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Primeira Edição: L'Ordine Nuovo, 11 Junho 1921.
Tradução: Gabriel Sena da versão disponível em http://marxism.halkcephesi.net/Antonio Gramsci/1921/06/socialists_and_fascists.htm
HTML: Fernando Araújo.
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A posição política do fascismo é determinada pelas seguintes circunstâncias básicas.
É lógico que os fascistas não querem ir para a prisão e que, ao invés disso, querem usar sua força — toda a força que têm à disposição — para permanecerem impunes e alcançarem o objetivo final de todo movimento: manter o poder político.
O que os socialistas e os líderes da Confederação pretendem fazer para impedir que o povo italiano seja submetido à tirania do Estado-Maior, dos grandes proprietários de terras e dos banqueiros? Eles estabeleceram um plano? Eles têm um programa? Parece que não. Poderiam os socialistas e os líderes da Confederação estabelecer um plano clandestino? Isso seria ineficaz, porque apenas uma insurreição das grandes massas pode esmagar um golpe reacionário; e insurreições das grandes massas, apesar de precisarem de preparação clandestina, também precisam da legalidade, de propaganda aberta para orientar o espírito das massas e preparar sua consciência.
Os socialistas nunca encararam seriamente a possibilidade de um golpe de estado, nem se perguntaram que provisão deveriam fazer para se defender e passar à ofensiva. Os socialistas, acostumados como são a mastigar estupidamente algumas pequenas fórmulas pseudomarxistas, rejeitam a ideia de revoluções "voluntaristas", "esperando milagres" etc, etc. Mas se a insurreição do proletariado fosse imposta pela vontade dos reacionários, que não podem ter escrúpulos "marxistas", como o Partido Socialista deveria se comportar? Deixaria, sem resistência, a vitória para a reação? E se a resistência fosse vitoriosa, se o proletariado se levantasse e derrotasse a reação, que slogan o Partido Socialista daria: entregar as armas ou levar a luta até o fim?
Acreditamos que essas questões, neste momento, estão longe de serem acadêmicas ou abstratas. Pode ser, é verdade, que os fascistas, que são italianos, e que têm toda a indecisão e fraqueza de caráter da pequena burguesia italiana, imitarão a tática seguida pelos socialistas na ocupação das fábricas: irão recuar e abandonar à justiça punitiva de um governo dedicado à restauração da legalidade daqueles que cometeram crimes e seus cúmplices. Pode ser esse o caso. No entanto, é uma tática ruim colocar a confiança nos erros de seus inimigos e imaginar que os inimigos são incapazes e inaptos. Quem tem força, usa. Quem sente que corre o risco de ir para a prisão, fará o impossível para manter sua liberdade. Um golpe de Estado dos fascistas, isto é, do Estado-Maior, dos proprietários de terras e dos banqueiros, é o espectro ameaçador que paira sobre essa legislatura desde o início. O Partido Comunista tem sua linha: lançar o slogan da insurreição e levar o povo em armas à sua liberdade, garantida pelo Estado operário. Qual é o slogan do Partido Socialista? Como as massas ainda podem confiar neste partido, que limita sua atividade política a gemer, e propõe apenas garantir que seus deputados façam discursos "magníficos" no Parlamento?
Inclusão | 07/09/2019 |