Dicionário político

Ernst-Hermann Nolte

Retrato Ernst-Hermann Nolte- By unknown - Original publication: unknownImmediate source: https://www.nytimes.com/2016/08/21/world/europe/ernst-nolte-historian-whose-views-on-hitler-caused-an-uproar-dies-at-93.html, Fair use, https://en.wikipedia.org/w/index.php?curid=72739420

(1923-2016): historiador e filósofo alemão. Seus estudos sobre o fascismo europeu, publicados na década de 1960, foram particularmente influentes. Desenvolveu a tese de um "nexo causal" entre os crimes do sistema Gulag na União Soviética e o Holocausto. Sobre Nolte, Ludo Martens observa: "Nos anos 80, a direita recuperou muitos dos temas desenvolvidos pelos nazis durante a guerra psicológica contra a URSS. Após 1945, de modo geral, os esforços para reabilitar o nazismo começaram com afirmação de que «o stalinismo era pelo menos tão bárbaro quanto o nazismo». Ernst Nolte, secundado por um Jürgen Habermas, afirmou, em 1986, que o extermínio dos kulaques por Stáline podia ser comparado ao extermínio dos judeus por Hitler!" (Um Outro Olhar Sobre Stáline).
E Robert Kurz acrescenta: "Fala-se com frequência da singularidade do crime contra a humanidade de Auschwitz. Isso é certo na medida em que possui dimensões únicas de um crime que vai além do mero ódio, da mera crueldade e barbárie, assim como vai além de um assassinato motivado por cálculos político-econômicos. Mas esse conceito de singularidade serve igualmente aos ideólogos democráticos ocidentais para mitologizar Auschwitz, como algo que se encontra fora da história alemã, da democracia, do capitalismo e da razão iluminista. “Singularidade” significa não mais uma dimensão única do irracionalismo no próprio solo da racionalidade burguesa moderna, mas a irrupção de um poder das trevas “estranho”, externo e, até certo ponto, “alienígena”, que nada tem que ver com a pura alma capitalista-democrática. Com certa astúcia, Ernst Nolte utilizou essa evidente ignorância do conceito democrático de “singularidade” em sua historiografia apologética do nacional-socialismo, para colocar Auschwitz na série dos crimes ordinários da modernização e minimizá-lo como mera atrocidade “secundária”. Tal como no que concerne a ditadura de crise nacional-socialista no sentido político-econômico geral, dever-se-ia então, em face do Holocausto e de sua qualidade específica, inverter a perspectiva de Nolte, e, sem prejuízo de sua dimensão de singularidade, fazer uma historicização negativa de Auschwitz, ao invés de uma positiva. O Holocausto torna-se então uma acusação geral contra a razão iluminista, o capitalismo e a história nacional-alemã: nesse sentido, Auschwitz não seria um ato “estranho”, mas uma consequência especificamente alemã da própria história da modernização, que teria raízes nos fundamentos gerais do pensamento burguês-liberal e democrático." (O livro negro do capitalismo)