reprimir, juntamente com a burguesia, todos os elementos imbuídos das idéias revolucionárias da Guerra da Espanha e simpatizantes da República.

Constatamos também aqui o papel de bombeiro do partido revisionista espanhol, idêntico, embora menos eficaz, ao desempenhado pelo partido revisionista italiano.

Os partidos revisionistas desempenham o mesmo papel na França, no Japão, nos Estados Unidos, na Inglaterra, em Portugal e em todos os demais países capitalistas, visando defender a ordem burguesa, superar as crises e as situações revolucionárias, entorpecer e paralisar o proletariado e as demais massas oprimidas e exploradas, que compreendem cada vez melhor a impossibilidade de continuarem a viver na "sociedade de consumo" e outras sociedade espoliadoras, e que estão se erguendo contra o sistema político e econômico capitalista.

Os partidos revisionistas são inimigos especialmente do leninismo. Isso significa que são inimigos da revolução, pois foi Lênin que elaborou de maneira acabada a teoria da revolução proletária e levou-a à prática na Rússia. A revolução socialista triunfou na Albânia e em outros países com base nesta teoria. A teoria leninista, que aponta o caminho para o triunfo da revolução em toda parte, arranca os disfarces das teorias contra-revolucionárias revisionistas da passagem pacífica ao socialismo pela via parlamentar, sem destruição do aparelho estatal burguês e inclusive, segundo seus defensores, empregando-o para as transformações socialistas pacíficas, sem necessidade da direção do proletariado e de seu partido de vanguarda, nem da ditadura do proletariado.

Precisamente nestes momentos tão revolucionários, em que há grandes possibilidades de desencadeamento da revolução nos elos mais débeis da cadeia capitalista, em que se sente a necessidade imperiosa de elevar a consciência de classe do proletariado, de preparar o fator subjetivo, de reforçar a confiança na justeza e no caráter universal da teoria marxista-leninista, que mostra o verdadeiro caminho da tomada do poder pelo proletariado e as massas oprimidas, os revisionistas prestam um inestimável serviço para que a burguesia enfrente e conjure a revolução. Por isso, a burguesia procura por todos os meios enquadrar os partidos revisionistas e os sindicatos sob sua influência na luta contra a revolução e o comunismo. Toda a linha do imperialismo norte-americano, do capitalismo mundial e da burguesia de cada país tem precisamente esse objetivo. A burguesia exige que os partidos revisionistas coloquem-se aberta e plenamente a serviço do capital, disfarçando-se de "comunistas" e combatendo por uma suposta mudança da situação, pela criação de uma sociedade nova, híbrida, onde não só o patronato e as classes ricas teriam direito à palavra, mas supostamente também as classes pobres, cujos representantes e defensores seriam os partidos "comunistas" revisionistas e os partidos socialistas.

Sobretudo os revisionistas que se encontram no poder, iugoslavos, soviéticos e chineses, prestam um enorme auxílio ao capitalismo mundial na luta para frear e extinguir as revoluções.

Os revisionistas iugoslavos são inimigos declarados do leninismo, são os mais ardorosos propagandistas da negação do caráter universal das leis da revolução socialista encarnadas na Revolução de Outubro e refletidas na teoria leninista da revolução. Pregam que o mundo atual caminharia espontaneamente rumo ao socialismo e, portanto não haveria necessidade da revolução, da luta de classes, etc. Os revisionistas iugoslavos apresentam como modelo do verdadeiro socialismo seu sistema capitalista da "autogestão", que, segundo eles, seria uma panacéia contra os "males" do socialismo "stalinista", assim como contra os males do capitalismo. A instauração desse sistema, segundo eles, não exige nem a revolução violenta, nem a ditadura do proletariado, nem a propriedade estatal socialista, nem o centralismo democrático. A "autogestão" pode instalar-se comportada e suavemente, através do acordo e da colaboração entre os círculos dominantes, entre empregadores e operários, entre governo e patrões! Precisamente porque o revisionismo iugoslavo é inimigo do leninismo e sabota a revolução, o capitalismo internacional, sobretudo o imperialismo norte-americano, mostra-se tão "generoso" na ajuda financeira, material, política, ideológica à Iugoslávia titista.

Os revisionistas soviéticos em palavras não rejeitam o leninismo e a teoria leninista da revolução, mas na prática combatem-nos com suas atitudes e atividades contra-revolucionárias. Eles não têm menos medo da revolução proletária do que os imperialistas norte-americanos e a burguesia desse ou daquele país, pois a revolução na União Soviética os derruba, priva-os do poder o dos privilégios de classe, enquanto que em outros países frustra seus planos estratégicos de domínio mundial.

Eles procuram apresentar-se como continuadores da Revolução de Outubro, seguidores do leninismo, para enganar o proletariado e as massas trabalhadoras tanto na União Soviética como nos demais países. Se eles falam do "socialismo desenvolvido", da "passagem ao comunismo", é para suprimir qualquer descontentamento, revolta ou movimento revolucionário das massas trabalhadoras de seu país contra o domínio revisionista e esmagá-los como atos "contra-revolucionários", "anti-socialistas". Externamente empregam a máscara do "leninismo" para encobrir suas teorias e práticas antimarxistas, antileninistas, para abrir caminho aos planos expansionistas e hegemonistas do social-imperialismo.

Os revisionistas soviéticos apresentam a revolução violenta nos países capitalistas desenvolvidos como algo perigosíssimo na atualidade, quando, segundo eles, qualquer explosão revolucionária pode transformar-se numa guerra mundial e termonuclear que aniquilará a humanidade. Por isso eles recomendam como caminho mais adequado atualmente a revolução pela via pacífica, a transformação do parlamento, "de um órgão de democracia burguesa num órgão de democracia para os trabalhadores". Também apresentam a détente, a chamada distensão, que serve aos fins da política externa soviética, como "a tendência geral da atual evolução mundial", que pretensamente levaria ao triunfo pacífico da revolução em escala mundial.

Com objetivos demagógicos, eles não negam a ditadura do proletariado e inclusive defendem-na teoricamente, afirmando que, em casos particulares, pode-se empregar mesmo a revolução violenta. Mas necessitam dessas declarações, sobretudo para legitimar complôs e "putschs" armados que promovem nesse ou naquele país visando implantar regimes e camarilhas reacionários pró-soviéticos; afastar do justo caminho e colocar sob sua hegemonia os movimentos de libertação nacional etc.

A China revisionista também tornou-se agora zeloso bombeiro da revolução.

Toda a política interna e externa dos revisionistas chineses dirige-se contra a revolução, pois ela derruba sua estratégia de fazer da China uma superpotência imperialista.

No interior da China a direção revisionista reprime selvagemente qualquer explosão revolucionária da classe operária e das massas trabalhadoras contra suas atitudes e atividades burguesas contra-revolucionárias. Procura encobrir por todos os meios as contradições da época atual, sobretudo a contradição entre o trabalho e o capital, entre o proletariado e a burguesia. Os revisionistas chineses dizem que o mundo possui hoje apenas uma contradição, a contradição entre as duas superpotências, que eles apresentam como sendo uma contradição dos Estados Unidos e todos os demais países do mundo com o social-imperialismo soviético. Apoiando-se nessa tese inventada, eles conclamam o proletariado e o povo de cada país a unir-se com sua própria burguesia para "defender a pátria e a independência nacional" do perigo que emanaria unicamente do social-imperialismo soviético. Com isso os revisionistas chineses pregam às massas a idéia da renúncia à revolução e à luta de libertação.

Para os revisionistas chineses a questão da revolução proletária e de libertação nacional absolutamente não se coloca no período atual, mesmo porque, segundo eles, não haveria em parte alguma do mundo uma situação revolucionária. Por isso eles aconselham o proletariado a fechar-se nas bibliotecas e estudar a "teoria", já que não chegou a hora das ações revolucionárias. Nesse quadro fica claro como é hostil e contra-revolucionária a política dos revisionistas chineses, que dividem o movimento marxista-leninista e emperram a união da classe operária na luta contra o capital.

A imprensa e a propaganda chinesas, assim como os discursos dos dirigentes chineses, silenciam por completo sobre as grandes manifestações e greves realizadas atualmente por todo o proletariado dos diversos países capitalistas. Fazem-no porque não querem encorajar a revolta das massas, porque não querem que o proletariado explore essa situação para combater a opressão e a exploração. Como soa hipócrita seu slogan bombástico e vazio de que "os países querem a independência, as nações querem a libertação e os povos querem a revolução"!

Ao pretender que não existe situação revolucionária no mundo de hoje, os revisionistas chineses não só entram em contradição com a realidade, como solicitam que o proletariado e seu partido marxista-leninista permaneçam de braços cruzados, não empreendam qualquer ação revolucionária, não trabalhem para preparar a revolução. Há muito tempo, já no II Congresso da Internacional Comunista, Lênin criticava pontos de vista capitulacionistas desse gênero, expressos pelo italiano Serratti, segundo o qual não se deve desenvolver ações revolucionárias quando não há situação revolucionária.

"A diferença entre os socialistas e os comunistas - dizia Lênin - reside precisamente em que os socialistas recusam-se a atuar como nós procedemos em qualquer situação, realizando justamente a atividade revolucionária. " (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXXI, pg. 277).

Essa crítica de Lênin é também um forte golpe nos revisionistas contemporâneos chineses e em todos os demais revisionistas que, tal qual os social-democratas, opõem-se às ações revolucionárias do proletariado e das massas trabalhadoras.

Lênin qualificava Kautsky de renegado porque:

"ele desnaturou de fio a pavio a doutrina de Marx, adequou-a ao oportunismo, 'renegou de fato a revolução enquanto a aceitava em palavras'" (V. I. Lênin, Obras, ed. albanesa, vol. XXVIII, pg. 257).

Os dirigentes revisionistas chineses vão ainda mais longe do que Kautsky. Não admitem nem em palavras a necessidade da revolução.

Essa linha reacionária explica a política e as atitudes profundamente contra-revolucionárias da direção revisionista chinesa, que procura por todos os meios aliar-se e colaborar com o imperialismo norte-americano e outros países capitalistas desenvolvidos, apóia o Mercado Comum Europeu e a OTAN.

Ao aliar-se e buscar a unidade com os imperialistas norte-americanos, que, ao lado dos social-imperialistas soviéticos, são os mais ferozes opressores e exploradores, os maiores inimigos do proletariado e dos povos, assim como com os demais dominadores imperialistas, com a mais negra reação mundial, ao solicitar que o proletariado dos países europeus e dos outros países capitalistas desenvolvidos curve a espinha e aceite a opressão burguesa, os revisionistas chineses participam eles próprios da opressão e juntam-se ao capitalismo mundial na luta contra a revolução, contra o socialismo, contra a libertação dos povos.

Como se vê, o capitalismo mundial desenvolve juntamente com o revisionismo contemporâneo e todos os seus demais instrumentos uma luta frontal, áspera e multifacética para impedir a eclosão de revoluções.

Eles procuram com todas as forças superar as crises, atenuar ou debelar as situações revolucionárias, para que elas não se transformem em revolução. Mas as crises e situações revolucionárias são fenômenos objetivos, que não dependem da vontade ou dos desejos dos capitalistas, nem dos revisionistas, nem de quem quer que seja. Só poderão ser conjuradas quando desaparecer o sistema capitalista de opressão e exploração, que as engendra inevitavelmente.

Os imperialistas, os demais capitalistas e os revisionistas sabem muito bem que a revolução não eclode por si só nos períodos de crise e situação revolucionária. Por isso dirigem sua atenção e seus golpes principais sobre o fator subjetivo. Por um lado, tentam entorpecer e ludibriar o proletariado, as demais massas trabalhadoras, os povos, impedir que eles tomem Consciência da necessidade imperiosa da revolução, que se unam e se organizem. Por outro lado, lutam para destruir o movimento marxista-leninista internacional, para que ele não se erga, não se reforce, não se torne uma grande força política dirigente da revolução, para que os autênticos partidos marxista-leninistas de cada país não adquiram aptidões políticas e ideológicas que os capacitem a unir, organizar, mobilizar, dirigir as massas na revolução e na vitória.

Porém por mais que se esforcem e combatam, os imperialistas, capitalistas, revisionistas e reacionários não podem deter o avanço da roda da história. Seus esforços e sua luta defrontar-se-ão com os esforços e a luta revolucionária do proletariado e dos povos amantes da liberdade, enquanto os revisionistas contemporâneos terão o mesmo destino dos social-democratas e de todos os oportunistas do passado, de todos os servidores da burguesia e do imperialismo.


Inclusão 03/11/2005
Última alteração 15/05/2022