MIA > Biblioteca > Arruda >Revista Problemas nº 45 > Novidades
Fonte: Problemas Revista Mensal de Cultura Política, nº 45, Março-Abril de 1953.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo,
fevereiro 2009.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.
Camaradas.
O honroso convite do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética para assistirmos ao seu XIX Congresso, foi por nós atendido com o maior entusiasmo. A participação de uma delegação fraternal de nosso Partido no histórico XIX Congresso do Partido de Lênin e Stálin é um título de honra e um motivo de orgulho para nosso Partido. Estamos entre os Partidos que tiveram a felicidade de receber ao vivo riquíssimos ensinamentos de marxismo criador e preciosas lições extraídas da prática bolchevique, haurindo na própria fonte a experiência colossal da sábia direção stalinista. Somos profundamente gratos ao Partido irmão e ao querido camarada Stálin por mais essa elevada prova de amizade e confiança.
É a primeira vez, em seus 30 anos de vida e de luta, que nosso Partido participa de um Congresso do glorioso Partido de Lênin e Stálin. Este acontecimento excepcional marca um período novo na história do Partido Comunista do Brasil.
Camaradas.
O Partido Comunista da União Soviética chegou ao seu XIX Congresso depois de percorrer um glorioso caminho de lutas e vitórias, escrevendo com letras de ouro novas páginas em sua história, na história da Pátria do socialismo e na história da humanidade.
O XIX Congresso do Partido Comunista da União Soviética tem uma importância transcendental, é um acontecimento histórico mundial. Marca uma nova etapa no desenvolvimento da humanidade. Inspira energias novas aos trabalhadores e aos povos do mundo inteiro. Abre magníficas perspectivas para novo e titânico impulso na luta pela paz mundial e pela libertação dos povos. É um golpe demolidor nos intentos dos agressores imperialistas. O curso da história dos povos e dos Partidos Comunistas e Operários processar-se-á daqui por diante sob o signo das idéias, das perspectivas e das tarefas do XIX Congresso.
O XIX Congresso compreendia 1.192 delegados com voz deliberativa e 167 com voz consultiva, representando 6.013.259 membros do Partido e 868.886 candidatos a membros do Partido. Entre os 1.192 delegados com voz deliberativa, 709 tinham instrução superior, 65 tinham grau científico e havia 58 laureados com o prêmio Stálin, 66 delegados tinham o elevado título de Herói do Trabalho Socialista; 62 delegados eram portadores do glorioso título de Herói da União Soviética. Os milhões de membros do Partido escolheram democraticamente, por voto secreto, para os representarem no Congresso aqueles que melhor encarnam a fidelidade ao Partido, a abnegação na luta em defesa da independência da pátria socialista, o ardor na realização do grande programa stalinista de edificação do comunismo na União Soviética, a compreensão mais elevada das idéias do internacionalismo proletário. E através desses homens magníficos e de tempera stalinista, através de suas expressões, atitudes e palavras, o Congresso nos deu um grandioso exemplo de simplicidade e modéstia, de rigor científico e lógica na argumentação, de firmeza e serenidade na conduta. Nem uma palavra de mais ou de menos, nada de fraseado vazio nem de promessas irrealizáveis, nenhum alarde ou ato para efeito externo, nada de ostentações nem de auto-suficiência, mas somente exemplos vivos de sobriedade e humanismo, de fé ardente no povo, amor ao Partido, convicção profunda nas idéias do marxismo-leninismo, intransigência para com os inimigos dos trabalhadores, desprezo para com os pretensiosos e os que não dizem a verdade nem são honrados, elevado espírito crítico e autocrítico, perfeita combinação entre a clareza nos objetivos e o sentido concreto e operativo de direção, disposição de marchar firme e audaz para o objetivo traçado, afastando do caminho todos os obstáculos que aí se interpuserem. A maneira pela qual os camaradas soviéticos examinam as atividades do Partido, a força de persuasão com que abordam os problemas, a extrema concisão e a clareza com que apresentam suas idéias e debatem as mais complexas questões, sempre de um ponto de vista crítico, o modo concreto de assegurar ao Partido o cumprimento das tarefas, todo esse estilo stalinista de trabalho do XIX Congresso é para nós extraordinariamente educativo.
O XIX Congresso contou com a participação de 45 delegações de Partidos Comunistas e Operários dos cinco continentes. Cada delegação fraternal, inclusive a delegação de nosso Partido, foi honrada com a elevada distinção de poder transmitir da alta tribuna do histórico XIX Congresso sua mensagem de solidariedade e amizade. Foi uma comovente expressão dos laços de amizade que unem os trabalhadores do mundo inteiro aos trabalhadores soviéticos; foi uma convincente demonstração da força invencível do campo da paz e da democracia e da coesão indestrutível do movimento comunista mundial; foi um símbolo vivo do amor e do devotamento dos povos ao guia e amigo de toda a humanidade progressista, o grande Stálin. O camarada Stálin foi quem pessoalmente agradeceu a saudações, as felicitações e os testemunhos de confiança e amizade dos Partidos irmãos, ao Partido Comunista da União Soviética.
O Congresso foi sacudido então por uma onda de vibrante entusiasmo, por um sentimento de emoção nunca visto e indescritível. As ovações jamais queriam ter fim; só eram interrompidas pelo ardente desejo de todos de ouvir atentamente a voz de Stálin, de captar integralmente cada palavra de Stálin. Como transmitir as manifestações de entusiasmo, de carinho, de amor e de reconhecimento ao grande Stálin, partidas do mais íntimo do ser de cada lutador revolucionário? O jornal "Pravda" disse que na língua russa, na língua em que escreveram Pushkin e Gorki, era difícil encontrar palavras para expressar o que se passou dentro dos vetustos muros do Kremlin, quando falava Stálin, calmamente, sem pressa e com ar paternal, evocando o apoio mútuo dos Partidos irmãos e do Partido Comunista da União Soviética, proclamando que "existem todas as razões para confiar nos êxitos e na vitória dos Partidos irmãos nos países onde domina o capital", apontando um genial programa de luta e sábias tarefas para os Partidos Comunistas e Operários e para toda a humanidade progressista na atual etapa histórica.
O que sobressaía, com particular vigor, no XIX Congresso era a figura gigantesca de Stálin, era o gênio de Stálin abrindo novas perspectivas para o trabalho, para a luta e para a vitória. A modéstia e a simplicidade de Stálin impregnavam todo o ambiente do Congresso. Seus gestos pausados, suas atitudes serenas e tranqüilas, a naturalidade de suas maneiras, sua energia verdadeiramente assombrosa, sua extrema jovialidade, sua solicitude para com os quadros, sua clareza de pensamento e sua extraordinária fascinação pessoal refletiam-se poderosamente sobre todos os delegados. Cada gesto, cada palavra, cada ovação dos delegados estava saturado de desvelado carinho por Stálin, mais do que isto, de amor e devotamento sem limites ao guia, educador e amigo de todos, o camarada Stálin.
Sua genial obra teórica, "Problemas Econômicos do Socialismo na URSS", a expressão mais alta do marxismo-leninismo, foi a bússola que norteou todo o trabalho fecundo do Congresso; seu histórico discurso, ponto culminante do Congresso, sintetizou sabiamente as grandes lições do XIX Congresso, é um precioso legado para o movimento comunista internacional e destina-se a marcar o início de uma nova etapa na vida e nas atividades dos Partidos Comunistas e Operários do mundo inteiro.
A figura e o gênio de Stálin projetavam-se sobre todo o Congresso. Stálin era o eixo do Congresso, Stálin era alma e a luz do Congresso.
Camaradas.
O histórico XIX Congresso ilumina com a resplandecente luz da doutrina marxista-leninista e do gênio de Stálin as tarefas e perspectivas de luta de todos os povos pela paz e contra os incendiários de guerra, pela democracia e o socialismo. Como uma estrela-guia, Stálin mostrou-nos que poderemos agrupar em torno de nós a maioria do povo, ser a força dirigente da nação e conquistar êxitos e vitórias se erguermos mais alto e levarmos para adiante a bandeira das liberdades democráticas e da independência nacional.
Este o fato novo e transcendente que dá a todos nós comunistas uma consciência mais nítida das responsabilidades que pesam sobre nossos ombros. Existem todas as possibilidades para vitórias verdadeiramente históricas em nossa luta, mas essas vitórias não serão alcançadas com milagres. Elas não caem do céu. Precisam ser conquistadas através de uma luta organizada, audaz e encarniçada.
Isto põe numa altura nova, extraordinária, a questão do papel e da importância do Partido. Sem Partido as mais sábias indicações serão reduzidas a nada, a nada vezes nada. O Partido é o fator decisivo; sem o Partido tudo será quimérico. O Partido é a mais poderosa arma nas mãos do proletariado.
O camarada Prestes diz:
"O Partido é tudo; dele, de sua justa linha política, de seu trabalho de organização para realizar tal política, de sua capacidade em manter-se sempre à frente do povo, como defensor inabalável de seus interesses, depende, antes e acima de tudo, o êxito de toda luta pelo progresso social, pela liquidação da exploração do homem pelo próprio homem".
Nisto devemos insistir. Nenhuma palavra pode exprimir tudo o que o Partido significa. A vida também exige cada vez mais de nosso Partido.
O XIX Congresso nos ensina, antes e acima de tudo, a examinar com maior responsabilidade e mais profundo espírito crítico e auto-crítico os problemas de nosso Partido, a lutar mais firmemente pela consolidação de nosso Partido como partido marxista-leninista, à imagem e semelhança do Partido de Lênin e Stálin. A rica experiência do Partido Comunista da União Soviética mostra-nos que só um partido assim é capaz de conquistar vitórias.
Embora cumprindo em princípio as funções de vanguarda da classe operária, nosso Partido não está ainda à altura de suas históricas tarefas, necessita ser consolidado orgânica e ideologicamente como um verdadeiro partido marxista-leninista, necessita caminhar rapidamente no sentido de adquirir os traços marcantes do Partido de Lênin e Stálin. Muito pouca, muito pequena mesmo, é a atenção dada pelo Comitê Nacional, como por todas as direções e organizações do Partido, a este problema fundamental e decisivo.
Não cuidamos com a persistência e o carinho indispensáveis do fortalecimento orgânico do Partido, do aumento crescente dos seus efetivos e da formação e consolidação das bases do Partido nas empresas fundamentais e nas grandes concentrações operárias e camponesas. Não mostramos na prática que colocamos como tarefa mais importante, diária e permanente, a luta pela elevação do nível político de nossos militantes e pela capacitação teórica de nossos dirigentes. Não levantamos ainda em todo o Partido um combate decidido contra o liberalismo e a despreocupação para com as deformações de caráter ideológico em nossas fileiras, especialmente contra as concepções tendentes a diminuir a importância do Partido e sua função de dirigente político de vanguarda do movimento operário brasileiro e da luta pela emancipação nacional e social de nosso povo. Persiste, portanto, nossa subestimação do papel histórico do Partido, fato grave que precisa ser eliminado totalmente e com toda urgência.
Lembremo-nos, camaradas, da sábia advertência de Stálin quando diz que
"há momentos em que a situação é revolucionária, o poder da burguesia treme até os alicerces e, no entanto, o triunfo da revolução não chega, porque não existe um partido revolucionário do proletariado suficientemente forte e prestigioso para arrastar atrás de si as massas e tomar o poder em suas mãos".
Temos sentido em nossa própria carne o que significa a falta de um tal partido. É bastante rica nossa própria experiência. Foi por falta de um forte Partido que não soubemos aproveitar a crise política de 1930 a favor das massas, deixando-as sob a influência de demagogos burgueses e mesmo de latifundiários como Vargas; foi fundamentalmente por falta de um Partido experimentado que fomos derrotados na insurreição nacional-libertadora de novembro de 1935; foi por falta de um Partido ideologicamente consolidado que não soubemos aproveitar suficientemente o ascenso democrático de 1945, permitindo que generais fascistas e politiqueiros reacionários, a serviço do imperialismo americano, dessem impunemente o golpe reacionário de 29 de Outubro; tem sido por falta de um Partido à altura de suas tarefas históricas que até agora a classe operária não se encontra politicamente unificada, não despertamos para a luta as grandes massas camponesas, não foram criadas amplas e poderosas organizações de frente única, nem surgiram lutas mais altas e decisivas pela independência nacional e pelo poder democrático popular. É evidente, portanto, que sem um Partido inteiramente consolidado do ponto de vista orgânico, político e ideológico, pouco poderemos fazer agora e no futuro. Continuaremos claudicando, sem poder dar passos firmes e audazes para a frente, apesar das imensas e crescentes possibilidades. Nosso Partido precisa ser, dentro do menor prazo, esse "partido revolucionário do proletariado", suficientemente poderoso e suficientemente ligado à massas organizadas, de que fala Stálin.
Duas questões se colocam perante o Partido com força particular no atual momento: fazer crescer sistematicamente o Partido e elevar sistematicamente o nível político e ideológico do Partido.
Camaradas.
Sem dúvida nosso Partido, nos últimos tempos, vem crescendo. Temos aumentado o número de nossos efetivos, têm surgido novas organizações do Partido. Entretanto o crescimento do Partido não é uniforme. Houve um crescimento do Partido relativamente importante nas empresas de mais de 500 operários nos centros industriais de São Paulo, não acontecendo o mesmo no Distrito Federal, Estado do Rio, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e na Zona Marítima. Mesmo em São Paulo, se houve um promissor crescimento do Partido nas empresas, fraquíssimo foi seu crescimento no campo, especialmente entre os assalariados agrícolas. Em muitos lugares do país onde devia existir o Partido, em grandes empresas e grandes concentrações operárias e camponesas, não temos ainda Partido suficientemente organizado. Em outros lugares o Partido é pequeno ou está fraquíssimo, com os organismos funcionando e atuando com irregularidade. Existem ainda lugares onde parou por completo o crescimento do Partido, onde diminuem os efetivos do Partido. Num grande número de empresas nem mesmo deitamos raízes. Devemos ver, portanto, as coisas com clareza: o Partido cresce, mas não cresce na medida em que pode e deve crescer. O ritmo de seu crescimento é muito aquém de nossas necessidades. O partido precisa ser grande mas atualmente é pequeno, é ainda pequeno para atender a todas as suas tarefas nos múltiplos terrenos de suas atividades. Por que isto acontece? Quais as causas que determinam esses fatores negativos e prejudiciais?
Antes de mais nada é porque o crescimento do Partido não está no centro de nossas preocupações. A direção nacional não tem dado atenção suficiente ao crescimento do Partido. Temos ficado mais nas indicações gerais, pouco ensinamos ao Partido como planificar o trabalho de recrutamento, não exercemos um controle rigoroso e sistemático sobre a realização dos dois planos nacionais de recrutamento em homenagem ao 30.° aniversário de nosso Partido.
A verdade é que não temos na ordem do dia o crescimento do Partido. Muitos plenos de Comitês do Partido se realizam, discute-se sobre tudo, mas pouco se diz sobre o recrutamento de novos membros, sobre a construção de novas células de empresa e sobre as medidas para a consolidação política dos organismos existentes. Quase nenhuma discussão política se realiza sobre a importância decisiva do crescimento do Partido, não há a necessária sistematização das experiências nem indicações de tarefas concretas. Foi isto que se deu nos últimos plenos de Comitês Estaduais tão importantes como Pernambuco, Bahia e Ceará. Foi o que aconteceu em grande parte com o último pleno do próprio Comitê Nacional.
A coisa é clara: ainda não tomamos decididamente em nossas mãos o trabalho de crescimento do Partido; não tomamos ainda o crescimento do Partido como uma tarefa política de primeira grandeza, como uma tarefa fundamental e decisiva.
Isto revela fundamentalmente o predomínio entre nós, do Comitê Nacional até às células, de uma séria tendência espontaneísta.
Há uma lei: os Partidos Comunistas crescem mais rapidamente nos períodos de lutas, o crescimento dos Partidos Comunistas é mais lento nos períodos de descenso das lutas. Em nosso país há lutas, há diariamente lutas, as massas estão em constante movimento, o descontentamento se generaliza na maioria da população trabalhadora, as massas procuram a orientação do Partido, as massas admiram e prestigiam nosso Partido, o camarada Prestes é cada vez mais querido entre as massas, é mesmo venerado pelo povo. Por que então nosso Partido cresce num ritmo ainda insatisfatório? É que o caráter espontâneo de muitas lutas e as fortes tendências espontaneístas no Partido determinam que o Partido não cresça como pode e como é necessário. Exemplos disto existem à mão cheia. Nas minas de carvão de Cresciuma, em Santa Catarina, com mais de 8.000 mineiros, tem havido sérias lutas, há pelo menos 100 mineiros que querem ingressar no Partido, mas não se toma nenhuma medida concreta e eficaz para recrutá-los para o Partido. Apesar da combatividade dos 31 mil operários têxteis do Distrito Federal em sua última greve de 51 dias, apesar do carinho e do apoio das massas aos comunistas, só foram recrutados 150 novos membros para o Partido, o que revela a pouca compreensão do Comitê Metropolitano sobre a importância política de enraizar o Partido nos núcleos fundamentais da classe operária, numa cidade de grande importância como o Rio, recrutando os operários mais combativos e construindo novas células de empresa. Todos sabemos a enorme repercussão que tiveram as grandes lutas populares que durante cerca de um mês comoveram as mais importantes cidades do Rio Grande do Sul nos meados de 52; todos sabemos como as massas procuravam e seguiam a orientação do Partido. Não foram poucos os trabalhadores, não foi uma nem duas dezenas, foram milhares que proclamaram publicamente que o Partido de Prestes era o seu Partido. Doze mineiros de São Jerônimo foram presos e submetidos a processos. Entre eles só havia dois comunistas. Os outros dez eram, em sua maioria, operários sem filiação partidária, sendo que um ou outro era getulista. Pois bem, ao serem interrogados pelo juiz, para surpresa dos próprios comunistas das minas de São Jerônimo e dos dirigentes do Comitê Estadual do Rio Grande do Sul, daqueles dez mineiros sem-partido, ameaçados de serem condenados a vários anos de prisão, somente dois declararam que não eram comunistas: todos os outros, destemidamente, fizeram profissão de fé comunista. Como capitalizamos no Rio Grande do Sul toda essa simpatia pelo Partido, toda essa vontade e disposição de milhares de combatentes operários de se tornarem comunistas? Que fizemos para criar novas células, para penetrar em novas fábricas, para reforçar o Partido? Muito pouco, quase nada. A agitação absorveu totalmente os camaradas, que assim pouco se preocuparam em abrir as portas do Partido para milhares de ativos e dedicados lutadores.
O espontaneismo se revela na falta de perseverança e paciência no trabalho para fazer crescer o Partido, na falta de um trabalho diário e permanente sistematicamente organizado e sistematicamente controlado, na falta de continuidade na tarefa. Se não se colhem os frutos num abrir e fechar de olhos, se se encontra uma pequena dificuldade, surgem mil e um pretextos e simplesmente desiste-se da tarefa.
São poucos ainda os planos de recrutamento. Resiste-se mesmo à planificação do recrutamento, não se compreende suficientemente a importância política da tarefa, quase sempre reage-se diante das primeiras medidas de controle. Muitas vezes, os planos existem, mas são planos gerais e sem vida, sem tarefas claramente definidas, sem prazo fixo para a execução das tarefas, sem responsáveis individuais pela execução de cada tarefa, sem esclarecimento político sobre sua importância, sem controle sistemático. Entra mês e sai mês e não transformamos as ligações que temos nas empresas em células de empresas; entra mês e sai mês e os planos de construção de novas células ficam, em boa parte, no papel; entra mês e sai mês e não aproveitamos as imensas possibilidades que existem para em cada fábrica haver uma célula do Partido.
Arranquemos, pois, de nossas cabeças a falsa idéia de que o Partido pode crescer espontaneamente, sem nos preocuparmos com isto.
Pensemos uma e mil vezes que no crescimento planificado e controlado do Partido, na existência do Partido suficientemente organizado, suficientemente arraigado nas empresas e suficientemente ligado às massas nas grandes concentrações operárias e camponesas, é que está, em grande medida, o centro do papel dirigente do Partido. Pensemos seriamente no que Stálin mostrou como uma das principais características da situação contemporânea:
"O crescimento da influência dos comunistas não pode ser considerado como obra casual, mas sim como um fenômeno inteiramente legítimo".
O crescimento e fortalecimento dos Partidos Comunistas, o aumento continuado de sua influência entre as massas é hoje uma lei do desenvolvimento histórico.
Podemos ter um grande Partido, um partido solidamente arraigado nas empresas e nas grandes concentrações operárias e camponesas. Existem todas as condições para fazer crescer o Partido num ritmo incomparavelmente mais rápido.
Camaradas.
Precisamos crescer, precisamos de um poderoso Partido. Entretanto, devemos recordar, o Partido é forte não somente pelo número de seus membros, mas sobretudo pela sua qualidade.
A força de um Partido mede-se pelo grau de consciência política e ideológica de seus dirigentes e militantes. Neste terreno nosso atraso é imenso! Não vencemos ainda nossas tendências de subestimação do trabalho ideológico. O desconhecimento da teoria conduz inevitavelmente ao espontaneismo e o espontaneismo é a base lógica do oportunismo, é o clima propício para a proliferação de concepções estranhas à ideologia do proletariado. O camarada Malênkov disse no XIX Congresso:
"Devemos recordar a todo momento que qualquer atenuação da influência da ideologia socialista pressupõe o fortalecimento da influência da ideologia burguesa".
Temos que desenvolver tenaz luta organizada para criar no Partido, de cima a baixo, uma compreensão clara e profunda sobre o papel e a significação da teoria para o Partido.
Avançamos, sem dúvida, no trabalho de educação política e ideológica. Mas o que fizemos até agora, se é muito para o que tínhamos antes de fevereiro de 1951, é uma gota de água para o que nosso Partido necessita. É uma grande lição para nós a maneira como foi abordado o trabalho ideológico no XIX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, partido que é a expressão mais alta do nível ideológico entre todos os Partidos Comunistas do mundo e modelo de marxismo criador. Apesar do imenso trabalho de difusão e estudo das idéias do marxismo-leninismo, apesar do fecundo trabalho de enriquecimento constante do marxismo-leninismo, o camarada Malênkov disse:
"Em muitas organizações do Partido subestima-se o trabalho ideológico, em conseqüência do que este trabalho se atrasa em relação às tarefas do Partido e, em algumas organizações, se encontra em estado de abandono".
Necessitamos, pois, examinar nosso trabalho ideológico com muita modéstia e muito espírito crítico. A verdade é que estamos num tremendo atraso no trabalho ideológico. São sérias nossas deficiências e pouca a atenção que lhe damos. Organizamos mal e controlamos mal o trabalho ideológico em nosso Partido.
Ainda não dispomos efetivamente de um trabalho de educação organizado de maneira satisfatória. Podem ser contadas pelos dedos as Escolas do Partido com vida regular. Os cursos são em número muito limitado. São escassos os professores e poucos têm o necessário nível ideológico e experiência pedagógica. A seleção dos alunos tem sido bastante defeituosa. Muitos cursos são grandemente prejudicados pelo enorme desnível entre os alunos. Ensinamos quase exclusivamente os elementos da linha política, os métodos de trabalho do Partido com as massas, o funcionamento e a estrutura orgânica do Partido. São reduzidíssimas as explicações que fazemos dos princípios fundamentais do marxismo-leninismo. Poucos são os círculos de estudo em funcionamento permanente. Não conseguimos organizar verdadeiramente o estudo individual, e o controle do que se estuda individualmente no Partido é inexistente. Cada quadro estuda como quer, o que quer e quando quer.
Muito pequena é a propaganda das idéias do marxismo-leninismo e não podemos dizer que esta propaganda seja suficientemente organizada e permanente. Embora realizemos conferências e sabatinas, elas não são feitas sistematicamente, nem à base de uma criteriosa planificação nacional. Editamos alguns trabalhos dos clássicos do marxismo-leninismo, estamos publicando as OBRAS DE STÁLIN, mas não editamos suficientemente nem fazemos a popularização desse imenso tesouro em intima ligação com os problemas de nosso Partido, da classe operária e do povo brasileiro. Uma séria debilidade nossa está em que ainda não encontramos uma forma simples para dar um mínimo necessário de conhecimentos da teoria marxista-leninista de modo que seja accessível ao nível médio dos militantes de nosso Partido.
Isto tudo significa que ainda não fomos capazes de concentrar a atenção de todas as organizações do Partido nesta tarefa de fortalecimento sucessivo, de que fala Malênkov, isto é, na elevação do nível político e da tempera marxista dos membros do Partido, fazendo dos militantes combatentes firmes pela aplicação da política e das resoluções do Partido, homens intransigentes para com os defeitos no trabalho e capazes de lutar tenazmente pela eliminação dos defeitos. Aqui está a base da questão dos quadros: só há verdadeiramente quadros quando política e teoricamente preparados. Nosso Partido tem homens abnegados, trabalhadores incansáveis, magníficos camaradas, mas são quadros que se caracterizam mais por suas atividades práticas, não estão preparados política e teoricamente, não estão armados da bússola do marxismo-leninismo.
Poucos são os dirigentes que fazem um esforço sério para elevar seu nível ideológico. Esta, entretanto, é tarefa precípua de cada um de nós dirigentes do Partido. O resultado desta subestimação do trabalho ideológico por nossa parte é que o trabalho ideológico vem desenvolvendo-se mais ou menos espontaneamente ou é tomado ainda como uma tarefa simples e corriqueira, ou por vezes como a última das tarefas do Partido. O camada Malênkov disse:
"A subestimação do trabalho ideológico é, num alto grau, o resultado de que uma parte de nossos quadros dirigentes não se preocupa em elevar sua consciência política, não aumenta seus conhecimentos no terreno do marxismo-leninismo, não se enriquece com a experiência histórica do Partido. E sem isto é impossível ser um dirigente amadurecido e completo".
São efetivamente pequenos nossos conhecimentos teóricos e poucos são os que procuram enriquecer-se com a experiência histórica de nosso Partido. O nível teórico em que nos encontramos é ainda insuficiente para atender plenamente às necessidades crescentes de nosso Partido e do movimento revolucionário brasileiro.
Um Partido como o nosso, que luta pelo poder, tem que cuidar da educação intensiva de seus militantes, preparar teoricamente seus quadros dirigentes, elevar a tempera ideológica de todos os comunistas, melhorar o grau de sua preparação para o trabalho prático, para tornar assim todo o Partido consciente de suas tarefas históricas, para ter em todas as circunstâncias o Partido com perspectivas claras, capaz de levantar as massas, preparado enfim para conseguir e consolidar vitórias.
Terminemos, pois, com toda a subestimação do trabalho ideológico. A ideologia não penetra no Partido nem em nossas cabeças espontaneamente, sem luta tenaz e persistente. É necessário um trabalho rigorosamente organizado e controlado. Sem teoria somos como jovens jangadeiros inexperientes que navegam sem saber aonde os levam as ondas e os ventos, que não vêem que uma vaga mais forte pode arrojá-los sobre recifes. Bons dirigentes só podem ser aqueles que não se atrasam no plano ideológico e político e trabalham constantemente para elevar seu próprio nível teórico; bons dirigentes são os que procuram assimilar de maneira criadora o marxismo-leninismo, aplicar corretamente seus conhecimentos na realização das tarefas do Partido e desenvolver em si mesmos as qualidades de militante de tipo leninista-stalinista.
Camaradas.
Toda essa profunda subestimação pelo papel de vanguarda do Partido são restos de ideologia pequeno-burguesa ainda não totalmente extirpados de nossas fileiras. Subestima-se o recrutamento de novos membros para o Partido, na ilusão de que o Partido possa crescer espontaneamente ou de que o Partido possa bastar-se a si mesmo; subestima-se a importância da ideologia imaginando-se que nosso Partido possa desempenhar sua missão de vanguarda sem estar armado do marxismo-leninismo; subestima-se a organização celular e faz-se repousar o trabalho do Partido mais nas direções e em grupos de ativistas.
O papel de vanguarda do Partido vem sendo prejudicado, as possibilidades de seu crescimento não se vêm transformando em realidade, pela existência de uma tendência de que o Partido pode bastar-se a si mesmo. Diz-se; "O Partido deve ser de poucos e bons". Ou senão: "Que adiantou o Partido crescer tanto em 45?" Como se o Partido que temos atendesse nossas tarefas em todos os terrenos e como se o erro em 45 fosse o Partido ter alcançado mais de 200 mil membros. Necessitamos de um Partido não de 200 mil, mas de um grande Partido de 500 mil, de um milhão ou mais de membros.
O erro em 45 foi outro: foi não termos feito cuidadosa seleção individual no recrutamento, foi não termos estruturado suficientemente todos os que ingressaram no Partido com o desejo de se tornarem comunistas, foi não lhes termos dado consciência política e ideológica. Não faltam também os que procuram encobrir seu sectarismo com o manto da vigilância, caricaturando assim a vigilância. Uma célula de grande empresa da capital de São Paulo comunicou ao Comitê Distrital: "Temos condições para recrutar 100 novos membros". O Comitê Distrital respondeu solenemente: "Tenham cuidado! Vocês estão com aventuras!" Resultado: a célula só recrutou 7 novos membros, assim mesmo com a resistência do Comitê Distrital.
Ainda é insignificante nosso combate a essas e outras concepções equivocadas que circulam em nossas fileiras entravando o mais rápido crescimento do Partido. Isto mostra que nem sempre nos guiamos pelo ensinamento de Stálin de que o Partido deve adquirir novas forças, rejuvenescendo-se sempre, no contacto com as massas.
Não é verdade também que ainda existe entre nós uma tendência bastante arraigada de se dar pouca atenção às células do Partido, especialmente às células de empresa? Sabemos todos que o fundamento do Partido são suas organizações de base, mas quase não transformamos nossa compreensão em ações concretas. É insuficiente o que fazemos para fortalecer nossas células. Estudamos pouco ainda os problemas das células de empresa como problemas políticos de primeira grandeza. A ajuda que damos é mais em geral do que de acordo com a realidade que tal ou qual célula enfrenta.
Quase nada fazemos para incorporar cada comunista ao trabalho
celular ativo e permanente, uma vez que não pode haver comunista
fora de sua célula e sem tarefa para executar. A formação dos secretários das células de empresa não se processa com a rapidez necessária, embora saibamos que quanto mais os secretários dominam
os problemas tanto mais iniciativa desenvolvem e tanto maiores
são os êxitos no trabalho. Subestimamos também o valor das Assembléias de Células como escola de formação dos militantes do Partido,
o que nos leva a não organizá-las cuidadosamente, com ordem do dia
elaborada com antecedência, com informes preparados e não improvisados em cima da hora. Pouco se ouvem as células, pouco se consulta e se pede opinião às células. Daí a fraqueza que se constata
na maioria de nossas células; daí que a vida das células seja mais
em função das campanhas nacionais do que em função de uma atividade política diária e permanente. Raras são as células que trabalham de maneira criadora com a política do Partido numa ação organizada e consciente junto às massas. É inútil pensarmos que podemos reforçar o Partido sem reforçarmos especialmente as células de empresa, sem criarmos milhares de novas células de empresa,
sem fazermos de cada empresa uma cidadela do Partido.
Fenômeno mais ou menos idêntico acontece com os efetivos do Partido: não cuidamos de estruturar e incorporar ao trabalho celular ativo todos os que ingressam no Partido, procurando ganhar do ponto de vista ideológico todos os que vêm ao Partido com disposição de se tornar comunistas. Daí quando entram elementos no Partido, muitas vezes entram por um lado e saem pelo outro. Ou então, entram uns e saem outros. Isto não é nada bom, só causa prejuízos. A flutuação de efetivos acarreta a instabilidade de muitas organizações do Partido. É comum ouvir dizer: "Na célula X existiam 25 companheiros, mas agora só existem 15; os outros 10 não querem mais nada". Ainda não examinamos suficientemente os danos acarretados pela falta de ajuda política e ideológica aos que ingressam no Partido. Se concentrássemos mais nossa atenção na tarefa de elevar o nível e a atividade política dos comunistas, fazendo de todos os membros do Partido combatentes conhecedores de seus direitos e deveres, da política e dos objetivos do Partido, dos métodos de trabalho do Partido com as massas, por certo teríamos evitado que milhares de militantes abandonassem as fileiras do Partido.
A subestimação desse trabalho político e ideológico no Partido vem determinando a existência de uma tendência cuja expressão real é mais ou menos esta: "A atividade prática é tudo, a atividade ideológica é secundária". É um grande equívoco nosso que nos tem causado não poucos prejuízos. Sua origem está no fato de que ainda não temos uma compreensão suficientemente clara nem fomos capazes de esclarecer suficientemente nosso Partido sobre a importância decisiva da conexão mútua entre a consciência e a ação, entre a teoria marxista-leninista e a prática revolucionária. Já em 1905 Stálin dizia que o movimento operário sem a ideologia socialista é uma nau sem bússola e a ideologia socialista sem o movimento operário é uma bússola enferrujada porque sem função. "Uni as duas coisas — concluía Stálin — e tereis uma nau magnífica, que singrará diretamente para a outra margem e chegará ao porto sem avarias".
As raízes de todas essas concepções ideológicas pequeno-burguesas mergulham numa compreensão falsa da teoria marxista-leninista das classes e da luta de classes. É preciso compreender claramente que, entre toda a massa do povo trabalhador e explorado, a classe operária é a única força consequentemente revolucionária até o fim. É a classe mais revolucionária porque nada tem a perder com a revolução, a não ser suas cadeias; porque cresce de ano para ano e se desenvolve politicamente; porque se acha ligada à grande indústria e é por isso facilmente susceptível de organização, podendo assim agrupar em torno de si todas as demais forças revolucionárias. Por todas estas razões, a classe operária é a única força capaz de chefiar a luta pela libertação nacional e social do povo brasileiro. A luta dos explorados contra os exploradores, como a luta de nosso povo contra a escravidão imperialista e os traidores nacionais, só pode, portanto, coroar-se com a vitória no caso em que seja chefiada pela classe operária.
O camarada Prestes nos ensina:
"Nossa política de frente única é necessariamente uma política das grandes massas, mas só a classe operária, dirigida pelos comunistas, pode ser a força unificadora, pode iniciar e dirigir as lutas do povo pela libertação nacional do jugo imperialista e congregar em torno de si as demais classes e camadas sociais que sofrem com a opressão ianque, a começar pelas grandes massas camponesas".
O papel dirigente da classe operária não pode ser alcançado espontaneamente. Para alcançá-lo, a classe operária precisa de um estado-maior suficientemente experimentado, consciente e poderoso, de um grande Partido Comunista composto da parcela mais avançada e mais combativa do proletariado. O Partido necessita possuir uma compreensão clara do caminho que a classe operária deve percorrer em sua luta emancipadora; o Partido necessita conhecer profundamente os problemas e os objetivos da classe operária. Cada militante do Partido tem o dever de assimilar a ideologia do proletariado para tornar-se um lutador consciente da causa da classe operária, necessita estar convicto de que a classe operária — e somente a classe operária — é a "classe chamada pela história para libertar a humanidade e proporcionar felicidade ao mundo", como dizia Stálin já no início do século.
A existência do Partido Comunista permite ao proletariado conduzir de maneira organizada e consciente a luta contra os exploradores e opressores e pela vitória da revolução. O Partido é a força que pode dar uma orientação correta às massas de milhões de proletários, é a força que elabora a estratégia e a tática da luta de classe do proletariado e dirige a execução dessa estratégia e dessa tática. Graças à direção do Partido, a classe operária pode levar em conta corretamente a correlação de forças sociais, em cada momento, e obter vitórias em sua luta contra as classes inimigas; graças ao Partido, o proletariado pode conquistar aliados para sua luta e realizar uma justa política de frente única. Estão errados, portanto, os que dizem que a presença do Partido, atuando organizadamente, com sua ideologia de classe, com sua política independente, atrapalha nosso trabalho pela mais ampla unidade das forças democráticas e populares. Alguns chegam mesmo a afirmar que o Partido "sectariza". Os que assim pensam e agem são oportunistas de direita, são porta-vozes da ideologia burguesa em nossas fileiras. As massas olham esperançosas para a União Soviética e para o Partido Comunista, pois confiam cada vez mais no Partido e na causa que o Partido defende.
Como vanguarda da classe operária, o Partido é força dirigente da frente única e de forma alguma força complementar, o Partido é a única força que hoje pode erguer bem alto e levar adiante a bandeira da paz, das liberdades democráticas e da Independência nacional. Mas para isto o Partido não deve ser ocultado, não pode esconder seus princípios e sua política, nem renunciar à sua organização independente. Quanto mais o Partido for ele mesmo, intransigentemente fiel à ideologia do proletariado e capaz de manter firmemente sua posição independente de classe, tanto mais ele estará apto para dirigir o trabalho de massas. Quanto mais o Partido se apresentar como a forma superior de organização do proletariado, tanto mais efetiva há de ser sua direção política no conjunto das organizações da classe operária e de todas as forças democráticas e populares. Quanto mais elevado for o nível político, organizativo e ideológico de nosso Partido, tanto mais amplas e mais conseqüentes serão as lutas de massas.
O Partido Comunista não pode ser considerado como um partido qualquer. Ele não se confunde com nenhum outro partido ou organização. É a vanguarda marxista-leninista do proletariado. Sem a orientação da doutrina marxista-leninista, doutrina todo-poderosa porque verdadeira, nada de bom e duradouro pode ser alcançado.
"A gloriosa doutrina de Marx, Engels, Lênin e Stálin — afirma o camarada Malênkov — ilumina em nossa época, para toda a humanidade, o caminho do desenvolvimento da civilização mundial".
Assim também, para a causa da libertação de nossa pátria e da felicidade do povo brasileiro, é de importância fundamental que a ideologia do proletariado, encarnada em nosso Partido, ganhe cada dia maior força e prestígio no Brasil.
Por conseguinte, o Partido tudo deve fazer para unir em torno da classe operária, em poderosa frente única de luta pela paz, as liberdades democráticas e a independência nacional, todas as forças sadias da nação, todos os democratas e patriotas sinceros, mas, ao mesmo tempo, deve fortalecer suas fileiras, salvaguardar a pureza de sua ideologia e manter intransigentemente sua política independente. Somente quando nos distinguimos do ponto de vista ideológico, político e organizativo de todas as outras forças, é que podemos exercer plenamente nosso papel de vanguarda" consciente do proletariado, é que podemos nos aliar adequadamente com as outras forças e ajudá-las a avançar na luta comum pela independência nacional e a democracia popular.
A importância do Partido Comunista, como força dirigente de vanguarda do proletariado aliado às mais amplas massas, especialmente ao campesinato, é incomensurável. Sem a direção do Partido a vitória do proletariado contra o imperialismo e os traidores nacionais seria impossível. Basta que o Partido vacile ou se debilite para que vacile e se debilite a luta revolucionária do proletariado. Isto explica por que toda a reação e seus provocadores sempre investem raivosos contra a vanguarda organizada e consciente da classe operária, o Partido Comunista.
A revelação dessas concepções da ideologia pequeno-burguesa ainda existentes em nossas fileiras, mostra-nos que necessitamos acabar com a mania de pensar que tudo vai bem, acabar com o espírito de ostentação e suficiência pelo que já fizemos. Surge mesmo a tendência em alguns dirigentes do Partido de amainar a crítica e a autocrítica sob o pretexto de valorizar nossos êxitos no trabalho. Daí vem-se passando pouco a pouco à tendência de ressaltar apenas o que há de bom no trabalho. Isto é sumamente perigoso. Valorizar êxitos, sim, mas não transformá-los numa espécie de cortina onde se encobrem as falhas e debilidades. Ressaltar os lados bons do trabalho, sim, mas ressaltar com força os lados maus. Nada de embelezar a vida do Partido, ocultando a situação real das coisas. Nela há sempre algo que morre e deve ser eliminado e algo que nasce e deve ser cultivado. Avaliar os êxitos com sobriedade, lutar implacavelmente contra todas as mazelas que dificultam a formação do Partido e a realização vitoriosa de suas tarefas como dirigentes de vanguarda do proletariado, eis o que o Partido nos exige.
Resumamos tudo quanto foi dito. A questão central e decisiva é esta, portanto: fazer crescer sistematicamente o Partido e elevar sistematicamente o nível político e ideológico do Partido. São duas questões intimamente ligadas entre si. O camarada Stálin já dizia em 1921 que os êxitos de um Partido dependem fundamentalmente de não deixar nunca de aumentar seus efetivos e de ter sempre como preocupação primordial sua qualidade e elevar seu nível político e ideológico.
Os êxitos e a vitória de nossa luta e uma justa direção das massas pelo Partido acham-se indissolüvelmente ligados ao recrutamento de milhares de elementos combativos saídos do seio da classe operária, à organização de centenas de novas células de empresa, ao fortalecimento do Partido nas grandes concentrações operárias e camponesas, à elevação da consciência política e ideológica dos militantes e dirigentes do Partido, ao fortalecimento da tempera ideológica do Partido.
Enfrentar e resolver essas duas questões num curto prazo, aproveitando as enormes possibilidades existentes, eis a chave dos problemas de nosso Partido no atual momento histórico, eis a chave para a vitória de nossa causa, a causa sagrada da libertação da classe operária, a causa da paz, da democracia e do socialismo.
Camaradas.
Para alcançarmos tais objetivos necessitamos traçar tarefas concretas e aplicá-las com perseverança e firmeza.
Nossas tarefas no domínio do fortalecimento do Partido são fundamentalmente as seguintes:
PRIMEIRA: Recrutar milhares de novos membros para o Partido e construir centenas de novas células de empresa. Necessitamos recrutar para o Partido os melhores elementos da classe operária, os mais ativos e dedicados à causa do proletariado. Necessitamos por de pé o Partido em cada fábrica. Muitos exemplos positivos foram dados em 1952 pelas organizações do Partido em São Paulo, cujos êxitos se devem especialmente à planificação concreta do recrutamento. Estabelecendo nominalmente as empresas onde se deve recrutar, concentrando o trabalho nas empresas que, pelo número de seus operários, representam importância decisiva para o desenvolvimento das lutas do proletariado e são pontos-chave para facilitar a organização do Partido nas demais empresas, selecionando militantes combativos para penetrar nas empresas com a tarefa específica de organizar novas células ou fortalecer células já existentes, é assim que o Partido em São Paulo vem aumentando dia a dia o ritmo de seu crescimento nas empresas e nos centros industriais. Para algumas empresas fundamentais do Estado do Rio os camaradas não só designaram militantes que tinham facilidade de estabelecer contacto com os operários, como também companheiros de pequenas e médias empresas circunvizinhas, com a tarefa de recrutar elementos combativos para o Partido e estruturar células. Esta iniciativa foi coroada de êxito, sendo que em três grandes empresas os efetivos do Partido foram muitas vezes multiplicados. É justo assinalar também a medida concreta tomada pelo Comitê Estadual do Paraná destacando um camarada especialmente para organizar o Partido na empresa ferroviária, que conta com cerca de 13.000 operários, e determinando que todos os Comitês Municipais e as células da Zona se concentrassem na mesma tarefa. Recrutar com audácia, mas recrutar de maneira planificada e não ao acaso. Recrutar aos milhares, mas não recrutar a torto e a direito e sim os elementos mais combativos, dignos da condição de membro do Partido de Prestes. Em cada lugar é preciso concentrarmos nossas forças no que é fundamental e não dispersarmos nossos esforços. Isto significa que o Partido precisa crescer nas empresas, "onde as contradições de classe são particularmente claras e a luta de classe particularmente árdua", crescer nas "cidades adiantadas, nos centros industriais, onde a atenção se volta principalmente para o aprofundamento da revolução e paia o desenvolvimento da consciência de classe" (Stálin). Quanto mais ingressarem no Partido elementos combativos da classe operária, tanto mais fácil será ao Partido exercer plenamente seu papel de vanguarda.
A fisionomia de nosso Partido, como partido revolucionário da classe operária, será tanto mais nítida para as massas quanto maior for o contingente em suas fileiras de operários da grande indústria.
Nosso Partido é o partido dos autênticos proletários. Nele os operários da grande indústria devem prevalecer sempre. Isto expressa o fato de que só a classe operária é a classe consequentemente revolucionária até o fim. Mas é evidente que sem a aliança com os camponeses, o proletariado não pode ser vitorioso. Uma determinada percentagem, portanto, dos melhores filhos do campesinato trabalhador nas fileiras do Partido é para nós um ponto de apoio imprescindível no campo. Neste aspecto as coisas não marcham bem em nosso Partido, precisamos recrutar mais e mais elementos combativos nas usinas de açúcar, nas fazendas de café, algodão, cacau, etc, nas grandes concentrações camponesas. O camarada Stálin ensinava o seguinte sobre a composição social do Partido Comunista, como um partido operário:
"Uma porcentagem de 70 ou 80% de operários e de 20 a 25% de elementos não operários, eis aproximadamente qual deve ser a correlação no Partido".
Iniciamos agora uma grande campanha de recrutamento de âmbito nacional: o RECRUTAMENTO STÁLIN. Em homenagem à memória do camarada Stálin é preciso que todo o Partido desenvolva um grande esforço organizado no sentido de ganhar para as fileiras do Partido os melhores combatentes da classe operária e os melhores filhos de nosso povo trabalhador. A tarefa consiste em conquistar para o Partido os elementos mais ativos, mais honestos e mais destacados da classe operária. O Partido necessita de milhares de novos membros para cumprir sua missão histórica. As portas do Partido estão abertas para os lutadores da classe operária. O Partido Comunista, como vanguarda do proletariado, representa o que há de melhor e mais progressista na sociedade brasileira. Guiando seus passos, temos a mais bela e triunfante ciência, a teoria do movimento operário revolucionário, criada pelos maiores gênios que a humanidade produziu — Marx, Engels, Lênin e Stálin. Não há, pois, maior título, porque nada lhe é superior, do que pertencer ao Partido Comunista, ao Partido de Prestes, partido fiel à memória de Stálin e que procura aplicar no Brasil as idéias de Stálin para a libertação de nosso povo. São legião as pessoas a quem basta abordarmos para que se juntem às nossas fileiras.
Utilizando as experiências dos dois planos de recrutamento em homenagem ao 30.° aniversário do PCB, abramos com o grande RECRUTAMENTO STÁLIN o caminho para organizarmos centenas de novas células de empresa. Cada comunista deve tomar a constituição de novas células de empresa como uma tarefa de honra. Cada nova célula de empresa representa novos laços de ligação viva entre o Partido e sua classe e a multiplicação das ações de massas. Todas as organizações do Partido devem planificar e realizar a organização de novas células, tomando para isto, imediatamente, todas as medidas práticas necessárias, e controlando sistematicamente sua fiel execução. A eficiência do trabalho dos Comitês do Partido deve medir-se fundamentalmente pelo número de células de empresa que eles organizem e dirijam com eficiência. O camarada Prestes nos disse em fevereiro de 1952:
"É através da criação de novas células nas grandes empresas e por meio do recrutamento planificado, especialmente entre os setores decisivos da classe operária, que mais rapidamente melhoraremos a composição social do Partido e que aumentaremos nossa influência sobre as parcelas mais conseqüentes do proletariado".
O trabalho planificado das direções e organizações do Partido para a construção de novas células de empresa vai nos permitir um contacto vivo e direto com o que há de fundamental no país do ponto de vista da classe operária, vai elevar o papel dos núcleos proletários decisivos na atuação do Partido, vai dar impulso novo à luta de classes e, consequentemente, um avanço novo ao movimento revolucionário. Isto exige, por sua vez, uma ajuda mais efetiva às células de empresa já existentes e às células de empresas que forem sendo organizadas. O que significa concretamente: fazer com que os secretários das células de empresas fundamentais participem sempre dos plenos dos Comitês do Partido, realizar conferências de células de todo um ramo industrial para debater e encontrar solução coletiva para os problemas comuns, promover sabatinas com os secretários das células de empresa no curso das quais sejam debatidas e esclarecidas, num debate livre, todas as questões do trabalho do Partido no domínio político, ideológico, orgânico e do trabalho de massas.
Fazer das células de empresa os bastiões fundamentais do Partido, eis a tarefa.
SEGUNDA: Realizar um trabalho de educação política e ideológica organizado, realizar o estudo político e ideológico de maneira planificada e na base de rigoroso controle. Necessitamos reorganizar e fortalecer as atuais Escolas de Quadros do Partido e criar novas Escolas em número capaz de atender às crescentes exigências do Partido no sentido de elevar o nível político e ideológico de seus militantes e de forjar teoricamente seus quadros dirigentes. Necessitamos multiplicar os cursos e determinar que todos os Comitês do Partido organizem cursos de pequena duração para a rápida formação dos secretários das células de empresa. Necessitamos organizar planos de conferências, palestras e sabatinas educativas, que atendam às necessidades dos dirigentes e militantes do Partido, esclarecendo-lhes questões importantes de nossa linha e popularizando os princípios fundamentais do marxismo-leninismo.
Necessitamos organizar círculos de estudos em todos os organismos do Partido, estimulando iniciativas como a do Comitê Municipal da Capital de São Paulo que organizou ultimamente 48 círculos de estudo nas células das grandes empresas ou como a do Comitê Estadual de Goiás que vem tomando medidas práticas para as células se reunirem de 15 em 15 dias para estudo coletivo. Iniciamos imediatamente um curso para professores, tomando todas as medidas necessárias com o objetivo de que dentro de 6 meses nunca menos de 50 professores, devidamente selecionados e preparados, sejam postos à disposição das Escolas do Partido.
Levando em conta que o estudo individual é nosso método fundamental de educação ideológica, não podemos deixá-lo ao arbítrio de cada militante, como uma questão apenas de iniciativa pessoal.
Todos os militantes e dirigentes têm o dever de elaborar e cumprir seus planos de estudo individual, mas as direções devem organizar a ajuda prática e o controle do estudo individual de todos os dirigentes e militantes do Partido, traçando programas e facilitando a obtenção dos respectivos materiais. Quando um camarada se apaixona, por exemplo, pelo estudo aprofundado da "História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS", nosso dever é não só estimulá-lo como ainda orientá-lo para que siga seu estudo individual até o fim, procurando assimilar as ricas experiências dos bolcheviques com o objetivo de trabalhar mais e melhor.
Organizemos efetivamente o Seminarium do Comitê Nacional onde se possam debater problemas teóricos e políticos fundamentais, ajudando assim a elevar o nível teórico de todos nós dirigentes nacionais do Partido. Criemos imediatamente um corpo de propagandistas qualificados, por pequeno que seja no início e diretamente subordinado ao Comitê Nacional, para a difusão dos princípios do marxismo- leninismo, para a explicação aprofundada da política do Partido e dos justos métodos de trabalho do Partido com as massas, etc, através de conferências, palestras, sabatinas e cursos rápidos para dirigentes e ativistas do Partido, tendo uma especial preocupação com os secretários e ativistas das células das grandes empresas.
Tudo isto exige que o Comitê Nacional elabore imediatamente o programa educacional para 1953 para todo o Partido, determinando todas as medidas para assegurar seu pleno êxito.
A concentração de esforços para a elevação do nível político e da tempera marxista-leninista dos dirigentes e militantes do Partido, exige que utilizemos melhor nossa imprensa como valioso instrumento de propaganda combativa das idéias do marxismo-leninismo, exige que elaboremos toda uma série de folhetos de divulgação marxista ligada aos problemas de nosso Partido, de nossa classe operárias e de nosso povo, exige que ponhamos imediatamente em prática um plano mais audaz de publicação, difusão e estudo dos clássicos do marxismo, especialmente das OBRAS de Stálin e da Biografia de Stálin. O estudo e assimilação dos trabalhos do camarada Stálin têm uma imensa significação para solucionarmos com êxito as tarefas de construção do Partido, para educarmos os membros do Partido no espírito das idéias imortais do marxismo-leninismo, para nos dar maior clareza, audácia e firmeza na luta pela paz, a independência nacional, a democracia popular e o socialismo.
Elevar o nível do trabalho político e ideológico do Partido é inconcebível sem um estudo sistemático, tenaz e profundo das obras dos clássicos do marxismo, sem uma propaganda sistematicamente organizada, diária, aberta e audaz das teses e dos ensinamentos contidos nos materiais do XIX Congresso, particularmente no informe do camarada Malênkov.
A tarefa consiste em elevar a responsabilidade do Comitê Nacional, das organizações do Partido e dos comunistas, individualmente, em relação ao estudo, introduzindo em todo o Partido o controle sistemático do trabalho ideológico e o estudo sistemático dos princípios do marxismo-leninismo.
Os dirigentes de nosso Partido estão na obrigação de dar seu exemplo: é tarefa fundamental de todos nós elevar ininterruptamente nossa própria formação ideológica; é obrigação primordial, inerente à própria condição de dirigente do Partido revolucionário do proletariado, lutarmos para dominar a fundo os princípios de nossa doutrina e assimilar as ricas experiências do trabalho criador do Partido de Lênin e Stálin. Só podemos cimentar nossa atuação de dirigentes do Partido Comunista à base de um firme ponto de vista de classe do proletariado através da assimilação do marxismo-leninismo. O grande Stálin, falando certa vez a Thorez sobre o valor do marxismo-leninismo para os dirigentes comunistas, disse:
"Achastes uma nova chave para abrir as portas do futuro".
Com está nova chave, camaradas, podemos também nós, dirigentes do Partido Comunista do Brasil, abrir as portas para um futuro radiante a nossa pátria e a nosso povo.
Nosso estudo deve ter como objetivo pôr em prática aquilo que aprendemos. É para o Partido e para a vitória da revolução que estudamos. Quanto mais depressa dominarmos os princípios do marxismo-leninismo, quanto melhor aprendermos a aplicá-los na prática, tanto mais elevado será o nível do trabalho ideológico do Partido, mais eficaz a propaganda das idéias do marxismo-leninismo entre as massas, maiores serão os êxitos no trabalho do Partido em todos os terrenos. Já em junho de 1949 o órgão do Bureau de Informação, após demonstrar que as condições objetivas estavam maduras para a vitória da classe operária nos países capitalistas, coloniais e dependentes, disse:
"A vitória depende, numa parte decisiva, da formação ideológica e da firmeza dos quadros comunistas".
O marxismo é para nós o fio de Ariadne que nos orienta corretamente no labirinto da luta de classes.
Camaradas.
Essas as duas tarefas fundamentais e decisivas do Partido no atual momento para atendermos às questões básicas no terreno do fortalecimento rápido e continuado do Partido. Mas, para que tais tarefas sejam executadas com êxito e rapidez, é preciso compreendermos que o essencial no trabalho do Partido, segundo as indicações do grande Lênin, é a justa seleção dos quadros e o controle sistemático da execução das tarefas. Muitos de nossos insucessos têm como causa a não observância desses ensinamentos leninistas-stalinistas.
Não podemos continuar cuidando tão pouco de verificar se as tarefas traçadas para tal ou qual organismo ou militante são executadas como devem. É comum ouvirmos dizer entre nós: "Elaboramos o plano, as tarefas foram traçadas, mas não foram cumpridas porque não tomamos nenhuma medida concreta nem procuramos saber se elas estavam ou não sendo aplicadas". Não tivemos maiores êxitos, em 1952, no trabalho de recrutamento de novos militantes, de constituição de novas células de empresa e de educação dos quadros porque foi insatisfatório o controle exercido. Pelo mesmo fato, não vêm sendo realizados sistematicamente Plenos em muitos Comitês do Partido, o que determina a substituição da direção dos Comitês pela direção exclusiva dos Secretariados e priva os comunistas da possibilidade de manifestarem suas observações críticas, causando isto um grande mal ao Partido.
"A experiência demonstra — diz Malênkov — que até mesmo bons quadros, se estão entregues a si mesmos, sem controle nem verificação de suas atividades, começam a corromper-se e a burocratizar-se".
A resposta ao espontaneismo, ao burocratismo, à irresponsabilidade ainda existentes em nossas fileiras é o controle rigoroso e sistemático. A tarefa consiste em exigir maior responsabilidade dos dirigentes pelo seu trabalho e em estabelecer o princípio da prestação de contas periódica das tarefas por parte de todas as organizações e militantes do Partido.
Não podemos continuar a selecionar tão mal os quadros como em geral selecionamos. São bons aqueles que são de nosso círculo de amizade e não aqueles que se revelam no trabalho. Os quadros existentes são poucos para as imensas tarefas do Partido. Necessitamos selecionar melhor os quadros, selecioná-los por suas qualidades práticas e políticas; necessitamos de mais e mais quadros com consciência de classe, eficientes no trabalho, imbuídos de espírito crítico e de abnegação, combativos e modestos, realizadores e organizadores incansáveis, que façam frutificar em todos os terrenos a política do Partido. O sangue novo que necessitamos para fazer marchar mais rapidamente as coisas no Partido pode ser dado principalmente por quadros vindos da classe operária, vindos especialmente das grandes empresas industriais.
"Pouco importa — ensina-nos o grande Stálin — que os operários que tiverem ocupado os postos mais importantes não se revelem suficientemente experimentados e preparados; e mesmo que claudiquem nos primeiros tempos: a prática e os conselhos dos camaradas mais experientes ampliarão seus horizontes e, por fim, farão deles verdadeiros chefes do movimento".
É preciso ajudá-los e estimulá-los para que se armem de audácia e de confiança nas próprias forças: pouco importa se nos primeiros tempos se fizer má figura; tropeçar-se-á uma ou duas vezes, mas com isto habituar-se-á a caminhar sozinho como "Cristo sobre as águas".
O controle da execução das tarefas está ligado estreitamente à seleção e promoção dos quadros. Uma rigorosa verificação do cumprimento das decisões permite afastar os oportunistas, os desonestos e os burocratas incorrigíveis, e substituí-los por homens novos, combativos, honrados e capazes de impulsionar o trabalho do Partido.
Conjugando a justa seleção dos quadros e o controle da execução das tarefas podemos assegurar a eliminação oportuna das deficiências no funcionamento das direções e dos organismos do Partido, podemos criar uma situação tal no Partido que as diretivas e as resoluções sejam executadas no seu devido tempo e com exatidão, à maneira do Partido de Lênin e Stálin.
Camaradas.
Temos todas as possibilidades para desenvolver e consolidar as forças do Partido. Basta que não nos curvemos diante de dificuldades que possam surgir; basta que enfrentemos as tarefas do Partido em íntima ligação com as massas, com firmeza e persistência, com absoluta confiança na vitória; basta que velemos pela pureza e pela unidade das fileiras do Partido e da direção central, como pela pupila de nossos olhos. Estas as lições que Stálin procura inculcar-nos com o seu genial discurso no XIX Congresso. Este o último mandato do grande Stálin.
Vede, diz-nos cordial e confiante o camarada Stálin, como vosso trabalho é menos duro do que o foi para os comunistas russos durante o tzarismo. Tendes convosco a União Soviética, a China Popular e os países da democracia popular, com seus poderosos e intrépidos Partidos, como "brigadas de choque" do movimento revolucionário e operário mundial. Tendes contra vós um inimigo enfraquecido e falido.
"Por conseguinte, diz categoricamente o grande Stálin, existem todas as razões para confiar nos êxitos e na vitória dos Partidos irmãos nos países onde domina o capital".
Que lição de otimismo tranqüilo e de elevada confiança! Que estímulo à luta e que horizontes novos e tão largos! A luta de nosso Partido é, portanto, mais fácil e nosso trabalho também mais alegre.
Camaradas.
O XIX Congresso descortina novas e mais amplas perspectivas para nosso Partido. Em toda sua futura atividade, nosso Partido deve inspirar-se cada vez mais nos sábios ensinamentos que nos foram dados pelo XIX Congresso. Os geniais trabalhos do grande Stálin, o magistral informe do camarada Malênkov, os discursos dos camaradas Béria, Molotov, Bulganin, Krustchev, entre outros, as diretivas do 5.° Plano Qüinqüenal stalinista e os novos Estatutos do Partido Comunista da União Soviética devem ser estudados e assimilados por nosso Partido, são armas poderosas em nossas mãos para elevar a combatividade de nossos militantes e organismos e para forjar ideologicamente todo o Partido. À luz da experiência histórica do Partido de Lênin e Stálin e dos preciosos ensinamentos dos queridos camaradas do Comitê Central stalinista, fiéis e sábios discípulos do grande Stálin, podemos aprender mais facilmente a dominar a teoria e a aplicá-la de modo criador na prática, aprender a lutar pela pureza das fileiras do Partido, aprender a lutar melhor pela unidade da classe operária e das forças democráticas, pela paz e a independência nacional, pela democracia popular e o socialismo.
Como um dever de honra à memória do grande Stálin, propaguemos entre as massas a palavra de ordem do camarada Prestes de que nosso povo jamais pegará em armas contra a gloriosa União Soviética, fortaleçamos o amor de nosso Partido e do Comitê Nacional pelo Partido Comunista da União Soviética e pelo Comitê Central stalinista, a cuja frente se encontra o camarada Malênkov.
Camaradas.
Inspirando-nos no grande Lênin, proclamemos bem alto o que ele dizia do Partido Bolchevique:
"Nele temos fé; nele vemos a inteligência, a honra e a consciência de nossa época".
O Partido Comunista da União Soviética e seu Comitê Central stalinista foram, são e serão sempre para o Partido Comunista do Brasil e nosso Comitê Nacional mestres, exemplos e modelos.
Construir, fortalecer e desenvolver nosso Partido, como partido marxista-leninista-stalinista, à imagem e semelhança do Partido de Lênin e Stálin, eis nossa missão revolucionária, eis nossa mais honrosa tarefa a ser executada sob a direção do camarada Luiz Carlos Prestes, fiel discípulo do grande Stálin, chefe querido de nosso Partido, líder amado de nosso povo.
Inclusão | 02/03/2009 |