República Democrática Alemã - Sociedade Socialista Avançada

Alexandre Babo


Um Hospital em Rostock


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Não é possível abarcar neste trabalho todos os sectores — mesmo os mais importantes — da sociedade socialista desenvolvida da RDA. Alguns desses aspectos justificam, só por si, estudos cuidadosos e especializados e têm para nós um grande interesse, o caso das carreiras médicas, da assistência, forma de saneamento, do desporto, do teatro, etc.

Seria também significativo o conhecimento de todo o processo de socialização da medicina. A imagem do que já relatámos quanto à colectivização, esta realizou-se de uma forma muito inteligente, sem violências, criando um condicionalismo que levou os renitentes a perceber que o melhor caminho era aquele e não outro.

Uma sala de operação no grande complexo hospitalar de Berlim — «Charité»
Uma sala de operação no grande complexo hospitalar de Berlim — «Charité»

Em Rostock, fui a um hospital, altamente especializado e do terapêutica intensiva, construído recentemente e já de acordo com as exigências de uma técnica e orgânica modernas. Qualquer semelhança entre ele e os hospitais que todos conhecemos entre nós é pura coincidência de nome. Já não falo do S. José, com doentes espalhados pelo chão, mas dos chamados melhores, como o de Santa Maria e S. João, do Porto. Ali tudo é diferente. Apesar do grande número de doentes e, correlativamente, de médicos, enfermeiros, empregados, não há barulhos, nem correrias, nem azáfamas desorganizadas, Imagem de tempo de guerra de há meio século, como entre nos. O asseio, a desinfecção, o cuidado, o ambiente propício à cura, ao repouso — a certeza de cuidados desvelados e eficientes, diminuem a depressão de um estado patológico, em voz de o agudizarem com o miserável (sórdido) ambiente dos nossos hospitais.

Quando um doente entra, todos os objectos que vai usar, desde a cama saem de um depósito esterilizado. E quando

O doente tem alta, os objectos são levados para esse depósito. Todos os meios técnicos de diagnóstico e de tratamento estão ao serviço do doente que ali é auxiliado por todas as especialidades clínicas e terapêuticas.

Os quartos dos doentes são óptimos e têm, quando a saúde lho permite, um aparelho de TV.

A enfermaria das crianças é verdadeiramente modelar. Os cuidados para evitar qualquer contágio são levados ao extremo.

Há muitos anos entrei, com um médico meu amigo, numa enformaria de crianças num hospital de Lisboa. Essa visão terrível é a do hospital do Conde de Ferreira, no Porto, são daquelas que jamais esquecerei. Não apenas a miséria, a indigência das pessoas, as crianças embrulhadas em trapos, sujas, misturando sujidade e pús, numa total falta de higiene mínima. Era a degradação do homem, entregue à miséria e à doença e o desinteresse criminoso de uma sociedade. Exigiria a falta de meios materiais, aquele infame menosprezo por parte de todos pela vida de seres humanos, de pequenos seres humanos. Suportariam os médicos, os enfermeiros, os dirigentes, que os filhos deles estivessem assim?

Bom, nesta terra de socialismo — esse que o Ocidente, a difama e considera cruel e desumano — a imagem é exactamente oposta. Tudo se processa de modo às crianças serem tratadas e defendidas sem que sintam a faita do ambiente acolhedor das suas casas, o carinho que necessitam. Os seus pequenos quartos estão estudados para isso com os brinquedos e, principalmente, o carinho, o conforto, a ternura de um mundo que os protege, que tudo faz para que, efectivamente, eles sejam a esperança, a realidade, o futuro.


Inclusão 16/02/2015