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O povo norte-americano entrou num ano de grandes lutas e grandes decisões. A luta se desenvolve em várias frentes e assume ampla variedade de formas. Mas em nosso país todos os caminhos de luta levam, agora, direta ou indiretamente, às eleições de 1948. Porque essas eleições cruciais desenham-se como a batalha essencial na luta entre os campos da guerra e da paz, da reação imperialista e do progresso democrático.
Quais as condições em que se realizam nos Estados Unidos as eleições de 1948? Poderemos notar seis de suas novas e principais características, antes de considerarmos cada uma mais detalhadamente.
Eclipsando todos os demais, ressalta o fato de que as eleições de tempo de paz realizam-se em meio a uma ofensiva reacionária sem precedentes, numa atmosfera de histeria guerreira e de preparativos adiantados para a terceira guerra mundial.
Em segundo lugar, a luta eleitoral é acompanhada por um conflito econômico que se aguça à medida que o veneno da inflação se espalha simultaneamente com a aproximação da primeira crise econômica de após-guerra.
Em terceiro lugar, essa ofensiva de após-guerra da reação monopolista cria novos perigos de fascismo.
Em quarto lugar, o sistema bi-partidário, pelo qual os grande magnatas vêm há muito mantendo sua dominação, permanece, de maneira mais evidente que nunca, como dois partidos na forma, mas como os partidos gêmeos do monopólio na essência, possuindo objetivos imperialistas comuns, e funcionando como partido único, como uma organização bi-partidária de guerra para todos os efeitos e finalidades.
Em quinto lugar, os social-democratas reacionários e a maioria dos dirigentes trabalhistas reformistas entraram em aliança aberta com os imperialistas.
E, finalmente, um novo surto de resistência está se apoderando do campo trabalhista-progressista e estão aparecendo novas formações políticas progressistas.
Estas são as principais características novas que precisam ser levadas em consideração se o campo progressista, principalmente os trabalhadores mais avançados, quiserem estabelecer as táticas para as eleições de 1948 que permitirão ao povo afastar os novos perigos de guerra e de fascismo, e tirar proveito das novas oportunidades de desenvolvimento da contra-ofensiva popular
A primeira característica nova da atual situação — a atmosfera guerreira — domina toda a cena nacional. Como acentuou o camarada Foster, em seu uniforme sobre a situação internacional, a ofensiva de após guerra da reação atingiu uma fase adiantada de preparação guerreira que prossegue com crescente rapidez e que estende seus objetivos a todos os aspectos da vida do país.
As primeiras eleições presidenciais de após-guerra realizaram-se quando nosso país ainda estava oficialmente em estado de guerra, e muitos controles de tempo de guerra permaneceram em vigor. Os Chefes do Estado Maior Unido Anglo-Americano continuam a operar como se o dia da vitória nunca tivesse existido.
Além disso, os principais atos do setor executivo do governo e do Congresso são caracterizados pela dedicação única em fomentar os lucros dos monopólios e a expansão imperialista, em organizar o incitamento à guerra anti-soviética, e em apressar todas as medidas preparatórias para a terceira guerra mundial.
Assim, por exemplo, a sessão especial do Congresso em novembro e dezembro de 1947 teve como única função sancionar e financiar a intervenção de emergência na França e na Itália e a ativar os preparativos guerreiros dos Estados Unidos na Bi-zona e no Japão.
Assim, a atual sessão do Congresso concentra-se no principal programa imediato do imperialismo dos Estados Unidos — o bi-partidário Plano Marshall e o orçamento de guerra apresentado por Truman. Assim, também, a Administração e o Departamento de Estado organizam constantemente uma série de provocações contra a União Soviética e as novas democracias, e criam diariamente novas e artificiais crises guerreiras.
Essa histeria e essa campanha guerreiras destinam-se a servir a quatro objetivos principais. Primeiro, ativar os preparativos para uma guerra anti-soviética, para a terceira guerra mundial, sob o pretexto de salvar a democracia do comunismo. Segundo, e com esse fim, restaurar a Alemanha e o Japão com centros reacionários sob o domínio dos Estados Unidos, e ao mesmo tempo liquidar a independência nacional de outros países e abrir assim as portas para a penetração do monopólio dos Estados Unidos em seus negócios econômicos e políticos. Terceiro, aumentar os lucros dos monopólios e diminuir o nível econômico dos trabalhadores, sobretudo como preparação para uma solução reacionária da crise econômica que se aproxima. Quarto, intimidar qualquer oposição às manobras de dominação mundial de Wall Street, liquidar todos os elementos de oposição nos partidos gêmeos de guerra, e afogar ao nascer o novo partido popular da paz.
A segunda característica da nova situação é o desenvolvimento unilateral e desorganizado da economia nacional, em que a produção de tempos de paz, necessária a satisfazer as necessidades acumuladas de nosso povo a de outros povos, arrasta-se, enquanto a produção de guerra progride, e em que amadurecem rapidamente todos os elementos de uma crise econômica cíclica.
Os monopolistas lutam para ultrapassar seus lucros fabulosos dos tempos de guerra, através de uma exploração sem precedentes em tempos de paz, e da conservação das indústrias de armamentos quase nos mesmos níveis de produção da guerra.
A indústria do aço, por exemplo, está trabalhando com toda a sua capacidade . Mas a "escassez" de aço impede a construção de casas cm grande escala e uma grande produção de automóveis. Novas reduções nas construções de casas e na produção de automóveis ocorrerão se for executado o Plano Marshall.
O truste do aço tem boas razoes para bloquear a produção do aço exigida pelas necessidades de paz, no país e no estrangeiro. Lucra fabulosamente através da fixação do preço para o consumo interno. E lucrará com o sistema de concessões aos estados satélites do Plano Marshall. Espera tirar enormes super-lucros de suas invenções na indústria alemã de aço que deverá ser restaurada sob o Plano Marshall.
Outros desequilíbrios semelhantes afetam toda a indústria. Por exemplo, se as recomendações do Comitê de Política Aérea diretamente subordinado ao Presidente forem adotadas, a indústria da aviação sofrerá um rude golpe. Mas o governo não está apresentando nenhum programa para barrar o amadurecimento e a antecipação da "retração" aguda que breve ocorrerá, principalmente nas indústrias de mercadorias duráveis de consumo.
Nem Truman, nem o Congresso dominado pelo Partido Republicano, demonstram qualquer disposição de interferir nas práticas dos monopólios que continuam a fazer subir os preços. Mas estimulam a campanha para a intensificação do trabalho, os horários mais longos e o congelamento de salários.
Apesar de um dos objetivos do Plano Marshall-Vandenberg ser o de procurar deter, ou pelo menos atenuar, para os monopólios americanos, as conseqüências da crise econômica que se avizinha, os efeito reais desse Plano na economia interna serão, entre outras coisas: maior inflação, maior diminuição no nível de vida do povo, maior desequilíbrio entre as exportações e as importações, e o aceleramento do desenvolvimento desigual da produção industrial.
Assim, os aspectos econômicos internos do Programa bi-partidário de Recuperação Européia, aguçarão consideravelmente a concorrência dos monopólios e a contradição básica do capitalismo, a contradição entre a produção social e a apropriaçãoparticular. Por conseguinte, o Plano Marshall apressará e tornará mais devastadora a crise econômica que se aproxima.
É preciso dizer ainda que os aspectos econômicos unilaterais da política externa do governo bi-partidário, bem como o declínio na produção de certas indústrias básicas, o aumento de desemprego e do emprego parcial, o crescimento dos estoques e a recente queda nos preces das utilidades e do mercado — tudo indica que a crise econômica que se aproxima progride a passos largos. Isto, por sua vez, estimula a maior agressividade do imperialismo de Wall Street.
O Plano Marshall está ameaçando de novo e perigoso golpe a economia e a vida política de nosso país. A ampliação que lhe promove do controle "estatal" sobre grandes áreas de comércio, créditos e inversões de capital no estrangeiro, acelera o desenvolvimento ultra-reacionário cio capitalismo monopolista de estado. Esse processo — a mais estreita fusão e ligação orgânica do capital financeiro com o estado que ele domina — acelerou-se durante a segunda guerra mundial. Agora está sendo mais estimulado, não só pelo Plano Marshall, como também pelo programa de controle monopolista do estado e pela produção da bomba atômica e da energia atômica — um programa destinado a beneficiar os interesses monopolistas dos Du Pont, da General Electric e da Westinghouse.
Esse desenvolvimento do capitalismo monopolista de estado é um fator importante na terceira característica da atual situação — o novo perigo de fascismo apresentado pela ofensiva de após guerra da reação imperialistas.
A posição do capital monopolista norte-americano ao fim da segunda guerra mundial é muito diferente de sua posição ao fim da primeira guerra. Apesar do resultado da segunda guerra mundial ter sido um maior e mais sério enfraquecimento do mundo capitalista em geral, nos Estados Unidos elevou a concentração do poder econômico para um nível mais alto. Esse poder monopolista concentrado está sendo agora ameaçado pelos povos amantes da paz em todo o mundo. E nos Estados Unidos enfrenta uma classe operária mais forte e um Partido Comunista também mais forte e mais maduro do que o de 1920.
Em conseqüência, uma nova situação mundial e uma correlação de forças modificada internamente apresentam noves problemas aos monopolistas da economia americana. O objetivo visado pelos monopólios dos Estados Unidos é a dominação mundial. Inevitavelmente, os meios de que disporão para atingir esse objetivo não o fascismo e a guerra.
Nos Estados Unidos, a campanha pelo fascismo não segue os moldes adotados por Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha. Aqui os monopólios pró-fascistas não dependem de um novo "iluminado" para criar um novo partido de massas de conteúdo fascista e de demagogia anti-capitalista. Pelo contrário, estão subvertendo o aparelho governamental e utilizando os homens dos dois maiores partidos para transformar as instituições democrático-burguesas norte-americanas em instrumentos de tipo fascista. Também estão tentando transformar os partidos políticos burgueses existentes e as organizações de massa controladas pela burguesia — como a Legião Americana — em instrumentos para conseguirem uma base de massas para propaganda e atividades fascistas.
Os pró-fascistas norte-americanos glorificam a "livre iniciativa particular", o sistema bi-partidário e a farsa dos partidos burgueses de "oposição" . Utilizam o sistema bi-partidário e o Congresso para estabelecer medidas governamentais necessárias a encaminhar a frente nacional conforme os desejos da política externa do Eixo Anglo-Norte-Americano, "anticomunista". Assim, a Lei pró-fascista Taft-Hartley, destinada a enfraquecer e destruir os sindicatos, foi trabalho de um bloco bi-partidário no Congresso e tem a sanção da Administração para sua aplicação mais ampla a todos os setores das relações entre o capital e o trabalho.
Também o Comitê bi-partidário de Atividades Anti-Americanas procura uma máscara "constitucional" para sua legislação pró-fascista e anticomunista. A medida de controle de pensamento para estabelecer a "lealdade" e a legislação repressiva anti-trabalhista introduzidas nos Estados e no Congresso, não são apresentadas como as medidas policiais de estado, que são na realidade. Pelo contrário, são apresentadas como meios de salvar a nação do "totalitarismo" e de defender a democracia contra os comunistas que são torpemente acusados de "quinta-colunistas" que conspiram para estabelecer um estado policial.
Uma demagogia sem precedentes, estreitamente ligada a uma repressão também sem precedentes, visa impedir o povo de perceber o crescente perigo fascista. Assim, o relatório do Comitê de Direitos Civis do Presidente manifesta uma preocupação hipócrita com os direitos da população negra. Isto não é só um meio de caçar votos. É também um engodo destinado a obter apoio para a proposta pró-fascista de tornar ilegal o Partido Comunista — uma proposta à maneira de Hitler que é agora apresentada como um meio de "defender" as liberdades civis e que se disfarça como "registro".
Não é por acaso que entre os advogados da legislação anti-democrática se encontram as forças que propugnam várias formas de ação vigilante. As direções supremas da Legião Americana, da Associação Católica dos Veteranos de Guerras, Associação dos Veteranos de Guerras Externas e os Veteranos de Guerra Judeus, bem como os Gerald Smith e o Ku Klux Klan, mostram na prática onde se originam de fato os slogans "anti-totalitários" do Departamento de Estado, de N. A. M. (Associação Nacional das Indústrias) e dos Morris Ernest.
A militarização acelerada do país, que acompanha a campanha de após-guerra dos monopolistas e militares norte-americanos pela dominação do mundo — o objetivo que se haviam traçado originalmente os próprios nazistas — levará inevitavelmente ao fascismo. Eis porque a extensão sem precedentes do controle bancário-militar sobre as agências do governo e sobre os setores do cinema, rádio, educação, ciência, imprensa e indústria, estão alarmando grandes camadas da população.
Estes e outros desenvolvimentos tornam claro como o cristal o fato de que a crescente ofensiva da reação monopolista está aumentando o perigo do fascismo assim como o de guerra; e de que para combater os dois perigos gêmeos, do fascismo e da guerra, é mais do que nunca essencial combater os partidos gêmeos da guerra imperialista e da reação.
Chegamos agora à quarta característica da atual situação — o novo esforço dos monopólios para utilizar o sistema bi-partidário para o estabelecimento de fato de um único partido de guerra bi-partidário.
O novo reagrupamento que teve início depois da morte de Roosevelt tem prosseguido. Há alguns meses atrás a proclamação da bi-partidária Doutrina Truman-Hoover expressou a linha política unificada dos principais setores do imperialismo norte-americano. Agora o Plano Marshall-Vandenberg revelou ainda melhor os "objetivos e a estratégia comuns dos grupos mais decisivos de Wall Street — apesar de suas filiações políticas formais ou de suas divergências partidárias.
Essa política externa bipartidária é apresentada como um programa de união nacional que se declara acima das classes e dos partidos. Qualquer pessoa que se recuse a segui-la é taxada de apaziguador ou de virtual traidor.
Os que formam na linha de Wall Street têm suas divergências táticas ou econômicas de grupo, devidas à organização partidária ou aos seus próprios interesses particulares — e essas divergências só podem aumentar durante a campanha eleitoral. Mas é óbvio que não são só os Truman e Marshall, os Forrestal e Farley, que advogam o E.R.P. (Plano de Recuperação de Emergência) e a intervenção militar agressora na Grécia, na Turquia e na China, bem como as interferências e pressões imperialistas na América Latina. Os Hoover e Vendenberg, os Dewey, os Stassên e os Eisenhower, ajudaram a lançar e armam de todas as maneiras esse plano imperialista rapace.
Embora os Taft e Wherry regateiem detalhes financeiros e administrativos do Plano Marshall, embora votem contra o Treinamento Militar Universal, esses chamados isolacionístas estão unidos aos "inter-nacionalistas" bi-partidários no apoio ao programa armamentista do governo e na preparação total para a guerra mundial. Unem-se aos seus irmãos bi-partidários na prática de toda sorte de aventuras e conspirações anti-soviéticas, pelo engrandecimento do imperialismo.
Apesar dos esforços de Truman para dar ao Partido Democrata a feição de Roosevelt, ele hoje já não mais se distingue do seu gêmeo Republicano . Divergências partidárias insignificantes a respeito de detalhes de coma melhor servir 05 objetivos básicos do monopólio não entusiasmam o povo norte-americano. O povo defronta-se hoje com duas máquinas partidárias — que constituem um único campo guerreiro bi-partidário. O povo não tem uma escolha fundamental entre os Democratas e o G.O.P. (Partido Republicano) .
A quinta característica da atual situação é o papel reacionário da Social-Democracia e o aparecimento da "terceira força" cujo apoio permitiu à reação imperialista obter a maior parte de suas vitórias nos últimos tempos. Ao fim da guerra, os Social-Democratas reacionários, a Associação dos Sindicatos Católicos controlada pelo Vaticano e os social-reformistas no movimento trabalhista já principiavam a se aliar no programa de após guerra da reação monopolista, do imperialismo agressor norte-americano.
Mas nos Estados Unidos, os Social-Democratas, lacaios do inimigo de classe, e muitos dos dirigentes da A.C.T.U. (Associação dos Sindicatos Católicos) e dos sindicatos reformistas, a princípio só puderam dar um apoio limitado a Wall Street, adiando dessa forma sua ampla e clara colaboração. O papel de repressão de greves da Administração de Truman, contra os mineiros e os trabalhadores ferroviários e marítimos e sua cumplicidade na liquidação do controle de preços, impediram por algum tempo a maioria dos principais dirigentes reformistas do C. I. O., da Federação Americana do Trabalho e da Fraternidade dos Ferroviários de emprestar apoio declarado à política externa bi-partidária. A oposição da massa dos sindicatos ao descarado imperialismo da Doutrina Truman deteve por algum tempo os Murray e Potofsky, se não também os Woll e Green.
Mas a apresentação do Plano Marshall deu início a uma virada. Atualmente, não só o Partido Socialista, a Associação dos Americanos Pela Ação Democrática, controlada pelos Social-Democratas, e o Partido Liberal de Dubinsky, como também a maioria dos principais dirigentes de todas as centrais sindicais estão se organizando para apoiar o programa guerreiro bi-partidário e para defender o sistema bi-partidário do grande capital.
O convite de Murray a Marshall para que tomasse parte na convenção do C.I.O. no último outono, e o próprio discurso de Marshall, demonstrando aquele desenvolvimento e que constituem uma negativa da resolução do "compromisso" adotado com a política externa, a favor da qual votaram enganados os componentes da ala esquerda. A recente reunião do Conselho Executivo do C.I.O., revelou as agudas divergências de princípios existentes entre os dirigentes anti-guerreiros e antiimperialistas do C.I.O. de um lado; e os que se prostituem com o Departamento de Estado e Wall Street, de outro.
Mas ao mesmo tempo em que alguns maus dirigentes trabalhistas uniam-se ao Comitê Stimson para ajudar os banqueiros a defender o Plano Marshall, outros ajudavam a aplicá-lo. Foi esta a missão que levou James Carey a Paris — e que o leva agora pela segunda vez — a fim de dividir a Federação Mundial dos Sindicatos. Foi esta a missão de Clinton Gülden na Grécia onde sua presença destina-se a colocar um rótulo sindicalista na intervenção militarista dos Estados Unidos contra a democracia grega. Esta é a missão de Irving Brown como organizador de um sindicato das companhias dos estados do Plano Marshall, e esta foi a missão da fracassada conferência da A.F.L. no Peru.
Esses apologistas Social-Democratas e trabalhistas-imperialistas de Wall Street agarram-se às demarches do Departamento de Estado em favor dos Attlee e Bevin, dos Blum e Jouhaux como "prova" de que o imperialismo norte-americano está adotando uma atitude "liberal" e "tolerante" para com o "socialismo democrático". Mas os trabalhadores americanos precisam compreender que esses dirigentes trabalhistas que merecem os agradecimentos do Departamento de Estado, somente são dignos do desprezo dos sindicatos; porque em todos os países eles são inevitavelmente os defensores da guerra imperialista e traidores da classe operária. Os Social-Democratas e os social-reformistas reacionários do movimento trabalhista, assim como os da Associação dos Sindicatos Católicos têm atualmente uma outra missão nos Estados Unidos. E precisamente agora, que as massas de trabalhadores desiludidos abandonam os partidos gêmeos dos grandes magnatas, que esses senhores lutam para impedir a ação política realmente independente dos trabalhadores e para conservá-los atrelados ao sistema bi-partidário.
Neste momento decisivo, quando a chapa de Wallace para presidente e o desenvolvimento do movimento pelo terceiro partido estimulam as massas de trabalhadores a participarem e liderarem um novo agrupamento político anti-monopolista, é que os Social-Democratas, a Associação dos Sindicatos Católicos e os dirigentes da ala direita do C. I. O. procuram alterar o caráter originalmente progressista do Comitê de Ação Política do C. I. O. Procuram converter o Comitê, que em geral desempenhou um papel progressista nas eleições de 1944 e 1946, num veículo para afastar os trabalhadores do caminho da ação política independente em 1948, do movimento pelo terceiro partido e da campanha de Wallace. Numa situação política, totalmente diferente, tentam empregar as tradições e os métodos passados do Comitê de Ação Política do C. I. O., como um meio de confundir os membros do C. I. O. e de amarrar o C. I. O. aos dois partidos de Wall Street.
Ao mesmo tempo, a nova arma e ação política da A. F. L., assim como a da Fraternidade dos Ferroviários — está sendo construída pelos Woll, Dubinsky e os Green, a fim de transformar o descontentamento dos trabalhadores com a Lei Taft-Hartley e o alto custo da vida em bom negócio para os monopolistas. Está sendo construída para fortalecer o sistema bi-partidário e para destruir o terceiro partido, o novo partido do povo que agora está se formando.
Nessas circunstâncias, é claro que a política dos salários da maioria dos dirigentes trabalhistas também será de molde a minar a próxima grande, campanha por melhoria de salários dos trabalhadores. É difícil dizer, mesmo agora, qual dos "velhos estadistas" — Bernard Baruch ou William Green — está se esforçando mais para conseguir mais horas de trabalho e o congelamento dos salários.
A posição reivindicatória dos trabalhadores no aço, nas próximas negociações por melhores salários, será gravemente enfraquecida se a super-ardorosa declaração da direção da União dos Trabalhadores no Aço da América, de que não haverá greves na indústria do aço este ano, permanecer como a política estabelecida, como provavelmente o será. Essa boa vontade dos líderes do sindicato dos trabalhadores no aço em aceitar toda espécie de migalhas que lhe são oferecidas em troca do abandono de qual
quer luta por um aumento substancial de salários e contra o aceleramento no ritmo do trabalho, prejudica seriamente os interesses dos trabalhadores no aço, como os demais trabalhadores do país.
Da mesma maneira, embora os trabalhadores na indústria de automóveis tenham forçado Walter Reuther a tratar do aumento de salários, ele está enfraquecendo a posição reivindicatória dos trabalhadores com suas conversações e negociações especialmente dedicadas a conseguir maior produtividade de trabalho e planos de gratificações idealizados pelas companhias.
É claro, portanto, que a luta por maiores salários, assim como a luta pela defesa da paz e pela melhoria dos interesses dos trabalhadores nas eleições de 1948, exigirão a intensificação da luta contra os reacionários Social-Democratas, a Associação dos Sindicatos Católicos e os líderes social-reformistas do movimento trabalhista. A demora em reconhecer a necessidade imediata dessa luta, principalmente por parte de certos setores de trabalhadores mais avançados, inclusive certos comunistas, precisa sei rapidamente superada pelo desenvolvimento de uma luta constante contra o social-democratismo e pela edificação rápida e efetiva, pela base, de uma frente única de luta.
A sexta característica nova da atual situação dos Estados Unidos é a crescente resistência do povo norte-americano à ofensiva imperialista dos grandes magnatas, tanto nos assuntos externos, como nos internos, Este é um fator de grande importância e que, mais cedo ou mais tarde, poderá forçar certas modificações na política do governo e influenciar o resultado das eleições de 1948 e a luta pela paz mundial. É verdade, naturalmente, que a ofensiva da reação — principalmente sua campanha anti-soviética e anticomunista — afetou de maneira adversa uma parte dos movimentos trabalhistas e progressistas e confundiu e intimidou certos setores do povo.
Apesar disso, um novo movimento progressista começa a tomar forma. A profunda apreensão do povo a respeito do caminho que tem pela frente, da política bi-partidária e da campanha da reação na frente interna, está se desenvolvendo numa disposição de resistência. E já se esboçam a formação e o contra-ataque de uma coalizão democrática do povo e de uma frente unida antiimperialista.
A oposição ao Treinamento Militar Universal, ao vergonhoso embargo de armas para os judeus da Palestina e à intromissão dos militares na vida civil, trazem novas forças para este movimento pela paz que se está formando.
Uma nova disposição de luta contra o alto custo da vida, contra as negociatas com os cereais e outras formas de exploração dos monopólios, junta-se à crescente disposição de luta por novos aumentos de salários que se estende por todo o movimento trabalhista.
Nos sindicatos como o dos Trabalhadores em Automóveis e mesmo no Sindicato dos Trabalhadores Têxteis — onde os líderes nacionais se conformaram com a Lei Taft-Hartley — há um movimento crescente em suas fileiras para rescindir essa decisão. A oposição a essa medida de escravização dos trabalhadores aumentará quando ela for aplicada por ocasião das próximas negociações de salários e contratos, e quando os trabalhadores compreenderem, eles próprios, o que ela significa na prática».
O medo do fascismo e a inquietação com a Carta dos Direitos do Homem também alcançam cada dia maiores setores, como o evidenciam, por exemplo, a formação do Comitê Shapley dos 1.000 e a ampliação da luta em defesa das vítimas do Comitê de Atividades Anti-Americanas em Hollywood.
Forma-se uma frente unida de luta cada vez mais ampla em defesa dos direitos dos comunistas. Esta se revela na conclamação para o apoio a Claudia Jones e Alexander Bittelman, às vítimas comunistas e anti-fascistas do Comité de Atividades Anti-Americanas(1), e nos comícios, de frente única, através dos quais o povo de New Jersey e Connecticut resistiram à violência das tropas de assalto contra o Partido Comunista, Revela-se ainda na manifestação de centenas de progressistas para exigir que Gerson tomasse posse no Conselho da Cidade de Nova York. Esse movimento deverá alcançar, e alcançará um mais alto grau de desenvolvimento à medida que nosso Partido lutar por sua própria existência, contra a tentativa fascista de jogá-lo à ilegalidade sob o pretexto de forçar nosso registro como "agentes estrangeiros".
A luta dos negros para pôr fim a opressão de que são vítimas em todo o país, entra numa nova fase, fortalecendo todas as demais lutas pelos direitos democráticos, às quais está indissoluvelmente ligada. Mesmo o governo Truman é forçado a tomar conhecimento e a manobrar em face da crescente maturidade política, da unidade e da militância dos negros. Os dois principais partidos dos grandes magnatas revelam seu medo da importância deste fato por suas frenéticas promessas demagógicas, bem como pela sua redobrada ofensiva contra os direitos dos negros, principalmente no Sul.
A resistência do povo e sua crescente contra-ofensiva podem ser avaliadas, sobretudo, pelo crescimento da campanha presidencial de de Wallace e pelo desenvolvimento de partidos políticos independentes e progressistas nos vários Estados. Esta coalizão anti-guerreira e anti-monopolista está profundamente enraizada no povo. Está se alargando, e levará ao histórico abandono do sistema bi-partidário pelo qual 0 capitalismo vem há tanto tempo governando o povo norte-americano.
A chapa de Wallace tem grande apoio, não só entre as forças do terceiro partido, mas também entre figuras independentes, não-partidárias, como os Democratas de Roosevelt e os Republicanos de Norris-La Guardiã. A candidatura de Wallace é uma garantia de que haverá um amplo debate público sobre a questão da política externa. E o desenvolvimento do movimento do terceiro partido é uma garantia de que o povo norte-americano terá um instrumento para canalizar e dar expressão a sua oposição aos partidos gêmeos da guerra imperialista e da reação.
Essa tendência para um abandono histórico do sistema dos dois partidos não segue, os moldes antecipados pelos trabalhadores avançados de anos atrás. Não surgiu devido a uma séria crise econômica, mas nasceu no curso da cruzada do povo pela paz e pelas liberdades civis. Não é um partido trabalhista, nem mesmo um partido trabalhista-camponês. É um novo tipo de partido anti-guerreiro e anti-monopolista, surgido da coalizão popular, antiimperialistas democrática que está sendo criada dentro dos Estados Unidos e que reflete, à sua maneira, a luta entre os dois campos, do progresso e da reação.
Vale a pena se notarem certas diferenças entre a formação deste novo partido e o movimento de La Follette de 1924. A chapa de Wallace e o movimento do terceiro partido de hoje, são mais do que < esboço de um protesto, ou de uma cartada eleitoral superficial. Pelo contrário, estão deitando os alicerces firmes de um novo reagrupamento político, de uma nova formação popular que poderá evoluir de sua posição de terceiro partido, para a de partido majoritário, partido de governo — de um governo popular, anti-monopolista, dirigido pelos trabalhadores.
Há outras diferenças. Enquanto o movimento de La Follette era endossado pelos principais dirigentes da A.F.L. e da Fraternidade dos Ferroviários, o movimento de Wallace é condenado pela burocracia trabalhista. Mas este terceiro partido, nascido em 1948, já possui uma poderosa base sindical e é mais influenciado pelo movimento trabalhista progressista do que o fora a chapa do terceiro partido que nasceu e morreu em 1924.
Além disso, este novo partido de frente única popular surge numa situação internacional de após guerra diferente, em que a classe operária e o campo democrático, em geral, melhoraram consideravelmente suas posições em todo o mundo. Surge numa época em que o movimento sindical organizado é muitas vezes maior e mais poderoso, e em que as forças de esquerda dos Estados Unidos, inclusive o Partido Comunista, estão notadamente mais fortes e mais experientes na luta. E, finalmente, o movimento de Wallace tem raízes profundas entre a população negra que ele está impulsionando para a atividade política — enquanto o movimento de La Follette manteve-se alheio às lutas dos negros e tornou-se fraco devido à ausência da população negra em suas fileiras.
Ainda há um ponto de diferença importante entre o novo partido progressista que agora ingressa na vida política norte-americana e o Partido Trabalhista da Grã Bretanha. O terceiro partido e o movimento de Wallace ainda não têm as ligações formais do Partido Trabalhista britânico com a maioria dos sindicatos. Entretanto, esta nova formação política está se desenvolvendo sob influências antifascistas e antiimperialistas, e não sob influências reacionárias Social-Democratas e anticomunistas.
Examinamos, embora de maneira rápida, a importância deste novo movimento progressista que influenciará o resultado das eleições de 1948 e que promete afetar de maneira decisiva o curso dos futuros acontecimentos políticos.
O problema agora é — como utilizar completamente as oportunidades históricas que ele nos abre.
Em face do crescente perigo de guerra e de fascismo e levando em consideração o desenvolvimento do novo surto progressista e da nova formação política independente do povo norte-americano, o campo anti-guerreiro e anti-monopolista determinou seus principais objetivos nas eleições de 1948. Os principais objetivos políticos do campo do progresso nessas eleições foram expostos por Wallace, pelos Cidadãos Progressistas da América, pelo Partido Trabalhista Americano e pelos novos partidos progressistas de Illinois e da Califórnia, como também pelos Comunistas e demais trabalhadores avançados nos setores trabalhista e dos negros.
Entre outros objetivos concretos do campo popular antiimperialista nas eleições presidenciais, encontram-se os seguintes:
Juntamente com esses objetivos imediatos vitais, o campo trabalhista-progressista propõe-se executar outras tarefas político~orgânicas em 1948. Estas incluem a adoção de todas as medidas necessárias a combater e derrotar os candidatos e os partidos da guerra e da reação imperialista; conseguir o máximo de votos presidenciais para Henry Wallace; eleger um poderoso bloco de congressistas anti-guerreiros e progressistas; edificar e ampliar o movimento do terceiro partido como parte de uma mais ampla coalizão popular, anti-monopolista e democrática.
Quais as possibilidades de se conseguir esses objetivos mínimos? Esses objetivos imediatos, políticos e orgânicos, do campo progressista não são utópicos. São realizáveis em 1948.
O nascimento do novo partido popular, independente, pela paz, e da candidatura de Wallace já criaram um novo fator político positivo na situação política. Afetaram todos os reagrupamentos políticos e começaram a influenciar o curso dos acontecimentos.
A luta pela paz e pelo progresso crescerá e avançará com maior força e eficácia. E à medida que o fizerem, uma nova perspectiva política se revelará: a perspectiva de forjar um novo agrupamento político progressista e um novo partido popular que lançará as bases para a criação de uma nova situação política e para um governo popular anti-monopolista e antiimperialista.
Desde a ocasião da proclamação da candidatura de Wallace para presidente em 29 de dezembro, os primeiros resultados dos inquéritos efetuados por Galup e Roper indicam que, atualmente, Wallace obteria pelo menos de seis a oito por cento dos votos nacionais para a presidência, com a possibilidade de uma percentagem de 11% em Massachusetts e de 13% a 18% em Nova York.
Esses inquéritos antecipados, encarados à luz do sentimento das massas contra a guerra, contra Truman e contra os republicanos revelam que é possível ao novo terceiro partido elevar-se, pelo menos, à posição de segundo partido em 1948. Indicam ainda que em alguns estados será definitivamente possível ao novo partido popular emergir como o primeiro partido, em novembro.
Esses cálculos pré-eleitorais e a nova correlação das forças políticas que agora se verifica, confirmam a opinião de que a candidatura Walace e o movimento do terceiro partido poderão aumentar de maneira apreciável o total de votos nacionais para a presidência, e poderão auxiliar substancialmente a eleição de um grande número de congressistas progressistas — muitos na chapa Democrata, alguns independentes e um pequeno número de Republicanos.
Além do mais, poderão apressar a formação de uma coalizão anti-guerreira e anti-monopolista e de um partido popular como uma força política independente e decisiva que poderá influenciar cada vez mais todos os acontecimentos políticos, inclusive a política do governo.
A questão agora é a de como realizar esses objetivos.
Para conseguir esses objetivos imediatos será necessário, em primeiro lugar, que o campo progressista fortaleça e estenda a organização do movimento do terceiro partido e a campanha presidencial de Wallace, transformando-os numa ampla base de frente única sob a liderança da classe operária progressista.
Antes de Wallace anunciar sua candidatura, o Partido Trabalhista Americano (A.L.P.) já existia em New York e novos partidos progressistas estavam em processo de formação na Califórnia e em Illinois. Depois da declaração de Wallace novos comitês para organização de novos partidos foram, ou estão sendo estabelecidos em Michigan, Ohio, Pensilvânia, Maryland e outros Estados.
Esses partidos e comitês apóiam Wallace e adotaram um programa progressista. Compreendem grandes setores de trabalhadores nos sindicatos sob direção progressista. Incluem um número considerável de trabalhadores dos sindicatos dos ferroviários, dos trabalhadores em automóveis e dos trabalhadores na borracha, bem como membros do Sindicato dos Lavradores. Envolvem um grande setor da população negra. E incluem também um grande número de veteranos e jovens e uma boa porcentagem de profissionais independentes e das forças da pequena burguesia agrupadas em torno do P.C.A. (Cidadãos Progressistas da América).
Essas organizações, esses grupos, e o desenvolvimento do movimento do terceiro partido, que impulsionam a campanha presidencial de Wallace, estão estabelecendo sólidos fundamentos para o futuro da nova formação política que agora se verifica. Poderão, da mesma maneira, desempenhar um papel fundamental nas eleições de 1948.
Entretanto, esses acontecimentos ainda se encontram na fase inicial. Os novos partidos e os vários comitês' patrocinadores do terceiro partido nos Estados, e de chapas independentes constituem, principalmente, o núcleo para o futuro. Em muitos casos são forçados a se organizarem numa base relativamente estreita e com um mínimo de trabalho preparatório, a fim de atender aos requisitos eleitorais das leis reacionárias estaduais para concorrer às eleições. A louvável iniciativa doa progressistas mais conseqüentes, ajudando na formação dos novos partidos não lhes dá, entretanto, "direitos de propriedade" e monopólio ou controle da direção.
A fim de realizar as tarefas imediatas para concorrer às eleições, para fazer a campanha de Wallace, dos congressistas progressistas e dos candidatos estaduais, e a fim de tornar possível a realização da grande promessa desse movimento, é essencial que os trabalhadores esclarecidos e seus aliados no desenvolvimento do novo partido popular, assegurem as condições para seu mais rápido crescimento.
Isto quer dizer, antes de mais nada, que os trabalhadores precisam ajudar o novo partido e a campanha de Wallace em geral, e adquirir uma base e uma direção sindical mais amplas e a fazer com que os trabalhadores progressistas e com consciência de classe exerçam maior influência política nesse movimento.
Para esse fim, os defensores e os líderes progressistas do terceiro partido devem estender audaciosamente sua atividade a fim de cristalizar organicamente o amplo apoio popular que já existe em favor de Wallace e do novo partido independente entre as fileiras e 03 sub-dirigentes da Fraternidade dos Ferroviários, da A.F.L. e do C.I.O.
A massa de trabalhadores nas indústrias do aço, de automóveis, os mineiros, ferroviários, das indústria de confecções e das indústrias têxteis, assim como os sindicatos sob liderança da ala esquerda, ainda estão a favor da política progressista de Roosevelt; eles são a favor da paz, da unidade dos três grandes, da Lei Wagner e do F.E.P.C.; e são duramente atingidos pela inflação. São basicamente simpáticos a Wallace e a um partido popular de massa, embora possam estar temporariamente confusos e mal orientados pelos argumentos dos seus opositores.
Se os iniciadores e patrocinadores do movimento do terceiro partido, inclusive a ala esquerda trabalhista, apresentarem energicamente seu caso aos trabalhadores e ao povo, se ligarem audaciosamente a luta ativa pela paz e uma luta ativa em defesa das reivindicações dos trabalhadores por aumento de salários, para fazer cessar a urgência da Lei Taft-Hartley, repelindo-a e contra ela resistindo, etc., poderão conquistar milhões de trabalhadores para Wallace e o novo partido da paz.
Se isto for feito e se os aderentes do terceiro partido rejeitarem e combaterem consequentemente o anti-comunismo e desenvolverem pela base a frente única — isto é, se formarem uma frente única de ação numa usina, num sindicato, numa organização de bairro composta de todos os antifascistas e antiimperialistas, comunistas e não comunistas — então é certo que 05 novos partidos populares, agora em organização, conseguirão reunir e recrutar, no decorrer de 1945, um mínimo de 100.000 fiscais de fábricas e outros chefes locais, bem como congregar, pelo menos, 1.000.000 de trabalhadores como membros do novo partido.
Ao mesmo tempo, é de se esperar que o movimento pró-Wallace e o terceiro partido lance raízes mais profundas nos grupos não-trabalhistas e dos aliados populares da classe operária.
Entre estes, os principais são os negros, e entre os negros estão muito espalhados a simpatia e o apoio a Wallace e aos trabalhadores. Obviamente, os negros nada têm a ganhar, quer do Partido Democrático de Truman, Harriman e dos Bourbons Sulistas, quer do Partido Republicano de Hearst, Mc Cormick, Hoover e Taft. Eles foram traídos tanto pelo partido fundado por Lincoln como pelo partido que já mereceu uma vez o apoio da coalizão trabalhista-democrática que apoiou Roosevelt.
Mas os negros, cujo apoio eleitoral não pode ser considerado como certo, só podem ser conquistados aos milhões, por um partido popular, amplo, militante, que lute, e lute consequentemente, por suas reivindicações, por um partido que os convide corajosamente para serem seus candidatos e que lhes ofereça postos de direção. Esta é uma lição importante confirmada pela experiência do Partido Progressista numa recente campanha jurídica em Chicago.
Em segundo lugar, os grupos de rendas médias e baixas, e muito freqüentemente esquecidos, da população rural devem merecer atenção especial em 1948. O G.O.P. (Partido Republicano) despertou seu descontentamento com seus ataques ao movimento cooperativista, ataques que foram tàcitamente apoiados pelos Democratas. Os dois maiores partidos têm igual responsabilidade pelos altos preço que os lavradores são obrigados a pagar pelos produtos manufaturados, além de nunca terem apresentado um programa ativo em defesa de suas necessidades mais prementes.
O grande reservatório de sentimento anti-guerreiro, anti-monopolista e anti-Wall Street que existe entre os lavradores pode agora ser traduzido em apoio ativo à chapa de Wallace e ao movimento do terceiro partido através de uma vigorosa campanha eleitoral nas áreas rurais em que os lavradores locais sejam apresentados como candidatos, e através de um programa aperfeiçoado e de uma luta ativa por todas as questões de interesse para o bem-estar dos lavradores.
Entre a juventude e as mulheres, bem como entre os funcionários de escritórios e os profissionais, o sentimento pela paz é forte, e nele reside a grande atração desses grupos pelo movimento de Wallace. Mas para transformar a simpatia numa avalanche de votos para Wallace e num maior apoio organizado pára o terceiro partido, será necessário, não só lutar pela paz e centra o Plano Marshall, o treinamento militar universal, etc., como também levantar efetivamente várias outras questões, como controle dos lucros e das habitações; aumento de salários para os funcionários de escritórios, os profissionais e os funcionários do governo; liberdade acadêmica e meios de subsistência mais -adequados para os estudantes ex-combatentes, meios adequados de educação, merenda escolares, parques de diversões, etc. Também será necessário destacar os melhores representantes da juventude, das mulheres e dos intelectuais, colocá-los em postos responsáveis de direção de todos os graus, no novo partido, e apresentá-los como candidatos.
A campanha pró-Wallace e pelo movimento do terceiro partido precisa igualmente dedicar grande atenção às reivindicações e aos problemas dos grupos das diversas nacionalidades, ao bem-estar e às reivindicações do povo judeu, aos grupos Americanos-Slavos, e outras minorias. Se o novo partido de coalizão combater decididamente o anti-semitismo e a discriminação contra os estrangeiros e os grupos nacionais, conquistará maiores reservas para a cruzada popular pela paz e pela segurança.
Para lutar efetivamente e para conseguir o máximo de influência e vantagens políticas, também será necessário que o terceiro partido, e principalmente os trabalhadores esclarecidos, movam uma campanha ideológica, maciça, sistemática e enérgica em torno de várias questões fundamentais.
Por um lado, o campo trabalhista-progressista deve desmascarar a nova campanha da A. D. A. (Americans for Democratic Action — Americanos pela Ação Democrática) de Carey e do alto comando Democrata, para apresentar Truman como um novo "New Dealer", um Roosevelt reencarnado. Aqui é preciso salientar que os atos falam mais alto do que as palavras e que Truman nunca levantou um dedo sequer para congregar os membros de seu próprio partido em apoio de uma única proposta progressista que tenha apresentado demagògicamente. Pelo contrário, estalou à vontade o chicote sempre que se tratou de questões como a intervenção contra a democracia na Grécia, na Turquia, na China, na França e na Itália — ou da liquidação das greves na frente interna dos Estados Unidos.
A propaganda de que Truman é o "menor" de dois males também precisa ser vigorosamente desmascarada e desfeita. Entre os candidatos partidários do partido guerreiro bi-partidário — quer sejam eles um Truman ou um Bowles, um Taft ou um Eisenhower — não pode haver uma alternativa popular e democrática. Entre os candidatos de Dillon, Read e Cia., e os apologistas da supremacia da raça branca do Sul, de um lado, e os Dewey e Hearst do Norte, do outro, não pode haver qualquer escolha. Entre os propugnadores declarados da Lei Taft-Hartley, e os defensores de Truman e dos administradores que defendem essa Lei, não pode existir qualquer linha básica divisória.
Na atual campanha política há uma alternativa progressista para os candidatos bi-partidários e os partidos de Wall Street: um voto para Wallace não pode ser "desperdiçado". Será um voto pela paz e pelo progresso, um voto que influenciará o presente ao mesmo tempo em que moldará o futuro. Além do mais, precisa ser lembrado que os "males menores" não são senão um primeiro degrau para um mal maior, como foi o caso da posição dos Social-Democratas alemães que apoiaram Bruening e assim abriram caminho para a subida ao poder dos hitleristas.
Nem se deve permitir aos que tem interesses ligados ao sistema bi-partidário argumentarem sem contestação que, seja lá o que existir, é correto — que o sistema dos dois partidos está na "tradição" americana, que não é possível destruí-lo, que já está aqui para ficar, etc. O sistema bi-partidário deve ser apresentado como realmente é — uma organização eleitoral reacionária e anti-democrática, através da qual os grandes monopolistas governam e manobram, e através da qual, até hoje, conseguiram manter o povo politicamente manietado.
A verdadeira tradição americana é a tradição da luta e da nova formação política que corresponda às novas condições. Jefferson, Jackson, Lincoln, e as forças democráticas de seu tempo, dirigiram os novas formações progressista e a construção de novos partidos sempre que a reação tomou conta dos velhos partidos. Não o sistema bi-partidário dos grandes magnatas, mas o espírito pioneiro, a iniciativa política e habilidade de organização do povo norte-americano, eis o que está aqui para ficar.
Outra questão com a qual as forças do terceiro partido precisam se ocupar é a nova onda oratória que pretende apresentar a Liga Política e Educacional do C.I.O., P.A.C. (Cidadãos Progressistas da América) e do A.F.L. como o verdadeiro porta-voz dos trabalhadores e a quintessência da ação política independente. Neste caso será necessário explicar detalhadamente que os instrumentos de que lançam mão esses social-reformistas para atrelar um reboque trabalhista aos trens da campanha do partido bi-partidário guerreiro de Wall Street são precisamente o oposto da ação política independente.
É verdade que numa situação política diferente, no período da coalizão trabalhista-democrática de Roosevelt, o P. A. C. (Cidadão Progressistas da América) teve um papel construtivo. Mas agora, que Truman e os Democratas traíram o programa de Roosevelt, que é Wallace quem continua a política anti-eixista do New Deal, e que a essência da ação política independente baseia-se na formação de novos partidos políticos com os quais está orgànicamente ligada, o P.A.C. (Cidadãos Progressistas da América) e a nova Liga Política e Educacional da A.F.L. servem para fins diferentes. Na proporção em que apóiam Truman ou o Partido Republicano, funcionam, fundamentalmente como entraves no papel político independente dos trabalhadores. Servem de válvulas de segurança para o sistema bi-partidário dos monopólios, e de elo político entre os trabalhadores e o partido guerreiro.
As forças do terceiro partido precisam ainda desmascarar os que se manifestam a favor do terceiro partido "em princípio", mas que, de fato são contra ele e contra a candidatura de Wallace. Os que alegam ser favoráveis a um terceiro partido, digamos, em 1952, e que insistem que a "ocasião ainda não amadureceu", e que "os trabalhadores ainda não estão prontos". O que eles realmente querem dizer é que não são favoráveis a um novo partido popular antiimperialista hoje, ou futuramente, e que não estão dispostos a formar com as fileiras trabalhistas numa luta militante contra os monopólios e os provocadores de guerra.
As forças do terceiro partido também precisam desmascarar os ideólogos da reação que pintam Wallace como demagogo, como a vítima de dementes e dos "vermelhos", como o "idealista" que "não pode ser eleito" e que, por isso, apresenta um programa utópico e promete céus e terras para todos. Neste caso é importante mostrar o contraste entre o papel de Wallace, que representa uma coalizão popular lutadora, e a posição servil dos Republicanos e de Truman, chefe do partido dos Bourbons Sulistas, de Forrestal, Bullitt e Farley. 6 imperativo mostrar que Wallace apóia um programa popular que pode ser realizado, porque tem o apoio de um movimento de massas popular que já se iniciou, e porque tem o apoio de uma luta popular que prosseguirá e se fortalecerá à medida que o movimento do terceiro partido e a coalizão democrática se consolidarem e expandirem.
Torna-se necessária uma grande atividade de educação e propaganda entre as massas para construir o terceiro partido e criar o movimento.
Mas, a ação de massas ainda é o meio mais eficaz de ensinar e influenciar o povo aos milhões. Portanto, o novo partido popular será vitorioso se se transformar num movimento de ação de massas que lute por seu programa.
Assim, para realizar a tarefa em 1948, é necessário mais do que uma cruzada de campanha eleitoral e luta parlamentar, embora estas sejam muito importantes. Esta tarefa requer a mais ativa participação dos partidos que apoiarem Wallace, de seus dirigentes e patrocinadores, em todas as lutas populares, econômicas e políticas.
Nestas lutas estão incluídas, a luta contra o Plano Marshall e outras questões agora em pauta no Congresso. Envolvem a mais ativa participação no novo ciclo de lutas por aumento de salários. Compreendem a mais decidida luta pelos direitos e liberdades civis dos negro?
A este respeito, é muito importante ligar a luta geral pela paz, a igualdade e a segurança com o lançamento de certas lutas locais determinadas por questões locais — por programas progressistas de impostos municipais e estaduais; contra a brutalidade policial, contra condenações e a falta de escrúpulos de administradores locais? e por um programa satisfatório de saúde, de proteção aos jovens, de educação e de estradas, etc.
Apesar da construção do terceiro partido ser um fator decisivo, ainda é necessário mais do que isto para realizar os principais objetivos do campo trabalhista-progressista em 1948. Igualmente vital é a aplicação de uma política flexível de frente única e a formação de coalizões democráticas em inúmeros bairros, distritos congressistas e Estados. Essa coalizão pode e deve abranger força mais amplas do que as que compõem atualmente o movimento do terceiro partido.
Entre outras coisas, para realizar o programa, e servir aos interesses do novo partido popular, é necessário ir além dos milhões que já se associaram aos movimentos do terceiro partido e da candidatura Wallace ou que para eles se encaminham. É necessário mobilizar outros milhões que estão prontos a se aliar ao campo trabalhista-progressista numa luta comum por questões concretas, em torno de pontos específicos do programa de Wallace.
Esses milhões de trabalhadores que estão prontos a lutar por suas reivindicações mais urgentes, mas que ainda não estão convencidos da necessidade real de ação política independente na campanha presidencial, constituem inestimável material humano para a criação de uma coalizão popular democrática e de uma frente única de ação muito mais amplas e poderosas. O estabelecimento dessa coalizão, e numa escala muito mais ampla do que o agrupamento do terceiro partido, é um objetivo importante das forças progressistas nas eleições de 1948. Além do mais, é essencial para assegurar as mais favoráveis condições para assegurar o maior desenvolvimento do próprio terceiro partido.
Entre as questões em torno das quais pode ser efetivada uma ampla ação unificadora, e que poderão recrutar mesmo certas forças que ainda se mantém indiferentes ou hostis à chapa de Wallace e ao terceiro partido, incluem-se muitas que já enumeramos, tais como, aumento de salários, defesa dos direitos dos negros e de todos os direitos democráticos, o Plano de Wallace para a Paz, a defesa do povo judeu na Palestina, etc., e com a questão de um programa legislativo aperfeiçoado, baseado nos pontos principais do programa apresentado pelos Cidadãos Progressistas da América.
Uma luta multilateral e conseqüente em todos os setores, principalmente nas fábricas, nas organizações locais de massas e nos bairros, aumentará e fortalecerá essa coalizão democrática popular, transformando-a na força básica e impulsionadora de uma ativa frente pela paz, abrangendo todos os elementos anti-guerreiros e antiimperialistas e unindo na ação comum pessoas de diversas profissões, religiões e filiações políticas.
Assim também, para assegurar o máximo de votos e de apoio popular para a própria chapa presidencial de Wallace, para tornar essa campanha inteiramente eficaz e para que ela possa influenciar seriamente o curso dos acontecimentos é tanto imperativo como possível recrutar o apoio ativo de milhões de trabalhadores e progressistas que ainda não estão pronto para ingressar no Partido Trabalhista Americano (A.L.P.), no Partido Progressista Independente ou na organização dos Cidadãos Progressistas da América.
A este respeito é necessário recordar que a campanha presidencial de Wallace e o movimento do terceiro partido não são sinônimos. Milhões de pessoas votarão em Wallace, mas todos os que o fizerem não estarão ainda preparados para participar dos partidos que apóiam Wallace ou para a eles se filiarem. Portanto, é preciso que se estimule e desenvolva o movimento para a formação de uma rede nacional de Comitês independentes, não partidários, de "Wallace-para-Presidente", nos sindicatos e nas fábricas, entre os negros, nos grupos nacionais, entre os camponeses, as mulheres, no meio da juventude, entre os profissionais e pequenos negociantes. O mesmo se aplica à formação de comitês de Democratas pró-Wallace e de Republicanos pró-Wallace. No curso dessas atividades, milhões de pessoas serão atraídas para a luta em apoio à chapa e ao programa de Wallace e, em conseqüência, muitos serão atraídos para os partidos que apóiam Wallace.
A cristalização de uma coalizão popular democrática, ampla e militante é igualmente necessária se o campo trabalhista-progressista quiser eleger um bloco substancial de congressistas progressistas. Pois que para eleger o maior número possível de progressistas para o Congresso, tudo precisa ser feito a fim de conseguir uma ação conjunta, no trabalho parlamentar, entre Wallace e as forças do terceiro partido, e os trabalhadores e liberais que possam apoiar um ou outro dos candidatos presidenciais dos dois velhos partidos.
É verdade, naturalmente, que os construtores do terceiro partido, como a maior parte do trabalhadores, estão decididos a derrotar todos os propugnadores da Lei Taft-Hartley. Mas, ao contrário do Comitê de Ação Política (P.A.C.) e da A.F.L., não estão dispostos a apoiar qualquer membro do Congresso que não tenha nada a seu crédito além do voto contra a Lei Taft-Hartley. Os construtores do partido da frente única pela paz estão decididos a derrotar todos os provocadores de guerra. Mas também neste caso, não querem apoiar qualquer membro do Congresso que vote contra o Treinamento Militar Universal ou o Plano Marshall. E isto porque os progressistas se recusam a aceitar os chamados isolacionístas, os Werry e os Taft, os apóstolos da paz.
Entretanto, a base para a ação comum de diversas forças para eleger um Congresso progressista, existe. Os principais porta-vozes do terceiro partido já declararam que as forças de Wallace trabalharão resolutamente para eleger um grande bloco de deputados e senadores progressistas, sem distinção de cores partidárias. Em muitos casos apoiarão progressistas apresentados pelo Partido Trabalhista Americano, etc., nos primeiros turnos quer dos Democratas, quer dos Republicanos. Em alguns casos poderão apoiar um candidato oposto ao apresentado pelo Partido Trabalhista Americano no primeiro turno de um dos principais partidos, e no caso de seu candidato ser derrotado, poderão então dar seu apoio ao vencedor. Em outros casos, quando os candidatos do novo partido popular tiverem sérias oportunidades de vencer, ou quando, tanto o candidato dos Democratas como o dos Republicanos forem reacionários, as forças do terceiro partido poderão apresentar candidatos independentes para o Congresso, para as câmaras estaduais e municipais.
Em qualquer hipótese, haverá uma infinidade de debates parlamentares, sobre os quais, tanto as organizações dos partidos que apóiam Wallace como as de ação política local do C.I.O. e da A.F.L., terão o mesmo ponto de vista como a respeito do treinamento militar universal, da Palestina, da uni dade das Nações Unidas, contra a Lei Taft-Hartey, pela defesa dos direitos democráticos, por um programa de impostos popular, etc. Aqui o campo d« acordo em torno das questões será bastante amplo para permitir a ação comum visando as eleições para o Congresso. Aqui, também, será possível realizar a unidade de ação das forças do terceiro partido e de outras forças, em várias lutas legislativas, no movimento pelos salários e na luta pelos direitos democráticos e pela paz.
O inimigo cerrou suas fileiras e consolidou suas forças. A Associação Nacional das Indústrias (N. A. M.) e a Câmara de Comércio, os militaristas e os banqueiros, os altos dirigentes dos partidos gêmeos da guerra, a imprensa e o rádio dos monopólios, uniram-se em 1948. Em face de um perigo comum e desafiadas em conjunto por uma gloriosa oportunidade, as forças populares e suas organizações não podem deixar de unir suas forças « coordenar seus esforços para a vitória da paz e do progresso em 1948.
É claro, portanto, que os movimento de Wallace e do terceiro partido e ampla coalizão democrática agora em formação, têm seu itinerário traçado para 1948. As decisões históricas a serem tomadas nos sérios problemas da guerra ou da paz, do fascismo ou da democracia, só serão favoráveis ao campo da paz e do progresso se todas as partes componentes da ampla coalizão antiimperialista forem formadas e fortalecidas.
Isto quer dizer que o campo trabalhista-progressista, inclusive sua ala esquerda, não pode interromper a organização dos movimentos do terceiro partido e da candidatura de Wallace. Precisa também ajudar a forjar e fortalecer a capacidade de luta dos sindicatos, das organizações de massa da população negra, das organizações progressistas dos lavradores, da juventude, das mulheres, dos intelectuais, etc. Finalmente, mas não menos importante, isto quer dizer que os trabalhadores esclarecidos precisam ajudar a fazer do Partido Comunista uma vanguarda maior, mais forte e mais efetiva da classe operária.
As tarefas do nosso Partido neste momento histórico, como em todos os tempos, são determinadas pelos interesses da classe operária norte-americana e, principalmente, pelas necessidades mais urgentes e vitais de nosso povo e de nosso país.
É verdade, naturalmente, que nós, comunistas, temos responsabilidades muito especiais como vanguarda que somos do trabalhadores norte-americanos, inclusive a grave obrigação de transformar nosso Partido em 1948 num partido político mais poderoso de marxistas americanos — um empreendimento para o qual ainda não poderemos esperar o concurso de milhões de pessoas. Também é verdade, que nas eleições de 1948 nosso Partido apresentará vários candidatos comunistas para o Congresso e as câmaras municipais — candidatos que terão o apoio apenas de uma parte da coalizão anti-monopolista.
Mas nossos objetivos nessas eleições cruciais de 1948, e no período posterior, são também os objetivos do campo trabalhista, progressista e antiimperialista. Esses objetivos são os seguintes: barrar e derrotar a campanha de Wall Street pela guerra e o fascismo; organizar a resistência dos trabalhadores à ofensiva do após guerra dos provocadores de guerra e dos reacionários; e promover a união dos trabalhadores e do povo para o contra-ataque e a contra-ofensiva.
Eis porque nós, comunistas, juntamente com os trabalhadores esclarecidos e antifascista, faremos todo o possível para reforçar e ampliar a coalizão popular democrática, em geral, e impulsionar o movimento do terceiro partido e sua chapa, em particular.
Nesta altura, seria interessante definir mais exatamente nossa atitude a. respeito do novo alinhamento político progressista e do partido de coalizão que agora se cristalizam.
É do conhecimento público que desde sua formação, nosso Partido, de acordo com os interesses imediatos e fundamentais da classe operária norte-americana, e excetuando-se o período de revisionismo de Browder, trabalhou no sentido de libertar os trabalhadores e seus aliados populares do sistema bi-partidário do capital monopolista. Com o correr do« anos, portanto, conseguimos promover a ação política independente dos trabalhadores e a consciência de classe do proletariado.
Sempre compreendemos que as condições específicas existentes nos Estados Unidos não requerem apenas um vigoroso partido de vanguarda da classe operária, o Partido Comunista. Essas condições requerem também um partido popular muito mais amplo, baseado nos sindicatos e em outras organizações populares de massa. Essas condições requerem um novo tipo de amplo partido popular que possa congregar milhões de trabalhadores e progressistas de diversas crenças e de diversos ponto de vista sociais, que estão unidos por certos interesses comuns e que têm objetivos comuns imediatos e anti-monopolistas.
Em determinada ocasião a perspectiva da formação dum partido dessa natureza foi expressa por nós, comunistas, e por outros trabalhadores esclarecidos, na idéia e no slogan de um Partido Trabalhista, e, mais tarde, no conceito e no slogan de um Partido Trabalhista-Camponês.
Desde o ascenso do fascismo, nós, comunistas, juntamente com outros anti-fascistas, acentuamos especialmente a necessidade de se formar um novo partido de massas, um partido popular de frente única, baseado no movimento trabalhista, nos trabalhadores agrícolas, na população negra e unificando todos os que lutam contra o fascismo e pela paz.
Durante os anos de guerra contra o Eixo, durante o período da coalizão de Roosevelt com os trabalhadores e demais elementos progressistas, a organização de um tal partido não esteve na ordem do dia. Mas foi sempre muito acertado agitar e conduzir a opinião para um novo partido popular de massas, e manter vivas as aspirações e os esforços do povo para criar as condições para seu estabelecimento.
No período de após guerra, levando em consideração a ofensiva da reação imperialistas e os reagrupamentos políticos dentro e fora do Partido Democrático, nós, comunistas, utilizamos resolutamente nossa influência política para ajudar a promover um novo alinhamento político progressista e para forjar uma ampla e democrática coalizão anti-monopolista, liderada pelos trabalhadores.
De acordo com essa atitude, apoiamos ativamente todos os movimentos anti-guerreiros e progressistas, inclusive a cruzada de Wallace pela paz e os esforços da ala esquerda no movimento trabalhista e dos progressivas não comunistas para organizar o terceiro partido.
A principal crítica que poderia ser feita com justiça ao nosso trabalho a esse respeito, é que alguns dirigentes comunistas e alguns organismos estaduais ficaram a reboque dos acontecimentos e foram imperdoàvelmente lentos em compreender o curso dos acontecimentos, isto é, o que era novo na situação e o que deveria ser feito.
Naturalmente, a Associação dos Americanos pela Ação Democrática, os Dubinsky, os Reuther e os chefetes Democratas, juntam-se ao Partido Republicano e à imprensa de Hearst-Mc Cormick para vociferar contra a candidatura de Wallace e o movimento do terceiro partido, acusando-os de serem produtos de um "complot vermelho" e de uma "conspiração comunista".
Mas o fato é que este movimento, como os agrupamentos políticos democráticos e os novos partidos dirigidos por Jefferson e Lincoln em seu tempo, surge no momento de uma virada crucial da vida política do país. Desenvolve-se como um novo instrumento político para defender as necessidades mais prementes do povo norte-americano. Nasceu das experiências e lutas das amplas massas para enfrentar uma nova crise — para lutar contra os perigos crescentes da guerra imperialista, do fascismo, da crise econômica, e para lutar conjuntamente pela paz e pelo progresso.
Também é um fato, como já o notamos, que os comunistas têm seu próprio Partido, e vamos conservá-lo, fortalecê-lo e edificá-lo como um partido marxista, um partido de vanguarda. Ao mesmo tempo, nós, juntamente com outros progressistas, apoiamos o movimento do terceiro partido. E o fazemos porque, de nossa parte, estamos preparados a estender a mão a todos os trabalhadores e antiimperialistas que queiram deter os monopólios e impedir o ascenso do fascismo e a luta por uma terceira guerra mundial.
Mas não há nada estranho ou "conspirativo" a este respeito. Precisamente porque somos comunistas é que defendemos tanto os interesses de classe imediatos como os interesses básicos, os objetivos socialistas da classe operária. Portanto, hoje, como no passado e no futuro, apoiamos todos os movimentos progressistas e todas as verdadeiras organizações trabalhistas e populares, inclusive, naturalmente, o novo partido popular da paz.
É igualmente um fato que este movimento do terceiro partido não é comunistas, nem anticomunista. Está se desenvolvendo como um partido popular de massas, unindo diversos elementos e grupos anti-guerreiros e anti-monopolistas em torno de um programa progressista, embora não socialista. Naturalmente os monopolistas e seus agentes trabalhistas e Social-Democratas, insistem que o novo partido é, portanto, ipso facto, uma "frente comunista" e está condenado e proscrito porque não é um movimento anticomunista.
Basta dizer que essas acusações frenéticas contra os comunistas nada provam senão que essa coalizão popular e esse movimento pelo terceiro partido representam uma força política independente de certa importância e que é preciso levar-se em consideração. Essa coalizão já representa uma ameaça formidável aos provocadores de guerra, aos "liberais" falidos e aos dirigentes trabalhistas social-reformistas que se ajoelham e rezam diante do altar dos partidos gêmeos dos grandes magnatas.
E aqui não seria descabido salientar que já existiram muitos outros movimentos e organizações de massa nos Estados Unidos que foram falsamente taxados de “inspiração comunista” e de serem “dominados pelos comunistas”; entretanto esses movimentos progressistas nada perderam, e muito lucraram com a participação e o apoio dos comunistas. Entre eles poderemos citar, e com certo orgulho, a organização dos trabalhadores para a produção em massa e formação do C.I.O.; o estabelecimento do Partido Trabalhista Americano e do Comitê de Ação Política do C.I.O. sob a direção de Sidney Hilman; e o papel fundamental desempenhado por esses grupos e essas forças na coalizão Roosevelt-trabalhista-progressista de 1944.
Apesar de os comunistas auxiliarem e apoiarem energicamente esses movimentos, nunca procuramos dominá-los ou conquistá-los, nem o poderíamos ter feito se o tivéssemos desejado. Também hoje não queremos conquistar ou dominar o novo partido popular, independente, de coalizão. Mas nós, comunistas, não nos deixaremos intimidar pela reação e não permaneceremos alheios a este grande movimento histórico. Tanto quanto possível e de acordo com nossa compreensão e habilidade, procuraremos participar amplamente dos esforços para a formação desse novo agrupamento político. Contribuiremos ao máximo para a edificação do novo partido popular, para a elaboração de seu programa anti-guerreiro e anti-monopolista para a eleição dos candidatos progressistas que lutam por este programa.
Esperamos que, no curso da luta comum contra a reação monopolista e os provocadores de guerra, possamos ajudar a estabelecer a máxima unidade de ação entre os comunistas e os milhões de progressistas não-comunistas dentro e fora do terceiro partido. Como lutadores sem compromissos por um programa de frente única contra a reação imperialista, esperamos ser aceitos por nossas qualidades — e para isso lutaremos — como sócios iguais na nova coalizão democrática popular e no novo agrupamento político.
E, no período que se avizinha, se o movimento do terceiro partido continuar a se desenvolver num sentido antiimperialista, como pode e deve, e se ele se cristalizar nacionalmente numa frente única e numa organização política federada, nós, comunistas, procuraremos nos filiar a essa organização.
Mas quer sejam nossas relações um dos vários graus de ação unificada, ou quer possamos subseqüentemente nos filiar ao novo partido de coalizão, caso este decida organizar-se numa base federativa — combinando a associação individual com a filiação de grupos — nosso Partido Comunista, em quaisquer circunstâncias, conservará e fortalecerá sua organização e sua identidade políticas independentes, suas atividades de vanguarda e sua luta pelo Socialismo.
A este respeito, muito poderemos aprender com experiências anteriores. Nos nossos primeiros tempos de existência e no passado recente, demonstramos nossa habilidade em marcharmos sozinhos e em marcharmos contra a corrente. Apesar de termos cometido não poucos erros sectários, demonstramos nossa capacidade em dirigir efetivamente as massas e de pô-las em movimento. Demonstramos isto nos dias das lutas dos desempregados, do caso de Scottsboro e ao alertarmos o povo contra os perigos de antes da guerra e do fascismo. Demonstramo-lo no novo período de após guerra, quando alertamos e mobilizamos o povo contra a Doutrina Truman e o Plano Marshall.
Também aprendemos, principalmente nos últimos dez anos, a trabalhar como participantes efetivos nos mais amplos movimentos de massas, que compreendem as forças democráticas muito afastadas da nossa — como a coalizão Roosevelt-trabalhista-progressista.
Durante esse período, entretanto, uma fraqueza básica revelou-se freqüentemente. Apesar de participarmos como devíamos em várias movimentos e coalizões democráticas do povo, nem sempre, no passado, conservamos nossa posição independente de comunistas, apresentando nossos objetivos programáticos, e nem sempre mantivemos uma posição crítica a respeito de vacilações e erros de nossos aliados.
Na nova situação de 1948, nós comunistas, estamos determinados a evitar, a todo custo, atitudes sectárias e qualquer tendência de nos dissolvermos nos amplos movimentos de massas. Essas tendências são de efeito, senão de forma, liquidacionistas. Limitariam o papel de vanguarda e a atividade de nosso Partido, circunscrevendo, assim, as contribuições de nosso Partido e da classe operária à coalizão democrática. Em qualquer caso, poderiam, a menos que fossem superadas, nos impedir de prestar o máximo de contribuição e de exercer inteiramente nossa influência política, atual ou potencial, na coalizão popular que se forma e no novo agrupamento político.
No ano da grande decisão, todos os vários problemas que confrontam
o campo trabalhista-progressista, também confrontam nosso Partido. A fim de avaliar nossa responsabilidade e de tornai* possível à classe operária assumir uma posição dirigente e influenciar o campo antiimperialista, nós comunistas devemos fortalecer e aumentar consideravelmente o papel de vanguarda de nosso Partido.
Para esse fim, devemos focalizar principalmente nossa atenção na solução das seguintes questões decisivas, se quisermos que nosso Partido realize sua função de partido de vanguarda dos trabalhadores e do povo norte-americanos no período que se avizinha!
1. Entre outras coisas, nosso Partido precisa ampliar suas iniciativas políticas e orgânicas em todas as frentes e em todas as camadas. Precisamos multiplicar nossas atividades independentes, nacional e localmente, e ao mesmo tempo ajudar a mobilizar maiores setores do povo que ainda não estão preparados para lutar diretamente sob a direção do Partido. Precisamos ajudar a criar uma atividade eleitoral de massas, bem como outras formas de ação de massas, políticas, econômica e ideológica.
Para exercer seu papel de vanguarda, o Partido não deve só iniciar lutas independentes em seu próprio nome e sob sua bandeira e suas palavras de ordem. Nós, comunistas, também devemos influenciar na formação de amplas ações de massa, através de várias organizações populares de massa, quer em questões de controle de aluguéis e de habitações, em questões de aumento de salários e intensificação de trabalho, nas questões dos direitos dos negros e contra o anti-semitismo, quer na questão do programa de impostos anti-monopolista.
A este respeito, e isto é muito importante, devemos agora ajudar a organização do mais amplo apoio e de atividades de demonstração em todo o país a fim de suspender o embargo de armas para a Palestina e de conseguirmos o maior auxílio, político, moral e econômico para os movimentos democráticos populares na China, na América Latina e na Grécia. E no que diz respeito à Grécia devemos tudo fazer para impedir que esse país se transforme numa nova Espanha, numa nova praça de armas da reação mundial, das potências imperialistas anglo-norte-americanas.
Mas quando estimularmos e ajudarmos a organização da mais ampla iniciativa das massas, nós, comunistas, devemos evitar o espontaneísmo. Devemos evitar qualquer tendência de seguirmos atrás das massas, assim como qualquer tendência de nos isolarmos.
Devemos procurar e lançar palavras de ordens parciais que levantem as massas e as levem à luta popular, por exemplo, a palavra de ordem de ação por um tributo pesado sobre os monopolistas e os aproveitadores a fim de reduzir a dívida nacional e de financiar a construção de habitações populares e a execução de um programa de saúde e segurança social; pelo aumento de 25 por cento nos salários dos empregados, tanto particulares, como do governo.
Da mesma maneira, devemos descobrir palavras de ordem que mobilizem milhões de trabalhadores e outros anti-fascistas, palavras de ordem que dêem às massas confiança na sua força e uma perspectiva de luta. A este respeito, é oportuno levantar a seguinte palavra de ordem: Por um governo popular que defenda a causa da paz, da segurança e da democracia! Por um governo popular anil-monopolista e antiimperialistas.
O que se pretende com essa palavra de ordem, deve ficar bem claro, é um objetivo político que reflita o programa da frente única Que está reunindo numa ampla coalizão todas as forças democráticas e antiimperialistas, inclusive o movimento pelo terceiro partido. Um governo popular como o que se projeta aqui, nos termos das realidades norte-americanas atuais, tanto no que diz respeito aos fatores objetivos, quanto às forças compreendidas pela coalizão popular e pelo movimento do terceiro partido, não seria do tipo e do grau de desenvolvimento das novas democracias da Europa. Porque um governo dessa natureza nas condições americanas atuais, no futuro imediato, teria como tarefa imediata a drástica liquidação dos monopólios, mas seu nível político ainda não lhe permitiria realizar a tarefa de destruir a dominação dos monopólios e, assim, efetuar a transição para o Socialismo.
2. Em segundo lugar, nosso Partido desempenhará seu papel de vanguarda se seguir uma política adequada de frente única e se aplicar a tática da frente única de maneira sistemática e flexível.
Em todas as ocasiões, e especialmente agora que os reacionários Social-Democratas e a maioria dos principais dirigentes trabalhistas combatem a chapa de Wallace e apóiam Truman e o Plano Marshall, a tática de frente única será eficaz e promoverá o bem-estar dos trabalhadores, se se desenvolver fundamentalmente como uma luta de frente única de baixo para cima.
Mais do que nunca o trabalho de nosso Partido nos bairros, nas fabricas e nos sindicatos deve ser orientado para unir na ação o maior número possível de indivíduos, grupos e organizações. Os contactos pessoais de cada camarada e os contactos das células de empresas, industriais e comerciais e de bairro — devem todos ser utilizados a fim e organizar a ação conjunta pela base.
Embora os trabalhadores mais progressistas e militantes apóiem e promovam ativamente a campanha presidencial de Wallace e o movimento pelo terceiro partido, não devem fazer dessas questões os únicos motivos de unidade de ação. Pelo contrário, a prova determinante da ação comum em cada caso é fornecida pela própria questão — quer seja o aumento e salários, contra o Plano Marshall, etc..
Quanto a nós, comunistas, procuraremos, obter acordos limitados e temporários com vários líderes de organizações de massas e organizar a ação comum de seus militantes em todas as questões concretas que defendam os interesses do povo, inclusive ação comum com 09 sindicatos e seus dirigentes que atualmente se. opõem ao novo agrupamento político ou que se "mantém" neutros . . .
Apesar de continuarmos a combater o rejeitar qualquer esforço tendente a privar os membros e filiados do C.I.O. ou da A.F.L. de seus direitos autônomos e de suas liberdades políticas, também combateremos qualquer tendência sectária para converter a luta política dentro dos sindicatos em proveito de Wallace, e para transformar o novo partido popular num movimento destinado a dividir ou destruir as centrais sindicais existentes.
Ao aplicarmos a tática de formação da frente única pela base, devemos ter sempre em mente que essa tática destina-se sempre a conseguir a unidade de ação das amplas massas contra o capitalismo, a reação imperialista e a guerra.
Ao mesmo tempo, não devemos nos esquecer do fato de que o movimento de Wallace inclui muitos líderes progressistas, inclusive o próprio Wallace, bem como outros associados aos Cidadãos Progressistas da América e ao Comitê Nacional pró-Wallace, e de que outros líderes de importância nacional gravitarão para esse movimento à medida que se desenvolver e que demonstrar eficiência na luta.
3. A próxima questão sobre a qual gostaria de falar, embora rapidamente, é o problema básico da construção de nosso Partido, a necessidade de trabalharmos decididamente, em todos os instantes, para expandir e fortalecer os organismos de nosso Partido. Porque sem isto, sem construirmos um Partido Comunista mais forte, não poderemos exercer de maneira efetiva nosso papel de vanguarda, ampliar nossa influência política e nossas relações com a frente única — e sem isto, os trabalhadores e o movimento popular de massas sofrerão e ficarão desorientados, limitando-se a galgar colinas em lugar de montanhas.
Não quero interferir no Informe do Camarada Winston. Portanto, limitar-me-ei a tratar dos inúmeros problemas e tarefas que temos pela frente, se quisermos aproveitar as oportunidades atuais para construir e fortalecer nosso Partido, mesmo neste momento em que somos severamente perseguidos.
Entretanto, gostaria de comentar brevemente certos conceitos de construção do Partido, bem como certos aspectos do problema vital de conseguirmos uma circulação de massas para nossa imprensa.
Como todos sabemos, estamos trabalhando sob condições em que a reação pró-fascista intensifica sua perseguição política, ideológica e física contra nosso Partido. Obviamente, esta situação cria numerosas dificuldades que impedem a expansão e o crescimento de nosso Partido.
Essa ofensiva reacionária e essa atmosfera anticomunista apresentam obstáculos reais para "a ampliação da base organizada e da influência do Partido, não sendo, portanto, necessário inventarmos "razões" e "justificativas" adicionais para alegarmos que é difícil ou "impossível" construirmos nosso Partido.
A propósito, apelo para os membros do Comitê Nacional no sentido de que rejeitem esses conceitos e essas "teorias" capitulacionistas que alegam que, nas condições atuais, o Partido não pode crescer, que sua base orgânica tem fatalmente que declinar, e que agora é até "desejável" que se percam alguns membros porque hoje precisamos de "qualidade e não de quantidade".
Uma das melhores refutações para essa afirmação especiosa de que os membros do Partido diminuirão inevitavelmente à medida que aumentar a ofensiva da reação, é o fato de que nosso Partido registrará, nacionalmente, pelo menos a mesma situação orgânica, se não um ligeiro acréscimo no número de seus membros, quando terminar 0 atual registro do Partido. E em distritos como New York, Califórnia, New Jersey e Connecticut, bem como em áreas de concentração como as de Youngstown, Flint, Gary e Mc Kees-port, nosso Partido inicia o novo ano numérica e politicamente mais forte do que o ano passado.
Isto significa uma decidida conquista do Partido, forçado como está a trabalhar em condições de aguda reação. Obviamente, onde quer que trabalhemos bem, aplicando de maneira concreta a linha política do Partido, adaptando nossos métodos de trabalho à intensificação da luta, e dando sempre prioridade, diariamente, à construção do Partido, aí estaremos progredindo.
Agora, algumas palavras sobre a "teoria" da "qualidade versus quantidade" que agora está sendo manifestada em certos setores. Seja qual for a intenção, essa "teoria" limitará com efeito o papel de vanguarda do Partido . Criaria psicologicamente condições para o Partido regredir orgânica-mente e abandonar a luta pela sua construção sob condições extremamente difíceis.
Basta dizer que os que advogam esses pontos de vista tentam reconciliar-se com uma posição em que, caso vencesse sua opinião, a força e a composição qualitativas do Partido se deteriorariam radicalmente. Porque a pretexto da palavra de ordem de "qualidade versus quantidade" querem que o Partido se conforme com a perda desnecessária e lamentável de milhares de trabalhadores industriais, principalmente nos bairros da classe operária negra e nas indústrias como a do automóvel e de empacotamentos.
Sim, precisamente melhorar de maneira drástica a qualidade de nosso trabalho, bem como a qualidade de composição das fileiras de nosso Partido. Mas para isto, teremos que lutar por qualidade e por quantidade. Teremos que lutar decididamente para melhorar os padrões do trabalho comunista de rodos os nossos quadros e nossos membros; teremos que levantar o nível de consciência, lealdade e atividade comunistas de todo o Partido; teremos que lutar para conservar em nossas fileiras todos os trabalhadores com consciência de classe e para recrutar todos os militantes da classe operária que queiram tornar-se comunistas; e, no curso das próximas lutas e na base da educação e do treinamento de todo o Partido na teoria e na prática do Marxismo-Leninismo, conseguiremos melhor a qualidade de crescimento, ideologia, unidade e atividade do Partido.
Agora, algumas palavras sobre a imprensa do Partido que é de importância decisiva para a construção do Partido e para o efetivo trabalho de massas. Em tempos como o atual, em que precisamos mais do que nunca do melhor que o Partido possa fornecer em matéria de agitadores, propagandistas e organizadores, devemos abordar de maneira totalmente nova o problema de edificar a imprensa do nosso Partido, principalmente o Daily Worker e o Worker de Domingo.
O Worker e o Daily Worker são, em primeiro lugar, os principais instrumentos do Partido para interpretação dos acontecimentos, para esclarecimento e elaboração da linha política do Partido, e Para a mobilização de nossos membros e simpatizantes para a luta, São os meios mais seguros de que dispomos para nos comunicarmos uns com os outros, para trocarmos experiências, e para fiscalizarmos nossa política e nosso trabalho.
Além disso, a nossa imprensa é a única imprensa diária do país, em inglês, que apóia firmemente a candidatura de Wallace e o movimento pelo terceiro partido. Nesta nova situação o Daily Worker e o Worírer tornam-se indispensáveis para o Partido num novo sentido, bem como uma voz esclarecedora e mobilizadora a serviço de toda a coalizão antiimperialista.
Sabemos, por experiência, que não iremos promover a circulação da nossa imprensa simplesmente adotando resoluções, e determinando esta tarefa como uma dentre outras tantas de igual urgência. Só conseguiremos organizar o tipo de campanha pela imprensa que a época requer, se todo o Partido tomar esta questão como a tarefa central, uma tarefa que reclama a principal atenção de todo o Partido, desde a direção até às bases.
Há uma resposta muito simples para a pergunta de como aumentar a circulação do Worker e do Daily Worker — isto é, organizar e mobilizar o povo e os membros do Partido que, como tarefa política de maior prioridade, sairão às ruas para vender, distribuir e divulgar nossa imprensa todas os dias Todos sabemos que houve acentuada melhora na qualidade do Worker e do Daily Worker. Mas nenhum de nós está satisfeito, e estamos decididos a obter maiores melhoras em seu conteúdo político-ideológico e em sua capacidade combativa.
Mas o principal problema que agora nos confronta é o da circulação. E este não é um problema técnico, mas político. Todas as direções do Partido devem ajudar, de maneira nova, as células e os membros, a edificar, a circular e a divulgar nossa imprensa.
No período que se aproxima, podemos esperar as maiores modificações e viradas nos acontecimentos internos e externos. Toda a sorte de ajustamentos rápidos e táticos serão necessários para fazer face às novas condições. E o meio mais seguro e rápido que possuímos para nos consultar uns aos outros e para alertar e guiar nosso Partido, é nossa imprensa.
Naturalmente, não podemos transformar editoriais em diretivas internas do Partido. Mas as direções das células, dos distritais e dos municipais poderão utilizar os editoriais e importantes artigos políticos como bases de discussão política, mostrando aos membros das células de bairros e empresas como transformar as diretrizes políticas em ação prática. A utilização da imprensa também significa publicar folhetos baseados na sua matéria ou reproduzindo seus editorais. Significa levar o jornal e suas mensagens, sobre esta ou aquela questão, concreta, às células de bairro e de empresa, providenciando para que seus editoriais, tópicos e artigos atinjam as forças ativas e os quadros, não só no Partido, como também nas organizações de massa. Através da utilização e da circulação de nossa imprensa, de maneira agora descrita, e pela qual também são em grande parte responsáveis seus editores e a Direção Nacional, nossa imprensa tornar-se-á indispensável a amplos setores da coalizão popular como o é. para nós. E quando esse problema for resolvido, o problema da circulação estará solucionado e, em conseqüência, o Partido ampliará grandemente sua influência e sua base políticas.
4. Algumas palavras de crítica e auto-crítica. Como Lenin nos ensinou, nenhum Partido tem o menor valor se hesitar em reconhecer e corrigir seus erros e com eles aprender.
Sabemos que a luta que travamos há dois anos atrás foi difícil mas essencial e que nos trouxe grandes resultados políticos. A luta pelo marxismo e contra o browderismo amadureceu nosso Partido e nos permitiu fortalecer nossas fileiras e estender nossa influência num período crítico da vida do pais. Entretanto, unia das grandes lições que aprendemos foi que as armas da crítica e da auto-crítica precisam ser conservadas sempre afiadas e utilizadas com vigilância e regularidade. Portanto, nesta ocasião, é oportuno notarmos algumas de nossas fraquezas e de nossos erros.
Durante o primeiros dois anos do período de após guerra, quando seguíamos corretamente a tática da coalizão da Esquerda com o Centro no C. I. O ., não mantivemos uma posição suficientemente crítica para com nossos aliados de então; também não ligamos as relações da frente única então existentes — embora limitadas — como os altos e médios dirigentes dos sindicatos, com uma organização enérgica da luta da frente única nas fábricas, nas seções de sindicatos e nos bairros.
Além do mais, fomos vagarosos era tirar as necessárias conclusões práticas de nossa opinião sobre o Plano Marshall e de nossa oposição de princípio ao mesmo. Fomos vagarosos em perceber, e em contrabalançar rapidamente a modificação e o reagrupamento ocorridos nos altos círculos do C. I. O. em relação à promulgação do Plano Marshall.
Além disso, embora desde o início tivéssemos estabelecido uma política correta e combativa a respeito tanto da Doutrina Truman como o Plano Marshall, fomos vagarosos na mobilização das forças da ala esquerda dos sindicatos e organizações de massa contra esse programa. Também, a esse respeito, não agimos com bastante agilidade e decisão para superar as vacilações oportunistas de certos dirigentes comunistas nos sindicatos e no movimento popular.
Em relação ao desenvolvimento da campanha de Wallace pela paz e ao movimento pelo terceiro partido, nossa orientação política e nossa linha, em geral corretas, foram consideravelmente enfraquecidas durante algum tempo, porque não movemos uma luta adequada e bastante aguda contra um sem número de tendências sectárias e oportunistas. Fomos excessivamente vagarosos em combater os pontos de vista errôneos de certo}? dirigentes do Partido e de certos organismos distritais, assim como de muito de nossos quadros dos sindicato que, até o momento da proclamação da candidatura de Wallace, expressavam dúvidas quanto à oportunidade da chapa presidencial independente, e confundiam a posição manobreira e traiçoeira da maior parte dos principais dirigentes trabalhistas com a posição adotada por suas fileiras. Além do mais, não podemos "justificar" a fraca e retardada resposta da maioria do Partido, principalmente dos comunistas dos sindicatos, em face dos recentes acontecimentos na França e na Itália, na Grécia, na Palestina, na China e a América Latina.
Nem nos podemos esquecer do fato de que, mesmo atrasados, ainda devemos lançar uma campanha política e ideológica para fortalecer nosso Partido e nossa imprensa; para efetuar uma melhora mais do que necessária em nossa luta pelos direitos dos negros contra o chauvinismo dos brancos; e para iniciar uma verdadeira virada no trabalho de massas do Partido entra os jovens, as mulheres, os trabalhadores filiados à A.F.L. É o povo judeu. Levanta-se naturalmente a questão: Porque essas debilidades e esses erros? Na minha opinião, dois são os motivos principais:
Em primeiro lugar, cometemos esses erros porque tínhamos, na prática, uma séria tendência a subestimar a força e a potencialidades, do campo antiimperialista, o novo espírito anti-guerreiro e a capacidade combativa das massas trabalhadoras, que estava, e ainda está se desenvolvendo.
Em segundo lugar, nesses dois anos passados, cometemos esses erros e vacilamos numa série de questões, porque nosso Partido nem sempre exerceu de maneira adequada a autocrítica e a auto-correção desenvolvidas anteriormente e durante nossa convenção nacional de emergência, a fim de examinar e melhorar todas as fases de nosso trabalho de massas, principalmente em relação ao desenvolvimento de uma luta política efetiva contra o oportunismo manifestado em certos setores do movimento popular de massas. Isto impediu a realização de uma crítica sadia, modificações necessárias no trabalho e uma verdadeira ideologia partidária na atividade de muitos camaradas dedicados ao amplo movimento popular e massas.
Avaliando de maneira crítica nosso trabalho e corrigindo nossos erros e nossas debilidades, — como sempre fizemos e estamos fazendo agora — ninguém pode encobrir o fato de que a linha política geral de nosso Partido foi e continua a ser correta; e de que temos muitas realizações positivas que só foram possíveis porque existe uma linha partidária correta e porque, em geral, a linha e as táticas do Partido foram aplicadas de maneira acertada.
Apesar de nossas debilidades, não deve ser esquecido que nós, comunistas norte-americanos, não subestimamos a ofensiva de após guerra da reação imperialista norte-americana e o crescente perigo de guerra. Nosso Partido compreendeu perfeitamente a significação da Doutrina Truman e nunca, por um só momento, nos deixamos enganar pelo Plano Marshall.
Apesar de nossos esforços, e da nossa direção diária ter sido inadequada sob muitos aspectos, permanece o fato de que praticamente em quase todas as lutas empreendidas, por controle de habitações, arrendamentos e preços, contra a intensificação do trabalho, pelos direitos dos negros, pelas liberdades civis e pela paz — nessas lutas, rios, comunistas, participamos e contribuímos.
O futuro pode bem revelar este período recente como um dos momentos históricos do povo norte-americano, e os futuros historiadores podem notar nossas contribuições pioneiras e modestas, mas efetivas, nos grandes acontecimentos — das quais não foi a menos importante nossa cooperação na formação do novo agrupamento político progressista que agora se está forjando.
Além disso, podem ainda relatar como até agora conseguimos obstar os esforços combinados dos Representantes do Comitê de Atividades Anti-Americanas da Câmara e dos lobos da economia, bem como de seus partidos gêmeos da guerra e do fascismo, para jogar na ilegalidade nosso Partido e afastá-lo da vida política do país neste período crucial para os destinos da classe operária e da nação. Quer na luta contra as leis Rankin ou Mundt, contra a Lei Callahan em Michigan, ou o Comitê Caldwell em Washington, quer na luta para empossar Gerson como sucessor de Peter Cachenê na Cidade de New York, lutamos bem e eficazmente.
O inimigo de classe — o capital monopolista — absolutamente não abandonou essa esperança. Mesmo agora novos esforços estão sendo feitos para atirar nosso Partido à ilegalidade. Mas nós crescemos. Consolidamos nossas posições e nossa capacidade combativa na luta. Defenderemos e fortaleceremos nosso Partido e fá-lo-emos maior e mais forte nos dias tempestuosos que se aproximam. E tanto melhor o faremos quanto mais ampliarmos e aumentarmos nossa prática de crítica e auto-crítica.
5. A respeito de nossas novas responsabilidades, é claro que nosso Partido só poderá exercer de maneira adequada seu papel de vanguarda se combinar sua participação ative « dirigente era todas a» lutas de massa econômlcas e políticas com uma drástica melhora em sua frente teórica e ideológica.
Isto é particularmente exato hoje, quando os profetas de um Século Americano, os iniciadores do Eixo anticomunista anglo-americano, tocam a todo vapor sua ofensiva ideológica, no país e no estrangeiro, a fim de confundir e dividir os povos antiimperialistas e, principalmente, a fim de provocar no povo norte-americano em sentimento de hostilidade para com a União Soviética e as novas democracias da Europa Oriental; quando a reação rastejante procura inculcar no povo norte-americano o espírito fascista de ódio racista e de chauvinismo nacional. E, é preciso admitir-se ,que essa ofensiva ideológica reacionária fez algum progresso, conseguiu influenciai não só certos dirigentes trabalhistas, como também alguns setores da massa trabalhadora.
Em vista disto, temos pela frente uma tarefa essencial — ou melhor, duas fases da mesma tarefa — em nosso trabalho ideológico: desmascarar e combater o imperialismo de Wall Street no campo ideológico, e enriquecei e ampliar nosso trabalho de propaganda entre os membros do Partido e as esferas trabalhistas e progressistas sobre as quais exercemos nossa influência.
Alguns breves comentários sobre esses dois aspectos. Na situação atual a luta contra o imperialismo norte-americano na frente ideológica inclui necessariamente uma luta importantíssima para desmascarar e combater as pretensões, os conceitos e as teorias hipócritas de que a campanha de Wall Street pela dominação do mundo é motivada por considerações "morais", pelos interesses da "segurança nacional" e da "paz mundial"; de que os Estados Unidos estão intervindo na Grécia, na Turquia e na China e noutros lugares para defender o "Cristianismo" e a "civilização ocidental", do "imperialismo soviético", do "totalitarismo"; e de que os Estados Unidos, passando por cima das Nações Unidas, com seu Plano Marshall, suas bases navais-militares por todo o globo, e seu armazenamento de bombas atômicas, estão simplesmente expressando "a liderança mundial" que nos foi designada de cima por causa da "lealdade" da América à democracia e às Quatro Liberdades, e por causa da "superioridade" do "modo de vida norte-americano" e, da "livre iniciativa".
É claro que nosso Partido e todos os demais antifascistas devem iniciar uma grande contra-ofensiva ideológica contra essa provocação guerreira e essas teorias, idéias e propagandas pró-fascistas. Devemos desmascarar de maneira radical essa ideologia dos senhores anti-americanos dos trustes e demonstrar que é uma ideologia tomada de empréstimo dos nazi-fascistas, por aqueles que querem seguir os passos de Hitler.
Devemos colocar no centro dessa luta ideológica o desmascaramento da todo o sistema de discriminação e de opressão nacionais que prevalece nos Estados Unidos — todo o sistema de dominação imperialista que escraviza a população negra e que coloca os que nasceram no estrangeiro e os grupos de minorias nacionais, na categoria de cidadãos de segunda classe; o sistema que promove sua própria teoria da "raça superior", a ideologia e a prática da "supremacia dos brancos", do Jim-Crowismo (preconceito racial contra os negros) e do anti-semitismo.
A este respeito, como em relação a outras questões básicas, devemos mostrar o contraste desse estado de coisas com a situação existente na URSS e nas novas democracias populares, em seu papel nacional -libertador; devemos demonstrar a superioridade do sistema social da grande democracia socialista a das noves repúblicas populares.
Finalmente, para não mencionar senão um, de uma série de pontos fundamentais, é essencial esclarecer que não são os monopolistas, e sim o campo popular, democrático e antiimperialista, liderado pela classe operária, os verdadeiros campeões da democracia e do progresso.
Precisamos mostrar como os monopólios de Wall Street traíram e violaram os interesses nacionais e as tradições democráticas do povo norte-americano. Precisamos ainda explicar como os lobos da economia se opuseram a todas as reformas e medidas democrático-burguesas propostas por Roosevelt e o campo do New Deal e contra elas lutaram, e como alteraram o programa para uma paz duradoura no após guerra, subscrita por Roosevelt em Ialta.
Precisamos, igualmente, salientar que se o povo norte-americano quer realizar os objetivos e as tradições progressistas e revolucionárias de nosso país, se quer avançar na estrada da democracia e do progresso e conquistai uma paz estável, é necessário que as massas populares defendam esses ideais. É necessário que o povo defenda ativamente as feições progressistas das liberdades democráticas norte-americanas, que combata as intromissões da reação monopolista, que defenda a Carta dos Direitos do Homem e a Constituição .e que amplie as garantias democráticas.
Além disso, a realização desses objetivos e dessas tradições democráticas, requer atualmente, não só a mais ativa defesa de todas as liberdades e instituições democráticas contra seus inimigos reacionários e fascistas, como o maior desenvolvimento e a maior ampliação da democracia norte-americana . Requer uma luta popular por um novo tipo de democracia, por uma democracia popular, anti-monopolista e antiimperialista que salvaguarde resolutamente a paz e a liberdade e que, abra o caminho para um novo avanço, democrático e um novo progresso social.
Quanto ao segundo aspecto principal de nossas tarefas ideológicas: a luta geral pela teoria e pelos princípios marxistas. A este respeito gostaria de limitar minhas referências a três questões principais:
a) Precisamos promover uma nova compreensão marxista do papel de nosso Partido como vanguarda da classe operária norte-americana. Isto é de importância decisiva para construir e fortalecer nosso Partido Comunista e assim permitir que a classe operária exerça seu papel dirigente na luta popular contra os monopólios, a guerra e o fascismo, e que por fim realize seu objetivo socialista.
Para esse fim devemos combater todas as tendências que reduzem o papel de vanguarda do Partido exclusivamente à realização da atividade independente organizada pelo Partido, em seu próprio nome, separadamente e isolado de outros grupos trabalhistas e progressistas. Da mesma forma, devemos acabar com os conceitos liquidacionistas, perigosos, como o de que nós, marxistas norte-americanos, só podemos exercer, nosso papel de vanguarda de um "pequeno" partido, como um partido escolhido de quadros que ocupem postos "estratégicos" em várias organizações de massa.
Aqui é oportuno recordar o ponto de vista expresso pelo camarada Stalin há cerca de vinte e quatro anos atrás:
"O Partido precisa estar à frente da classe operária; precisa enxergar mais longe do que a classe operária; precisa dirigir o proletariado, e não seguir a reboque de movimentos espontâneos. . .
Só um partido que adote o ponto de vista da vanguarda do proletariado e que seja capaz de elevar as massas ao nível dos interesses ] de classe do proletariado — só um partido dessa natureza, poderá
afastar a classe operária do caminho do sindicalismo c convertê-lo numa força política independente. . .
Mas o Partido não pode ser apenas um destacamento dê vanguarda. Precisa ser ao mesmo tempo um destacamento da classe, uma parte da classe, ligado a ela pelas fibras de seu ser..."(2)
b) Em segundo lugar, como já o dissemos, para permitir que nosso Partido realize suas várias obrigações, devemos intensificar e ampliar a luta político-ideológica contra a política perniciosa dos dirigentes trabalhistas social-reformistas, contra as atividades reacionárias dos Social-Democratas, dos dirigentes da A.C.T.U. (Associação dos Sindicatos Católicos), bem como contra os provocadores trotskistas. Precisamos desmascarar impiedosamente os servidores do imperialismo.
Precisamos relembrar aos trabalhadores o papel traiçoeiro da Social-Democracia e dos dirigentes trabalhistas reacionários auxiliando a ascensão do fascismo ao poder no período anterior à guerra, bem como seu papel sinistro hoje em dia, como agentes do Plano Marshall e lacaios do novo Eixo-anglo-saxônico. Precisamos demonstrar como os Green e Woll, os Dubinsky e os Reuther — bem como os Murray e os Potofsky que os apóiam — revolvem céus e terra para subordinar os trabalhadores à política de guerra bi-partidária e ao sistema partidário dos monopólios.
Mas quando o fizermos, precisamos explicar, teórica e praticamente, as raízes ideológico-burguesas do reformismo e da Social-Democracia. Precisamos demonstrar como essa ideologia e esses agrupamentos procuram impedir os trabalhadores de emergirem como uma força política independente. Sem uma luta incessante contra o social-imperialismo e a colaboração do classes, será impossível elevar a consciência de classe da classe operária e permitir aos trabalhadores que exerçam seu papel dirigente na coalizão democrática, popular, atual e nas lutas mais decisivas que se avizinham.
c) Um terceiro princípio básico do marxismo pelo qual precisamos lutar com redobrado vigor e de maneira diferente, é o princípio e a prática do internacionalismo proletário. Precisamente quando o imperialismo americano agita as bandeiras do anti-comunismo, do chauvinismo nacional e do ódio racista, quando procura lançar trabalhador contra trabalhador, nação contra nação, e reviver as divergências ideológicas dentro do campo anti-imperialista, e quando seus agentes trabalhistas procuram destruir a Federação Mundial de Sindicatos — precisamente agora, nós, comunistas, devemos desenvolver a mais efetiva luta ideológica e política para dar nova substância à palavra de ordem de ação marxista: "Trabalhadores de todos os países, uni-vos"! .
Precisamos ajudar os trabalhadores norte-americanos e todos os antiimperialistas a desenvolverem um sentimento mais forte de solidariedade proletária, de cooperação internacional pela paz. Devemos ajudá-los a expressar esse sentimento ativamente no apoio às lutas antiimperialistas e democráticas dos povos da Grécia e da China, de Porto Rico, da América Latina, das Filipinas, da Itália e da França.
Porquê cultivar a solidariedade e a unidade de ação da classe operária internacional e dos povos amantes da paz, principalmente a amizade americano-soviética, é parte inseparável da luta contra a guerra, o chauvinismo e o fascismo, É de importância cardial, deter e derrotar nossos próprios provocadores de guerra e lobos da economia, e impulsionar de maneira geral a luta pela paz, pelo progresso e pela segurança.
A fim de armar a direção e as fileiras de nosso Partido para realizar uma luta vitoriosa na frente ideológica, e a fim de prestarmos nossa máxima contribuição ao movimento das amplas massas, precisamos enriquecer os conhecimentos marxistas de todo o nosso Partido.
Para este fim, devemos utilizar o Centenário do Manifesto Comunista, a fim de estimular todos os comunistas e os trabalhadores com consciência de classe a aprofundar seu estudo e seu domínio de tudo quanto um século de teoria e prática marxistas tem para oferecer ao nosso Partido, à nossa classe operária, ao nosso país e à nossa época.
Precisamos efetuar uma melhora teórica qualitativa em Political Affairs. Precisamos dar mais atenção ao treinamento básico de nossos quadros e à educação marxista-leninista de nossos novos e velhos membros. Precisamos desenvolver ainda mais, em todos os setores, projetos da importância analítica e de criação teórica como o trabalho sobre o Keynesismo, agora em preparo sob a direção pessoal do camarada Foster. E precisamos estimular sistematicamente a consciência socialista dos mais amplos setores da classe operária norte-americana, e executar de maneira geral a ampla atividade de propaganda e educação das massas, nos interesses dos objetivos fundamentais de classe dos trabalhadores norte-americanos, isto é, pela reorganização socialista da sociedade.
Se, neste ano decisivo de 1948, quisermos evitar vacilações, sectarismos e erros oportunistas todos nós devemos viver e respirar a ciência do marxismo. Precisamos adquirir um novo e mais profundo conhecimento da teoria e das lições que nos fornecem os clássicos marxistas como o Manifesto Comunista, o Imperialismo de Lenin, os Fundamentos do Leninismo de Stalin, o Informe de Dimitrov ao Sétimo Congresso Mundial, e à História do Partido Comunista (B) da URSS, bem como publicações políticas de autoridade marxista, tal como a nova publicação do Bureau de Informação dos Partidos Comunistas: Por uma Paz duradoura, por uma Democracia Popular.
Camaradas! O desenvolvimento do novo agrupamento político, a coalizão democrática, popular, em formação, e o movimento pelo terceiro partido, assinalam novas e maiores lutas para a liquidação da reação monopolista, pela salvaguarda da paz mundial e pela preservação e ampliação das conquistas democráticas do povo. Essas lutas precisam ser travadas no Congresso e fora dele, na campanha eleitoral e no movimentos grevistas e por aumentos de salários, nas fábricas e nos sindicatos, bem como nas organizações de massa e nos bairros.
Até agora a reação imperialista manobrou os sinais e dirigiu a luta. Agora a massa trabalhadora e seus aliados precisam tomar a iniciativa, manter a dianteira e empurrar para trás os monopolistas e todos os provocadores de guerra. 1948 deve ser o ano que decidirá sobre um futuro melhor, que lançará os fundamentos para uma nova situação política geral nos Estados Unidos e que impulsionará a luta por um governo popular que promova a paz, a segurança, a democracia e o progresso social.
Notas de rodapé:
(1) Depois que este Informe foi apresentado, John Williamson, secretario trabalhista do Partido Comunista e Ferdinand Smith, secretário tesoureiro da N.M.V. (Sindicato Nacional dos Marítimos) foram detidos e, como Gerhart Eisler, encarcerados, sem fiança, em Elis Isíond. (retornar ao texto)
(2) N. da Red. — J. Stalin: Fundamentos do Leninismo, pág. 133— Editorial Calvino Rio. (retornar ao texto)
Inclusão | 06/09/2007 |
Última alteração | 20/05/2014 |